segunda-feira, setembro 28, 2009

Pano Cru

Ouve, meu amigo
põe a máquina a gravar
queria só explicar aqui
que eu sou como o pano-cru
como pano-cru
eu ainda estou por acabar
e como o linho vem da terra
assim viemos eu e tu
e como tu eu faço e amo
e luto e dou
e como tu eu estou
entre aquilo que já fiz
e aquilo que eu fizer
eu sou de pano-cru

Memórias de um beijo

Luís Represas

Lembras-me uma marcha de Lisboa
Num desfile singular,
Quem disse
Que há horas e momentos p´ra se amar
Lembras-me uma enchente de maré
Com uma calma matinal
Quem foi
Quem disse
Que o mar dos olhos também sabe a sal

as memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar

Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo, ou o espaço
Que é indiferente p´ra poder sonhar

as memórias são
Como livros escondidos no pó
As lembranças são
Os sorrisos que queremos rever, devagar


Quem foi que provocou vontades
E atiçou as tempestades
E amarrou o barco ao cais
Quem foi, que matou o desejo
E arrancou o lábio ao beijo
E amainou os vendavais

quinta-feira, setembro 24, 2009

Os argumentos mais comuns em defesa da praxe e os contraargumentos de quem a combate.


1 - A praxe cria laços de amizade
Este é, segundo os praxistas, um dos principais objectivos da praxe. Contudo, acreditamos que a verdadeira amizade se constrói mais facilmente num ambiente mais propício ao convívio, tendo para isso de ser abolidas todas as práticas cujo objectivo é apenas a humilhação gratuita.

2 - A praxe é uma tradição
A praxe só surgiu no Porto na década de 80, década na qual quase tod@s nós nascemos, logo não se pode afirmar como tradição secular. Mas, mesmo que o fosse, isso não seria motivo para a perpetuar de forma acrítica, não olhando à evolução da sociedade. A preservação das tradições só faz sentido quando somos capazes de as reinventar constantemente, não permitindo que se tornem num entrave ao progresso.

3 - A praxe integra
Apesar de concordarmos com a importância da integração, defendemos que cada um/a deverá decidir por si mesmo como se quer integrar e em quê. Pelo contrário, na praxe estas escolhas são prédeterminadas:
a única integração legítima é a integração pela praxe (através do rebaixamento dos novos alunos) e no mