terça-feira, setembro 30, 2008

Casa do Infante


No passado sábado, 27 de Setembro, celebrou-se o Dia Mundial do Turismo. No Porto, a CMP, organizou várias visitas guiadas gratuitas mediante pré-inscrição. Foi até à Casa do Infante, na Ribeira do Porto.

A visita à Casa do Infante vale a pena e é bastante interessante. Vais descobrir que afinal a cara que pensamos todos ser do D. Henrique, pode muito bem ser a do seu irmão D. Pedro, e vais descobrir muito sobre o passado do Porto, também. Um dos momentos altos é maquete do Porto medieval, que corresponde com exactidão a todos os documentos históricos encontrados da época.

As visitas são (esta foi excepcional por ser o Dia Mundial do Turismo) às 3ªs feiras, às 15h e são gratuitas. Basta que envies um email para casadoinfante-serveducativo@cm-porto.pt a fazer a pré-inscrição.

A Casa do Infante dispõe ainda de uma biblioteca livre, disponível de 2ª a 6ª feira das 8h30 às 17h, com tudo o que há sobre o Porto.

Todos os meses é mostrado um documento histórico guardado na Casa do Infante a quem fizer uma pré-inscrição. Em Outubro será a 16, às 15h30. O documento deste mês é o arquivo de uma família do Porto: os Sás, Marqueses de Abrantes, por Paula Cunha e Madalena Peixoto. A participação é gratuita com pré-inscrição para dmarquivos@cm-porto.pt

Aproveita! Vale bem a pena!

FERVE - Fartos Destes Recibos Verdes


No seu manual para a implementação do CENSOS 2011, o Instituto Nacional de Estatística (INE) prevê que:

"Os indivíduos que recebam através dos chamados "recibos verdes" serão classificados na modalidade "Trabalhador por conta de outrem" desde que se verifiquem as seguintes condições: local de trabalho fixo dentro de uma organização, subordinação hierárquica efectiva e horário de trabalho definido. Caso estas condições não se verifiquem serão incluídos na modalidade "Trabalhador por conta própria." (página 110 do Manual).

Tendo em conta que, em Portugal, existem cerca de um milhão de trabalhadores/as a recibos verdes, a esmagadora maioria dos quais sendo 'falsos' trabalhadores independentes, o FERVE considera que a designação proposta pelo INE irá mascarar os números e claramente ludibriar a realidade.

Assim, caso discordes desta designação do INE, solicito que, por favor, envies o texto-modelo apresentado de seguida para o seguinte mail: censos2011teste@ine.pt

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No seu manual para a implementação do CENSOS 2011, o Instituto Nacional de Estatística (INE) prevê que:

"Os indivíduos que recebam através dos chamados "recibos verdes" serão classificados na modalidade "Trabalhador por conta de outrem" desde que se verifiquem as seguintes condições: local de trabalho fixo dentro de uma organização, subordinação hierárquica efectiva e horário de trabalho definido. Caso estas condições não se verifiquem serão incluídos na modalidade "Trabalhador por conta própria." (página 110 do Manual).

Tendo em conta que, em Portugal, existem cerca de um milhão de trabalhadores/as a recibos verdes, a esmagadora maioria dos quais sendo 'falsos' trabalhadores independentes, considero que a designação proposta pelo INE irá mascarar os números e claramente ludibriar a realidade.

Respeitosamente;

quinta-feira, setembro 25, 2008

E quando as coisas dão para o torto


"As políticas de privatização da segurança social ficaram desacreditadas: é eticamente monstruoso que seja possível acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões de trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado."

Boaventura de Sousa Santos, "Visão", 25 de Setembro de 2008

terça-feira, setembro 23, 2008

TMN (Tamos Malucos, Né?)


Tamos Malucos, Né? Pelo menos a Daniela Mercury cantava ainda há pouco "(...)Louca, louca(...)".
Passo a explicar!
Pouco passavam das 16h, quando na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, se começou a ouvir uma música aos berros, incomodando quem se encontrava a trabalhar.
Espreitando à janela, constatei que era a TMN que estava a oferecer brindes a quem estava a ser praxado. O lucro justifica tudo, até estar ao lado de bárbaros! Um espectáculo deprimente, foi o que se seguiu: coreografias para a provável nova girlsboysband TMN (@s JUST PRAXADO?!), com "(...)um movimento sexy, um movimento sexy(...)" . Claro que no final a Ivete Sangalo só gritava "(...)Poeira, poeira, levantou poeira(...)".
Vergonhoso espectáculo!


Guilherme Rietsch Monteiro

Reset



O Socratismo



As voltas do Capitalismo


"Perante a catástrofe iminente, aqueles mesmos que reclamavam, há poucos meses, menos Estado, mais privatizações, recorrem agora ao Estado, com total desfaçatez, isto é: ao dinheiro dos contribuintes. Privatizam-se os lucros e socializam-se os prejuízos - essa parece ser agora a regra."

Mário Soares, "Diário de Notícias", 23-09-2008

25 de Abril, Sempre - Recordar 34 anos depois.


A Liberdade conquistada com o 25 de Abril não caiu do céu. Não nos foi dada, mas conquistada por muitos e muitos milhares de portugueses que lutaram por ela, que foram presos por manifestarem as suas opiniões, torturados, assassinados. Por isso a liberdade não se recebe, mas conquista-se e defende-se, com a própria vida se for preciso, pois só se reconhece o valor das coisas quando as perdemos.

in A Cantiga é uma Arma

"Mas o que é preciso é criar desassossego"


"Mas o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! E, quando isso acontecer comigo, eu até agradeço que os meus amigos me chamem à atenção e me critiquem.
Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente, pá!“

José Afonso

Este blog é uma arma!


A poesia ainda é uma arma política?
Nos 35 anos da morte de Pablo Neruda, poetas reconhecem o declínio actual da literatura de intervenção

SÉRGIO ALMEIDA in JN

O que resta hoje da poesia de contornos políticos, de que Pablo Neruda foi um dos maiores cultores? Três poetas ouvidos pelo JN (Manuel Alegre, Humberto Rocha e António Pedro Ribeiro) realçam a sua importância mas advertem para os riscos.

"Arma carregada de futuro", conforme definição do espanhol Gabriel Celaya, a poesia sempre reforçou a sua importância nas grandes crises morais da Humanidade, altura em que a voz dos poetas adquiria uma ressonância mais forte e clara. Os tempos, todavia, não correm de feição para estes "legisladores sem lei do universo", de que falava Novalis, confrontados com uma sociedade- espectáculo cujos valores parecem estar nos antípodas morais dos seus.

A guetização crescente da poesia (circunscrita a tiragens que raras vezes ultrapassam as poucas centenas de exemplares) e a transferência da discussão para outros espaços, mais imediatos mas também mais voláteis, são alguns dos motivos que tornam improvável, hoje, o aparecimento de um poeta que desempenhe o papel de guardião moral do seu tempo, como aconteceu com Pablo Neruda, afirmam os autores ouvidos pelo JN.

Mesmo discordando do conceito - "toda a poesia, em última instância, é ideológica, porque não há neutralidade na poesia", diz -, Manuel Alegre admite que nos escritos das novas gerações de poetas os sinais de intervenção pública estão muito mais diluídos do que acontecia ainda há três décadas.

No entanto, recusa-se a ver no facto uma certidão de óbito antecipada da poesia que se coloca ao serviço de valores. "São ciclos. As circunstâncias também são diferentes, mas a nossa poesia é rica em autores com um elevado sentido cívico e político nos seus textos, como Sá de Miranda, Almeida Garrett, Miguel Torga ou Sophia de Mello Breyner", explica o autor de "Praça da canção", para quem "são precisamente os escritos de Neruda centrados na discussão ideológica aqueles que o tempo se encarregou de arrumar, em contraste com os poemas de amor, por exemplo".

Estará, então, a poesia que se empenha nas causas do presente, como aconteceu com a do poeta chileno, condenada a um rápido esquecimento? A questão está longe de gerar consenso. António Pedro Ribeiro, cuja obra inclui escritos tão mordazes como "Declaração de amor ao primeiro-ministro" ou "Queimemos o dinheiro", não tem dúvidas de que a poesia de cariz militante "faz hoje mais sentido do que nunca", citando como exemplo "as recentes crises da alta finança", que apenas vêm mostrar, afinal, que "o capitalismo desumano continua a ser o mesmo dos tempos de Pablo Neruda".

Autor de "Pão e circo", romance agora lançado pela Afrontamento, o poeta Humberto Rocha vê no cunho estritamente pessoal que caracteriza boa parte da poesia actual - em que a narração estrita do quotidiano substitui o questionamento moral e político - um sintoma "do vazio ideológico reinante". "Há uma vacilação entre a ficção e a representação do Eu como núcleo fundamental da estória dentro da História, conduzindo a uma vacuidade por exaustão do narcisismo decorrente", afirma o autor de "Esqueletos leiloados", convicto de que a poesia actual não pode ter um sentido vago ou impreciso, pois "uma das funções de quem escreve não é apresentar modelos, mas unificar a dispersão do humano enquanto ser singular mergulhado no caos que advém da sua própria condição humana."

Se a função do poeta se mantém, ainda que em novos moldes, exige-se, contudo, um "upgrade" do discurso, defende António Pedro Ribeiro: "Não podemos ler apenas Marx e ouvir Zeca Afonso, como alguns poetas ainda fazem".

Da lição de vida de Neruda - " o último gigante da liberdade total e impossível da poesia do século XX", define Humberto Rocha -, há a reter, sobretudo, "o poeta que cantou o amor como ninguém, mas também o seu exemplo revolucionária e a vida intensamente solidária", acrescenta António Pedro Ribeiro.






A cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
Tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
e eu não sabia


Há quem cante por interesse
há quem cante por cantar
e há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
p'ra não perder o lugar


O faduncho choradinho
de tavernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções

GAC

« Pertenço a uma geração anterior ao pós-modernismo, em que nós aprendemos que ligada a qualquer estética há sempre uma ética. Quando me perguntaram, no princípio dos anos 80, 'você é um cantor de intervenção?', eu disse: 'Somos todos cantores de intervenção'. Marco Paulo é um cantor de intervenção. Intervém à sua maneira e eu intervenho à minha. Agora, não me venham dizer que aquilo é neutro. Não há neutralidade possível quando se está a falar para milhares de pessoas. Está ali um tipo a dizer umas palavras, a tomar umas atitudes e, portanto, a transmitir modelos que levam à reprodução do sistema social tal como ele está, ou a colocar em causa esse sistema social e a sugerir pistas, eventualmente erradas. Nunca se vai impunemente para cima de um palco.»

José Mário Branco in Público a 27 de Fevereiro de 2004.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Badochas

Texto de Jorge Prendas in Blog das Vozes da Rádio


A Organização Mundial de Saúde há muito que vem alertando para o problema da obesidade. Confesso a minha distracção, pois nunca tinha visto, apesar de volumoso, a dimensão do problema. Tenho alunos tipo-bola, convivo com gente bem anafada e até quando o Vilhas se distrai mais, todos reparamos, fazemos comentários e acabamos por despoletar uma dieta no baixo africano.
Mas nada disto se compara com as dezenas, talvez centenas ,de obesos que vi estas férias. Gente gorda mesmo. Falo-vos de massas enormes que se moviam com dificuldade pela areia, ou que mergulhavam no oceano provocando ondulação suplementar, bem distinta daquela que é regida pelas forças magnéticas do planeta. Falo-vos de badochas: crianças e adolescentes em corpos de baleias, orcas ou até de bovinos, que muito me deixaram assustado!
Problemas hormonais de lado e tento arranjar explicação para tanta gordura. Estética? De todo! Os corpos bem fornecidos de substância gorda há muito deixaram de estar na moda. Ficam bem nos quadros do Velazquez, ou até, séculos depois, nos filmes a preto e branco dos anos 10 e 20 do século passado. Mesmo nestes casos, a gordura é aceitável e pode até ser formosura (o Jony aqui poderia dar ajuda, com argumentação muito própria). No que eu vi, não era de certeza. Não há formusura possível numa área tão alargada de ser humano. Encitamento à robustez? Não. Criança bem nutrida, também há muito que deixou de ser sinónimo de saúde. E aquilo que eu vi não eram seres bem nutridos. Eram postas volumosas de carne.
Segui, num passeio pela praia, um grupo de três adolescentes, badocha-style, e aos poucos fui encontrando a justificação para a existência de tanta gordura. Levavam pela mão uns sacos onde alojavam toneladas de comida. Pãozinho caseiro? Fruta? Nada disso! Primeiro, quais debulhadoras, limparam pacotes de batatas fritas e snacks. Vários. A seguir comeram alarvemente uns nacos de pão recheados com carne de porco (consegui sentir o cheiro atrás...). A acompanhar refrigerantes. Cada um, mais de uma lata. Para terminar um bolicao e um chocolate!
Estou a descrever-vos aquela refeiçãozinha frugal do meio da manhã, aquela que no meu tempo (obrigado mãezinha) era um pãozinho, uma peça de fruta e água ou leite.
Não me estranharia nada que depois daquilo tudo, os três porcões se tivessem dirigido ao McDonalds mais próximo para continuarem a encher o bandulho. Mais filosofo e conjecturo, provavelmente os pais até lhes teriam dado o dinheiro para eles continuarem a enxofrar o corpo de comida enlatada.
Pois é, hoje em dia acabou o saquinho de pano, a visita à padaria logo pela manhã, a lancheira escolar. O Kinder delice, o bolicao, o panrico com nutella, as bolachas do Ruca e tantos outros produtos vão-nos poupando tempo precioso, agradam muito aos meninos e ao mesmo tempo vão criando panzers humanos. Pessoas (e pensar isto choca-me muito) que deixam de ver os seus genitais! Isto não abona em nada! E pior, prejudica até a higiene!
Por isso amigos, cuidado com o que comem e com o que dão a comer. Não queiram ter as visões gigantescas que eu tive estas férias... e só por causa disso os meus potenciais badochas cá de casa passaram a um regime de água e pouco mais..

sexta-feira, setembro 19, 2008

Vozes na Rádio


Os Vozes da Rádio, passaram a ter um programa de humor segunda à sexta, às 8h20 da manhã no Rádio Clube Português.
Como nem sempre o horário é cumprido ou no caso de perderes algum, podes sempre ouvir aqui.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Comércio Justo, de parabéns!


A loja de Comércio Justo de Cedofeita, no Porto, celebrou ontem o seu 2º aniversário.

Neste endereço Amar o Porto, podem ver a reportagem efectuada pelo Blog Amar o Porto.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Croquetes

Texto de Jorge Prendas, publicado no blog das Vozes da Rádio

Já agora não percam de segunda a sexta às 8h20, no Rádio Clube Português o programa "Vozes na Rádio", animado pelos Vozes da Rádio. Uns autênticos Gato Fedorento Radiofónicos! :-)


Volto às minhas observações. Volto aos meus passeios de verão e à minha passagem pela praia. Para início devo dizer que gosto tanto de praia, como o Vítor Baía gosta do Scolari. Uma esplanada, com boa comida, bebida e boa companhia, sim. Agora o desperdício das horas estendido na areia é algo que não me entra na cabeça desde muito novo. Por isso o tempo em que sou obrigado, por motivos que não medem mais de um metro e vinte, a pôr os meus pés na areia, passo-o de antenas ligadas e sentidos bem apurados.
Já sei, está toda a gente a pensar que vou para lá como voyeur, tentando sempre encontrar toplesses que comprovadamente passam com distinção no teste do lápis. Mas não. Observar é muito mais do que isso, ou melhor, é isso e muito mais.
Assim, e num dos dias de tormento no areal, olhei um pouco para cima e avistei a poucos metros uma senhora nos seus tardios 50 (aquilo a que eu há poucos anos atrás chamaria de velha, mas que agora, com o passar do anos, tendo a ser mais cuidadoso no uso desta palavra), com um borrifador, daqueles com aerosol, que de 5 em 5 minutos esguichava água para cima do seu corpo. O seu corpo seco e quase preto fez-me recordar os mais reles croquetes que volta e meia eram servidos na cantina do ciclo preparatório. Eram croquetes claramente feitos de restos, mirrados, sem carne e esturricados, passados por óleo que já tinha visto mais de cem espécies do mundo animal e vegetal. O paladar é impossível de pôr em palavras, mas para avaliarem, os ditos croquetes só eram comidos porque a fome àquela hora, tal como os croquetes, era negra.
Saltou-me à memória uma viagem das Vozes. Não sei em que ano, mas seguramente com tempo quente. Nesse dia, o Vilhas estava particularmente empertigado com o movimento de veraneantes que entupia a estrada. Tudo gente que, como a dita senhora, buscava a condição do croquete. Vociferou nessa altura o nosso baixo: “Durante 400 anos deram-nos porrada e chamaram-nos atrasados. Agora vai a carneirada toda para a praia tentar ficar preta como nós. Afinal quem são os atrasados?”. Sábias palavras! Afinal que raio de gente atrasada é esta que busca a condição dérmica de um Obikwelu ou de um Samakuva? O que é que estas últimas gerações buscam ao fritarem ao sol, além da óbvia futilidade? Ou, pior ainda, depois do sol já não convidar a prolongadas horas de inutilidade, que quer esta gente ao tentar perpetuar a cor debaixo de lâmpadas? Não é isto tão ridículo como o Michael Jackson branco?
O meu sentido mais altruísta e os bichos-carpinteiros quase me levaram a levantar e a dirigir-me àquele corpo em pior estado que o Tutankamon e a dizer-lhe: “tu eres asquerosa, tía. Tu piel es peor que las croquetas de mi escuela. No hay hombre, mujer o perro, hasta lo mas ciego, que te pueda querer así, coño! Piensa blanco, joder!”.
Infelizmente nem sempre o meu filantropismo e misericórdia falam mais alto. Foi o que aconteceu neste caso. Deixei-me estar, procurei sombra e continuei a brincar com as forminhas.

Fachada



sexta-feira, setembro 12, 2008

A foder o país!


A Ryanair desiste de criar uma base no Aeroporto de Pedras Rubras.
Há cerca de um ano, a Ryanair propôs à ANA, a instalação de uma base no Porto, prometendo a atracção de quatro milhões de passageiros, ao longo de sete anos.
A proposta não mereceu resposta positiva, tendo a ANA sugerido a criação da dita base em Lisboa, tendo respondido a Ryanair e bem, que ou seria no Porto, ou iriam para Espanha. Infelizmente para o país, e não só para o Porto ou o Norte, a Ryanair anunciou ontem, que irá para Barcelona. O país irmão, ao que parece, não se importa de ter uma base em Barcelona, em vez de a ter em Madrid. São maiores do que nós em termos geográficos, e pelos vistos em intelecto também!
Por este andar, em breve nem sequer voos da Ryanair aterrarão no Porto, sendo trocado por aeroportos galegos. Perde o país, e perdem os portugueses, que deixam de ter voos baratos para se ausentarem desta merda de país!

Quem nos governa, anda a gastar dinheiro na construção de um novo aeroporto de Lisboa, que nem a região, nem o país necessitam, impossibilitando outras regiões do país, de crescerem, de se afirmarem, de se dinamizarem.
Comem tudo e não deixam nada!
Já no dia seguinte à Red Bull Air Race, podia-se ler nos jornais "Apesar do interesse de Lisboa, corrida manter-se-á no Porto." Eu até sou crítico desse evento. Quanto mais não fosse por questões ambientais, mas c'os diabos... Deixem-nos em paz, porra!

Andam a foder o país! E nós todos, o que é que podemos fazer?!
Já dizia o Abrunhosa: Talvez fodê-los, talvez fodê-los!
2009 está à porta, por isso meu amigo, escuta o Pedro Barroso quando ele diz:

Vota Vermelho bem Vivo
Não votes alaranjado
Não votes verde
Nem azul
Que para aqui não é chamado

Vota por ti nesta luta
Porque sem ti a nação
Entregue aos filhos da puta
É que não avança não

Guilherme Rietsch Monteiro

11 de Setembro

Terrorismo Pictures, Images and Photos

quinta-feira, setembro 11, 2008

Reviravolta no «Biosfera» da RTP2


No âmbito do projecto «Consumo Responsável em Rede» a Reviravolta realizou sessões de cinema em Junho onde lançou as seguintes questões:

Uma camisola, uma toalha sobre a mesa, umas calças de ganga: algodão, linho ou outras fibras cultivadas, trabalhadas, vendidas, adquiridas …Fazem parte do nosso dia a dia.
Mas como funciona este mundo? Um outro mundo é possível?

Jornalistas do programa «Biosfera» estiveram lá.
Desse contacto, resultou o nosso contributo para o programa.
Assim, a Reviravolta esteve dia 10.09.08 no «Biosfera».

Ora vejam!
Clica aqui!

Rio das Flores


[...]
Há decisões que se tomam e que se lamentam a vida toda e há decisões que se amarga o resto da vida não ter tomado. E há ainda ocasiões em que uma decisão menor, quase banal, acaba por se transformar, por força do destino, numa decisão imensa, que não se buscava mas que vem ter connosco, mudando para sempre os dias que se imaginava ter pela frente. Às vezes, são até estes golpes do destino que se substituem à nossa vontade paralisada, forçando a ruptura que temíamos, quebrando a segurança morta em que habitávamos e abrindo as portas do desconhecido de que fugíamos.
[...]

Miguel Sousa Tavares, Rio das Flores

quarta-feira, setembro 10, 2008

Antes que o diabo saiba que morreste


Fui ver ontem a ante-estreia do filme "Antes que o diabo saiba que morreste".
É um filme que vale a pena ver. Deixo de seguida a crítica do JN, com a qual concordo, mas antes queria partilhar uma frase que me ficou na memória, proferida pelo actor Philip Seymour Hoffman, que interpreta o papel de Andy:
"A soma de todas as minhas partes, não fazem aquilo que eu sou!"

Eis a crítica:

Regresso de Sidney Lumet

"Antes que o diabo saiba que morreste" marca reaparecimento do realizador, aos 84 anos

JOÃO ANTUNES

"Antes que o diabo saiba que morreste". Com um título assim, espera-se que nada de bom aconteça na tela. Aliás, o que se vê é muito mau. Ou melhor, é muito bom, porque Sidney Lumet regressa à forma que o celebrizou. Estreia esta quinta-feira.

O realizador mostra com tremendo realismo e intensidade uma história familiar que começa com o que deveria ser um pequeno delito e termina em tons de tragédia, digna de Shakespeare.

Explica-se desde logo que o título refere-se àquele momento em que se morre, mas em que o diabo ainda não sabe que morremos. As referências místicas casam bem com uma trama em que o racional vai perdendo terreno, cena a cena. No final, raras serão as personagens sem culpa. Pergunta-se é se a sua vida não estará desde logo no purgatório…

A história assinala a estreia no cinema de Kelly Masterson, que, no entanto, estará longe de ser um novato na escrita. A sua peça "Touch" levou-o já a encenar em Nova Iorque, há cerca de duas décadas. E, apesar de manter durante muitos anos um emprego num banco, nunca deixou de se dedicar à escrita de peças de teatro, encenadas um pouco por todo o país. Mas o fundamental a dizer é que Kelly Masterson é um antigo padre franciscano, que abandonou as vestes mesmo antes da ordenação, para se dedicar à escrita. Vendo "Antes que o diabo saiba que morreste" percebe-se que o autor do texto conhece bem os meandros do inferno.

Percebe-se também o que interessou Sidney Lumet. A história é a de dois irmãos que precisam de dinheiro: um para alimentar o vício da droga, o outro para pagar a pensão de alimentos à ex-mulher. O estratagema para resolver o problema é simples - assaltar a joalharia dos pais, num dia em que apenas lá está a empregada. Como o seguro paga, ninguém fica a perder. Mas a intriga complica-se. E ainda há o caso da mulher de um dos irmãos compensar a impotência do marido com o fulgor sexual do cunhado…

Sidney Lumet encontrou na estrutura narrativa da obra um meio de dar azo à vertigem cinematográfica que no passado deu origem a alguns dos seus melhores filmes, de "Serpico" a "Vida de cão". E o seu enorme "vício" em trabalhar com grandes actores é aqui plenamente satisfeito. Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Marisa Tomei e Albert Finney mostram talento e, sobretudo, coragem para se desnudarem, tanto carnal como espiritualmente, mostrando do que é capaz o ser humano, em especial quando é acometido pelo desespero.

terça-feira, setembro 09, 2008

A MINHOCA E A MAÇÃ

Ricardo Araújo Pereira in Blog do Gato Fedorento


Durante a discussão sobre a natureza do salazarismo, e depois de assinalar, com o fastio do costume, a ignorância grotesca do adversário, Vasco Pulido Valente recomendou-lhe esta reflexão: “Vítor Dias que puxe pela cabeça: existe em Portugal alguém ou alguma coisa a que o PCP já não chamou ‘fascista’?” Bom argumento. De facto, a repetição exaustiva da mesma acusação desacredita o acusador. Proponho, por isso, outra reflexão. Vasco Pulido Valente que puxe pela cabeça: existe em Portugal alguém ou alguma coisa a que Vasco Pulido Valente já não tenha chamado "ignorante"?

Antes que o diabo saiba que morreste



Volto já

Letra: Rui Reininho
para: Johnny Johnny

Vivo atrás da porta
Sem me mexer
Lá fora o frio aperta
E eu sou o último a saber

Vais ver pendurado na porta
Para ti o "Volto já"
Ficas assim, a saber
Que para ti já não estou cá
Não estou cá!

Volto, volto já!

FMI



Parte 1/2


Parte 1/2

Prima da Chula



125 Azul



Fizeram os dias assim

Letra: Luís Represas
Música: Manuel Faria
in: Sepes

Por mais que larguem os braços
Por mais que soltem amarras
E que se tapem as covas

Por mais que rasguem os quadros
Por mais que queimem as leis
E que os costumes esmoreçam

Por mais que arrasem as feras
E que os papões arrefeçam
E que as bruxas se convertam

Por mais que riam as caras
E que ternura se esqueça
Por mais que o amor prevaleça
Vocês
Fizeram os dias assim!

Não nos venham pedir contas
Não venham pôr-nos regras
Sabemos que os nossos dias
Não vão ser gastos assim!

Para não esquecer

Texto de João Coelho

Regresso das férias que incluíram uma semana na Polónia: Cracóvia, um pouquinho de Varsóvia e Auschwitz. Auschwitz-Birkenau.

Às 8 da manhã de 17 de Agosto já estou na Estação de Camionagem de Cracóvia, aguardando a saída do autocarro, num percurso de 1h e 20m para cerca de 60 km. A viatura já conheceu melhores dias, a estrada faz lembrar as de S. Miguel há 40 anos, estreita, com mau piso, os passageiros, que enchem o autocarro, são quase todos jovens (ainda bem) e fala-se italiano, francês, espanhol e inglês; há uma freira, polaca, uma miúda, trajada a rigor, que se embrenha na leitura do breviário… muita freira e muito padre há neste país, sempre trajando a rigor!
A lentidão da viagem ajuda-me a uma preparação psicológica de que sinto necessidade, apesar do que aprendi em muitos livros, documentários e filmes sobre aquilo a que Jorge Semprun, prisioneiro em Mauthausen, chamou o "mal definitivo"... Eu sei ao que vou, mas tenho dificuldade em interiorizar que, depois de pensar por tanto tempo em vir aqui, esteja agora tão próximo do lugar da Besta.
A ronceirice da viagem é quebrada pelos sinais de chegada a uma localidade - Oswiecim, Auschwitz em polaco - e vejo um cartaz, à beira da estrada onde se lê "Auschwitz, terra de paz".
Pouco depois, chegámos a um parque de estacionamento, há muitos autocarros, automóveis, caravanas, muita gente e um edifício com a cor típica do campo, a do tijolo; entro, há alguma confusão, uma livraria, uma pequena exposição, uma sala de projecção de filmes, balcões para visitas guiadas - eu dispenso os grupos, quero estar sozinho. Saio do casarão, há uma zona de terra, árvores e dou comigo em frente ao célebre portão com a inscrição "Arbeit macht frei"… Preciso de parar, a transição foi demasiado rápida, deixar que os meus olhos absorvam tudo. Passo o portão, e vou seguindo ao acaso por entre os numerosos barracões - aqui, tocava a orquestra, formada por prisioneiros, mais além está o terreiro onde se faziam as terríveis contagens de detidos, durante horas e horas - uma delas prolongou-se por 19 horas, todos em formatura, às vezes nus, os mortos da noite colocados no chão… Mais à frente, o muro das execuções, onde se assassinavam, a tiro, os desgraçados que a Gestapo e as SS entendiam matar… Ainda aqui estão também os cadafalsos onde os nazis enforcavam outros prisioneiros, aqueles a quem queriam provocar maior sofrimento… Entro nalguns barracões, circulando pelo emaranhado de corredores balizados pelos postes de sustentação do arame farpado, que era electrificado… o edifício da Gestapo, com as celas na cave, as salas, noutros edifícios, onde estão expostos os cabelos cortados às mulheres, os sapatos, as roupas, de adultos e de crianças, os óculos, os objectos pessoais, as malas - há fotos, muitas fotos, de prisioneiros, e muitos expositores com documentação dos alemães, sempre meticulosos na burocracia… E ali está o barracão das experiências pseudo-científicas dos médicos de Auschwitz… e quase à saída, a primeira câmara de gás e crematório que os nazis instalaram aqui, e onde ensaiaram a forma mais expedita de matar um milhão e meio de pessoas…
No total, estão neste sector, 28 barracões, que chegaram a alojar, em 1942, 20 mil pessoas, trabalhadores forçados nas fábricas que funcionavam em Auschwitz e que vinham aproveitar-se da mão-de-obra escrava.
É altura de passar ao campo da morte, Birkenau, a cerca de 3 km, feitos num autocarro gratuito; circula-se por uma estrada prazenteira, em plena planície, e, minutos depois, cá estamos, junto à linha de caminho-de-ferro que entra no campo passando por debaixo de uma torre onde estava o controlo geral de Birkenau. Não fazia ideia de que isto fosse tão grande, o terreno é plano, estende-se até lá ao fundo, ao bosque… e o tempo está, como por vezes acontece nos Açores, marcado por uma "calma tranquila" - expressão que procurei durante anos para caracterizar alguns dias de S. Miguel, aquela leveza dos ares, o sossego… -
Sigo a linha do comboio, até à "rampa dos Judeus", onde se fazia a selecção dos recém-chegados de todos os países ocupados pelos alemães, o chão é de gravilha, ladeado por relva dos dois lados, tenho, por companhia, o som dos meus passos, o canto dos pássaros e a cor dos trevos, amarela, animando o verde circundante. Aqui estava o poder absoluto, a decisão final: desembarcados dos vagões de gado, os médicos SS escolhiam… para a esquerda, a morte imediata, para a direita, a morte adiada…
Mengele, o "Anjo da Morte", reinava aqui, sempre impecavelmente fardado, botas luzindo, jovem, alto e loiro, cheirando a água de colónia, formado em Filosofia e Medicina. Dizem sobreviventes que gostava de assobiar trechos de obras de Wagner, e que tinha movimentos vivos e delicados nas mãos com que indicava as suas decisões… Mengele que era obcecado por gémeos e por indivíduos com deformações físicas, que apreciava "estudar" depois de mortos… Mengele que sobreviveu à guerra e acabou por morrer no Brasil, já velho, com um ataque de coração enquanto nadava…
Saio da rampa e dou comigo na estrada, à esquerda da linha, que era a que percorriam os que tinham sido escolhidos para a morte imediata - idosos, e mulheres com filhos abaixo dos 14 anos… Lá ao fundo estão as câmaras de gás e os crematórios, destruídos pelos nazis quando perceberam que os russos estavam perto (um deles foi demolido na sequência da única revolta registada em Birkenau, desencadeada por um grupo de prisioneiros que trabalhava nas câmaras de gás); os degraus que se desciam para a morte têm latinhas com velas e flores que os visitantes deixam aqui, há grupos de jovens israelitas que circulam pelo campo, acompanhados por adultos e percebo que alguns dos miúdos estão como que bloqueados mentalmente, sentam-se com um ar vazio, há outros que choram, em silêncio. Vejo que a linha de comboio vem até junto das câmaras, sei depois que a prolongaram até aqui quando, entre Maio e Julho de 44, cerca de 440 mil judeus húngaros vieram para Birkenau, levando as SS a acelerar o processo de extermínio… Há um casal jovem com um bebé, mesmo no fim da linha, acendem uma vela, a jovem senta-se nos carris e chora convulsivamente, afasto-me e sigo para o bosque que rodeia as câmaras de gás - passo pelo terreiro onde se queimaram corpos (porque os crematórios, nesses meses de 44 não conseguiam cremar todos os mortos) e vou parar a um dos lagos onde os nazis depositavam as cinzas dos assassinados… Caem alguns pingos de chuva, há uma garça real pousada à borda d'água, imóvel, parece estar de guarda, algumas plantas, com um aspecto muito viçoso, saem da água, firmes, à vertical… a chuva apagou as velas que estão por aqui, mas, entretanto, deixou de cair, e aproveito para acender uma delas… continuo e passo pelo pequeno bosque onde judeus aguardavam a entrada nas câmaras de gás, a minha memória visual recupera as imagens das fotos (que vi em tempos) das mulheres e crianças aqui sentadas, com um ar despreocupado, não sabem ao que vão, falaram-lhes em duche... sinto necessidade de tocar nas árvores… volto atrás e vou até ao Monumento internacional de homenagem às vítimas de Auschwitz-Birkenau… e está a decorrer uma cerimónia promovida por gente que já não é nova; há uma bandeira de uma organização de veteranos de Israel, do grupo destacam-se três pessoas, uma senhora e dois homens. Dos homens, um segura uma fotografia ampliada, que se percebe ser ele, ainda adolescente, prisioneiro, com um número, o seu número de preso - 157.615; acendem velas, depositam uma coroa de flores e há um senhor que vem para a frente do conjunto e que, voltado para o monumento, faz o que me parece ser uma oração, percebo que diz "Adonai, Adonai"… mas é uma reza imprecativa, interrogativa, quase que grita, chora… a cerimónia termina e vejo que senhora do trio de ex-prisioneiros está acompanhada por um jovem, a quem digo que gostava de a cumprimentar… o rapaz diz-me que esteja à vontade, a senhora é judia francesa, esteve presa 1 ano e 4 meses, e fez parte da "marcha da morte" para outro campo, Bergen-Belsen, quando os nazis, sabendo da chegada dos russos, deslocaram para outros campos, no interior da Alemanha, os sobreviventes de Auschwitz. A senhora é uma "madame" na melhor acepção da palavra, diz-se encantada por encontrar um português, desejo-lhe muita saúde e faço uma coisa que nunca tinha feito na vida - beijo-lhe a mão… E só depois lamento já não ter mais fotos no rolo (ainda não uso digital…) Vou saindo de Birkenau lentamente, ainda passo pelos barracões das mulheres, pelas latrinas, e por um barracão onde estiveram 148 crianças húngaras, antes de serem mortas - está lá um cartãozinho, que diz, em inglês, "Em memória de Hulinéck, morto, aos 3 anos, em Birkenau", com uma tira com as cores nacionais da Hungria, vermelho, branco e verde…
Subo à torre de entrada e lanço um olhar, lá de cima, ao longo do campo, enorme, e penso, mataram tanta gente, tão impiedosamente, tão fria e cruelmente… e as últimas vitimas foram assassinadas poucos meses antes de eu nascer… os judeus húngaros, depois os do gueto de Lodz e ainda os da Grécia, de Corfu…
Volto a Cracóvia, de novo com o autocarro cheio, de novo gente nova… Agora reina o silêncio, e eu também venho a pensar no que vou dizer à Joana, minha filha de 9 anos, quando ela me perguntar porque é que fui a Auzchwitz-Birkenau…

PS - Em Auschwitz-Birkenau, não foram assassinados só judeus; também mataram ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, prisioneiros de guerra russos, resistentes polacos, embora em menor número.

A Paixão (Segundo Nicolau da Viola)

Letra: Carlos Tê
Música: Rui Veloso
in: Mingos e os Samurais

Tu eras aquela que eu mais queria
Para me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe? talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar
A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
Que havia no Rivoli

Era só a ti que eu mais queria
Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir

Mas tu não ficaste nem meia hora
Não fizeste um esforço para gostar e foste embora
Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção

Mesmo sabendo que não gostavas
Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
Que havia no Rivoli

Foi nesse dia que percebi
Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder

segunda-feira, setembro 08, 2008

Lembrar uma amiga


Catarina Lacerda

Nasci em Massarelos, na Maternidade Júlio Dinis, como grande parte da população nascida no Porto. Vivi até aos 19 anos numa casa amarela com jardim, cão e quintal, pais e avós, junto ao rio e perto do mar. Quando terminei o secundário senti a necessidade de perceber melhor o bichinho da representação. Ter estudado economia fez-me perceber que o caminho dos números, que até dominava, não seria o meu. Andava um pouco indecisa e fui fazer terapias vocacionais de grupo na Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto. Tornou-se aí evidente que tinha que avançar com isto do teatro. Ser actriz é um jogo de risco e prazer, um abismo feliz. Quanto mais arriscas, mais prazer podes ter. É isso que me move. Serei actriz enquanto me preencher, mas imagino-me a fazer muitas outras coisas desde que haja vontade, tempo e conjunturas favoráveis. A ordem não é aleatória. O cinema é um território novo para mim. Tudo começou no final de 2006. Um amigo reencaminhou-me um «e-mail» para um «casting». Alguns meses depois estava em pleno Coentral, aldeia da serra da Lousã, nas filmagens de «Deus Não Quis». O argumento é baseado na canção tradicional portuguesa «Laurindinha». Conta-nos a história quase feliz de um jovem casal separado pela guerra. A Laurindinha, personagem que interpreto, é uma mulher que vê o seu grande amor partir para a guerra e oscila entre um misto de cheio e vazio. O cheio daquilo que a une ao seu amor, o vazio perante a inevitabilidade dessa separação. É um sentimento profundamente humano, creio. Receber um prémio no Chipre, um país onde se pressente a tensão política e militar, foi especial. Nicósia é atravessada por um muro. De um lado cipriotas turcos, do outro cipriotas gregos. Ao fugir da guerra, as famílias turcas e gregas deixaram para trás casas devolutas. Essas casas, e as suas histórias, foram ocupadas por outras famílias turcas e gregas. Ver as pessoas saírem da projecção emocionadas e agradecerem o filme, torna-o duplamente especial. Há registo do surgimento das primeiras sardas pelos meus três anos. Fazem parte do carimbo que é o meu rosto e variam de estação para estação: são imensas no Verão, mais raras no Inverno.

A actriz é a protagonista de «Deus Não Quis», produzido pela ZED Filmes, e a vencedora do Prémio de Melhor Actriz no Festival Internacional de Curtas-Metragens do Chipre


Texto de Nelson Marques in Expresso


Parabéns, Catarina!

Beijinhos,
Gui

Optimista Céptico



Tatuagens



Fragilidade



Abraça-me bem



Maçã com bicho




O tempo passa
e lembras com saudade
o saudoso tempo da universidade
foste caloiro
e quintanista
já comes caviar
esquece o alpista

P`ra entrar na universidade
é preciso
prender o humor
na gaiola do riso
ter médias altas
hi-hon, ão-ão
zurrar, ladrar
lamber de quatro o chão

Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe

Chamar-se a si mesmo
besta anormal
dá sempre atenuante ao tribunal
é formativo
p`ró estudante
que não quer ser popriamente
um ingnorante

Empurrar fósforos com o nariz
tirar à estupidez a bissectriz
eis causas nobres
estruturantes

eis tradição
sem ser o que era dantes

Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe

Não vou usar
mais exemplos concretos
é rastejando
que se ascende aos tectos?
Então vejamos
preto no branco
as cores da razão
porque a praxe eu desanco

Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe

Capitão Romance



Quer eu queira, Quer Não

J.J.Galvão/ Rufi

Ai saudade
Que me desespera
Ansiedade
No meu peito mora
Ai saudade
Sentida e sincera
Diz-me se ainda é verdade
Que pensas em mim

Quem me dera
Não ter a lembrança
Desses tempos
De tanta esperança
Primavera
Com pena suspensa
Diz-me que às vezes ainda
Te lembras de mim

Tenho um encontro marcado
Dentro do meu coração
Talvez me tenha esquecido
Que ele tem sempre razão
Tenho um tesouro escondido
Dentro do meu coração
Tenho lá escrito este fado
Quer eu queira, quer não

Ai saudade
Daquela viela
Na cidade
Da velha aguarela
Ai saudade
Guitarra e viola
Diz-me se ainda é verdade
Que gostas de mim

Quem me dera
Poder ser criança
E sem medo
Cumprir a sentença
Primavera
Da eterna mudança
Diz-me que às vezes ainda
Te lembras de mim

Tenho um encontro marcado
Dentro do meu coração
Talvez me tenha esquecido
Que ele tem sempre razão
Tenho um tesouro escondido
Dentro do meu coração
Tenho lá escrito este fado
Quer eu queira, quer não

O que fazes tu de mim

Desastrada como eu sou
Eu fiz-me à estrada da vida
Nem um sopro me abalou
Na hora da despedida

Corre por aí o mito
De a vida ser de cetim
Dou o dito por não dito
Quando se trata de mim
Quando se trata de mim

Não adianta ser rico
Se o teu coração for ruim
Bendito seja, bendito
Quem me fez assim, assim

Vim aqui contar a história
De uma aliança fatal
Entre as brumas da memória
E a descrença total

Quero ver os resultados
Mas sem antes semear
Quero que haja trabalho
Mas não quero trabalhar
Mas não quero trabalhar

Não adianta ser rico
Se o teu coração for ruim
Bendito seja, bendito
Quem me fez assim, assim
(Bis)

Ai quem me fez assim, assim
(x4)

Sape-gato lambareiro
Tira a mão do açucareiro
Sape-gato lambuzão
Tira a tua mão

Sape-gato lambareiro
Tira a mão do meu dinheiro
Sape-gato comilão
Tira a tua mão

Gato-sapato, sape-gato até ao fim
Gato-sapato, o que fazes tu de mim

Sape-gato lambareiro
Tira a mão do açucareiro
Sape-gato lambuzão
Tira a tua mão

Sape-gato lambareiro
Tira a mão do meu dinheiro
Sape-gato comilão
Tira a tua mão

Gato-sapato, sape-gato até ao fim
Gato-sapato, fazes tu de mim
Gato-sapato, sape-gato até ao fim
Gato-sapato, o que fazes tu de mim

Não adianta ser rico
Se o teu coração for ruim
Bendito seja, bendito
Quem me fez assim, assim

Pintar a Verdade

J. J. Galvão

Ai se eu pudesse pintar a verdade
De um tom cor-de-rosa ou mesmo de azul
Talvez contasse com mais à vontade
Este rosário de sombras e luz

Ai se eu caísse num sono profundo
Talvez eu pensasse que estava a sonhar
Ai se eu mandasse nas coisas do mundo
Mandava ser tempo de recomeçar

Ai se eu não fosse assim tão fadista
Desvendava o mistério de ter esta dor
Fui alquimista por ouro e amor
Mas jamais consegui transformar o real
Numa flor...

Ao luar, vem-me procurar ao luar
Que eu sou pequenina e não sei andar
Anda ver, anda ver o sol a nascer
E verás que o que for será, tem que ser...

Ai se eu pudesse pintar a verdade
Em tons prateados ou mesmo de azul
Talvez contasse com mais à vontade
Este rosário de sombras e luz

Ai se eu não fosse assim tão fadista
Desvendava o mistério de ter esta dor
Fui alquimista por ouro e amor
Mas jamais consegui transformar o real
Numa flor...

Ao luar, vem-me procurar ao luar
Que eu sou pequenina e não sei andar
Anda ver, anda ver o sol a nascer
E verás que o que for será, tem que ser...
Ao luar, ao luar...

A minha circunstância

J.J.Galvão/ Rufi

É a minha circunstância
Ser a voz da solidão
Um minuto de silêncio
Ao meu pobre coração
Não lhe digas mais que não

Devagar se vai ao longe
À procura de uma estrela
Devagar que é p'ra hoje
Amanhã a vida é bela
Não me digas mais que não

Deixa-me ser pobre
Deixa-me ser como sou
Deixa-me ser livre
De escolher com quem eu vou

Boa noite meus senhores
Prestem todos atenção
É pesada a penitência
Do meu pobre coração
Não lhe digas mais que não

Deixa-me ser pobre
Deixa-me ser como sou
Deixa-me ser livre
De escolher com quem eu vou
Deixa-me ser pobre
Mas ser nobre no meu pobre coração

Não me digas mais que não, não, não, não
Não me digas mais que não
Não me digas mais que não, não, não, não
Não me digas mais

Não me faças mais promessas
Dessas cheias de ilusão
Não lhe vendas mais quimeras
Ao meu pobre coração
Não me digas mais que não

Deixa-me ser pobre
Deixa-me ser como sou
Deixa-me ser livre
De escolher com quem eu vou
Deixa-me ser pobre
Mas ser nobre no meu pobre coração

Festival Internacional de Marionetas (Porto)


Festival Internacional de Marionetas, na Praça D. João I
Entrada Livre


Teremos uma parede de mentira porque tem portas de verdade - que sabem mais abrir do que fechar – e porque uma parede sozinha não fecha, enquadra.

O FIMP vai ter um Hino. Composto por Hélder Gonçalves dos Clã, será executado na Praça D. João I por uma Fanfarra, na primeira convocatória deste FIMP 2008. A Fanfarra levar-nos-á depois pelas ruas da baixa do Porto até ao TeCA. Aí será o espectáculo de abertura: pelo Teatro de Marionetas do Porto. Associamo-nos assim ao Teatro Nacional de S. João na celebração dos vinte anos de criações e actividade desta companhia. As primeiras palmas desta edição são para eles.

Sem bilheteiras, de portas abertas.
Vamos viver na Praça. Venha lá morar connosco.


Mais informações em: http://www.fim.com.pt

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E agora pergunto eu. Será que a exemplo dos aviões, que já há por aí notícias de que querem levar para Lisboa, também vão roubar-nos este evento?! Não... Primeiro, porque é cultura, depois porque é feito por gente do Porto. Só podia!!!

Guilherme Rietsch Monteiro

Código de Barras

Letra: Carlos Tê
Música: Hélder Gonçalves

Deixa que o silêncio faça parte de nós

deixa que o silêncio
seja parte de nós
funda e indizível
porque não estamos sós
apenas a só
e até se dispensa a voz

deixa que ele seja
um espelho fiel
do que sinto por ti
basta um gesto de mão
só um olhar
p'ra mostrar a paixão

e se eu te mentir alguma vez
é porque nos lançam amarras
é para iludir o video oculto
que nos segue lá do alto
e nos traduz em barras

num código de barras
num código de barras

assim nem eu nem tu
teremos um amor captável
pelo serviço secreto
será indetectável
jamais será cifrável

ao abrirmos a boca
será como o previsto
e até a felicidade
será a que anunciam
na publicidade

e se eu te mentir alguma vez
é porque nos lançam amarras
é para iludir o video oculto
que nos segue lá do alto
e nos traduz em barras

num código de barras
num código de barras

Povo americano, eis a votação do júri de Castelo Branco

Ricardo Araújo Pereira in Visão


De quatro em quatro anos, os analistas portugueses discutem as eleições americanas e, como é óbvio, influenciam decisivamente o seu resultado. Nenhum sociólogo responsável deixou de registar, aqui há tempos, a célebre crónica de Luís Delgado, intitulada Eu voto Bush, e a responsabilidade que essa corajosa declaração de voto teve na vitória do actual presidente. Menos bem sucedida, mas igualmente ousada, foi, há quatro anos, a iniciativa do vespertino A Capital. O jornal, entretanto extinto (e ninguém me convence de que a sua extinção não teve mãozinha da CIA), anunciou que iria adoptar uma linha editorial que defendia a derrota de George W. Bush. Hoje, sou eu que me encontro na posição de comunicar aos americanos a minha intenção de voto. É uma honra, tanto para mim como para eles.
A verdade é que não tenho intenção de votar em ninguém. Já encontro sérias dificuldades para decidir em quem votar no meu próprio país, quanto mais nos outros. Além disso, ao contrário da generalidade das pessoas de esquerda, eu não quero que Barack Obama ganhe as eleições. Quero que Barack Obama seja Presidente – o que não é bem a mesma coisa, como Al Gore bem sabe.
Em todo o caso, não ficarei especialmente abalado se Obama não for Presidente. Creio que sou imune ao efeito que a política americana produz nos portugueses. Se os democratas ganharem as eleições, os portugueses de direita que agora odeiam Obama vão acabar por lhe dedicar o amor que qualquer Presidente dos EUA lhes merece, e os portugueses de esquerda que agora o apoiam acabarão por desprezar o chefe dos imperialistas assim que ele jurar a Constituição. Pelo sim, pelo não, eu vou mantendo uma coerente indiferença perante todos os candidatos. É uma atitude que os magoa, nota-se, mas eu sou mesmo assim.
Por outro lado, embora preferisse a vitória de Obama, não deixo de reconhecer que a campanha de McCain me parece mais interessante. O candidato republicano conheceu a senhora que escolheu para vice-Presidente há apenas seis meses, e só esteve com ela uma vez antes de a anunciar como sua companheira na corrida à Casa Branca. É uma espécie de vice-presidência à primeira vista, o que acaba por ser enternecedor. Além disso, Sarah Palin tem 44 anos e foi primeira dama de honor no concurso de Miss Alaska de 1984. Ora, escolher uma mulher quase 30 anos mais nova que já foi modelo não é política: é crise de meia-idade. Qualquer homem que sabe o que isso é não pode deixar de simpatizar com McCain.
Além disso, a candidatura dos republicanos tem capacidade para fazer história. É certo que Obama pode ser o primeiro Presidente negro, mas Palin pode ser a primeira mulher. Reparem: McCain tem 72 anos. Segundo o World Fact Book, editado pela CIA, a esperança de vida média de um americano é de 75 anos. Há, por isso, uma forte hipótese de Sarah Palin vir a ser Presidente dentro de três anos. Enquanto os democratas propõem Obama e Biden para a presidência em 2008, os republicanos apontam McCain para 2008 e Palin para 2011. Oferecem dois presidentes em vez de um. Pode ser um bom negócio.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Jim Morrison disse:

"Loucos são aqueles que com toda a sua inteligência não compreendem as minhas loucuras"

A muda


(...)
Ninguém ousa, por exemplo, criticar o pensamento político da presidente do PSD. Por uma razão extremamente simples: ninguém sabe qual é. Quando recusa participar em eventos nos quais há o perigo de ter de o revelar, Ferreira Leite está a preservar um trunfo inestimável para as próximas eleições legislativas. O povo ganhou uma certa aversão ao discurso político. É muito provável que esteja disposto a votar numa muda. Quase aposto que o tempo de antena do PSD vai ser feito com recurso ao jogo Pictionary. A Manuela desenha e o povo, em casa, tenta adivinhar o que ela propõe.
(...)


Ricardo Araújo Pereira in Visão

Um dia na vida de um português em Agosto de 2008

Ricardo Araújo Pereira in Visão


8h30 – José Silva acorda e constata que a sua casa foi assaltada durante a noite. Espreguiça-se. Toma banho tentando poupar a água, toma o pequeno-almoço tentando poupar o leite e põe-se a caminho do emprego tentando poupar os sapatos.

9h00 – Empurra o carro até à bomba de gasolina e é assaltado duas vezes: a primeira pela gasolineira, que voltou a aumentar os preços do combustível; a segunda por criminosos armados, que lhe levam o pouco que ainda restava na carteira. Boceja. Conclui que prefere os segundos assaltantes, na medida em que roubam menos e com menor frequência. Nota que, apesar disso, a polícia não faz qualquer esforço para apanhar os primeiros.

10h00 – Já na estrada, é vítima de carjacking. Encolhe os ombros. Prossegue a pé.
10h05 – Um gang tenta assaltá-lo. Explica que ficou sem a carteira num assalto anterior.

10h10 – Outro gang tenta assaltá-lo. Fornece a mesma explicação. Os membros do gang colam-lhe um autocolante na lapela para que futuros meliantes saibam que já foi assaltado nesse dia e evitem perder tempo com ele. Recomendam-lhe que retire o autocolante assim que voltar a transportar valores.

11h30 – Vai ao banco levantar dinheiro.

11h32 – Criminosos armados irrompem no banco. Clientes e funcionários formam calmamente uma fila e tiram senhas para serem assaltados por ordem.

11h35 – O criminalista Moita Flores irrompe no banco e começa a comentar o assalto junto de um grupo de clientes. Tece várias considerações sobre um novo tipo de criminalidade violenta que parece estar a aumentar no nosso país, aponta as limitações da polícia e sublinha as incongruências do novo código de processo penal. Alguns clientes oferecem-se para serem sequestrados, caso os assaltantes lhes garantam que os levam para longe do criminalista Moita Flores.

11h45 – O criminalista Moita Flores interpela os assaltantes e comunica-lhes que o método que escolheram para levar a cabo o assalto não é o melhor, criticando sobretudo a não utilização de luvas e tecendo alguns reparos ao plano de fuga, que considera extremamente frágil.

11h46 – Um dos assaltantes dispara duas vezes sobre a perna do criminalista Moita Flores.

11h47 – Clientes e funcionários do banco homenageiam os assaltantes com um forte aplauso.

17h30 – Depois de várias horas de sequestro, o assalto termina. A polícia detém os criminosos, resgata os reféns e amordaça o criminalista Moita Flores, para que vá receber assistência hospitalar.

18h00 – Por sorte, mal acaba de sair do banco, José Silva encontra o seu carro abandonado na berma da estrada. Entra
no veículo e dirige-se para casa.

18h05 – É detido pela polícia por se encontrar a conduzir um carro que foi usado em diversos crimes.

20h00 – É identificado e preso. Na cela, verifica que o relato da sua vida é extraordinariamente demagógico e conclui que toda a sua existência podia ter sido inventada por Paulo Portas. Chora.

Obviamente, demita-se!

Mário Crespo in JN


O PSD encontrou a solução política que poria fim imediato à insegurança, acabaria com os assaltos às bombas de gasolina, com o carjacking, com os conflitos armados nos bairros sociais, enfim com a desordem. Demitia-se o ministro da Administração Interna. Já! O da Justiça pode ficar, embora a instrução dos processos em que criminosos são soltos por leis absurdas e polícias retidos em interrogatórios tenham tudo a ver com os absurdos dos códigos penal e do processo penal engendrados em regime de pactos de bloco central, onde o PSD tem, também, a sua grande quota de responsabilidade.

Não interessa tão-pouco lembrar o superdesastre dos anos 90 quando, por supostas razões de eficiência de custos e meios, se reduziu o número de esquadras e se criaram as superesquadras de Dias Loureiro e Cavaco Silva, num governo em que Manuela Ferreira Leite participou. E tudo isto são pormenores do grande disparate governativo que têm um contributo directo na terrível situação a que chegamos, e que o PSD nesta encarnação acha que se resolve demitindo ministros.

A meio da crise. Neste caso, querem que seja Rui Pereira, apesar de ser sob a sua direcção que a Polícia tem tido mais eficácia e menos ambiguidade na gestão dos mais perigosos episódios na história do crime em Portugal.

Depois do ensurdecedor silêncio sobre a vida pública em Portugal, ao fim de três meses de retiro o novo PSD não tem nem propostas concretas, nem aplausos de solidariedade para o que tenha sido bem conduzido, nem críticas ao que de mal esteja a ser feito. Do actual PSD vêm apenas dois registos. O silêncio do vazio de ideias e, agora, esta "exigência" de demissão, que por si só é manifestamente um eco da falta de qualquer outra proposta política séria. Como a própria Manuela Ferreira Leite disse no inconclusivo artigo que recentemente escreveu "a segurança interna é uma função da exclusiva competência do Estado e sobre a qual só se têm ouvido responsáveis intermédios". Presumo que estivesse a fazer a sua autocrítica depois de ter falhado um pronunciamento sobre o modo como o Governo actuou no sequestro do BES quando o PSD estava de férias e não as interrompeu. Se a insegurança no país preocupa a dr.ª. Manuela Ferreira Leite então devia ter vindo já há bastante tempo dar uma palavra de serenidade ao país. Uma palavra que teria tido todo o eco nacional que o PSD quisesse se, por exemplo, tivesse sido dita no comício do Pontal, que preferiu ignorar com os seus esfíngicos silêncios, que os indefectíveis defendem como obras-primas de "estratégia". Aí poderia ter dito, por exemplo, que uma política de segurança nacional tem de ser isso. Nacional. Não pode ser objecto de guerrilhas partidárias, com tiros de pólvora seca a pedir demissões sem mais propostas. A política de segurança nesta crise tem de ser desinibidamente consensual, sem soluções pronto-a-vestir para problemas de extrema gravidade. Um desses seus incondicionais apoiantes, Vasco Graça Moura, escreve no "Diário de Notícias" que "toda a gente sabe que o Pontal não tem hoje importância nenhuma". O dr. Graça Moura tem razão, como sempre. Só que a sua verdade é ainda mais ampla desta vez. De facto, toda a gente sabe que o PSD hoje não tem importância nenhuma.

Os suspeitos do costume

Manuel António Pina in JN


Segundo números da ONU, Portugal, com um total de 464 878 polícias por mil habitantes, é o 2.º país mais policiado da UE (aqui ao lado, a Espanha tem, por exemplo, 2,86).

Surfando eleitoralmente sobre a "onda de criminalidade" que este mês se abateu sobre jornais e TV, Portas exige agora, além de mais quatro mil polícias, a instalação de videovigilância em "bairros problemáticos". Ora, apesar de aparentemente ter aumentado este ano, a criminalidade em Portugal está aos níveis de 2006, pois em 2007 baixara cerca de 10%. E isso sem mais polícias (embora com outro Código de Processo Penal). Não parece, pois, que seja com mais polícias que o "problema da criminalidade" se resolve. Já a videovigilância em locais "problemáticos" pode ser boa solução. E não apenas em bairros sociais. Porque não também em urbanizações de luxo? E em restaurantes onde se realizem "jantares de negócios"? E em serviços de urbanização camarários? E em gabinetes ministeriais "problemáticos" onde se façam leis sobre casinos, se tomem decisões sobre sobreiros e submarinos ou alegadamente se fotocopiem documentos secretos?

Tudo bons rapazes

Manuel António Pina in JN


Finalmente alguém se lembrou de que não há rapazes maus e que a resposta à "onda de criminalidade" que por aí anda é falar ao coração dos assaltantes e apelar ao seu civismo. A ideia foi de Augusto Cymbrom, presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC).

À saída, ontem, de uma reunião no MAI sobre a segurança das bombas de gasolina, vinha tão decepcionado e descrente do Governo que achou que era altura de experimentar a sua própria solução e, apelando à boa índole dos assaltantes, lembrou-lhes que "não compensa assaltar bombas de gasolina" e que devem meter a mão na consciência e pensar que, ao fazerem assaltos, "além de prejudicarem a empresa detentora do posto, estão a pôr em causa postos de trabalho". Por fim, deixou-lhes um bom conselho: "Deixem de assaltar e vão trabalhar, que é melhor". Trata-se de uma táctica (alertar para riscos de encerramento de postos de trabalho) que tem dado excelentes resultados às empresas na Concertação Social e nos assaltos anuais dos sindicatos por melhores condições salariais. Pode ser que também funcione com encapuzados.

terça-feira, setembro 02, 2008

Vai na volta...


Vai na volta... sou campeão olímpico e não sei!!!
Com tanto fingimento em Pequim (fogo de artifício encenado, menina a cantar em playback, a Orquestra Sinfónica de Sidney, afinal fingiu tocar o que tinha sido pré-gravado pela Orquestra Sinfónica de Melbourne em estúdio...), vai na volta o salto do Nelson Évora também foi pré-gravado e sou eu o detentor do salto, não?! ;-)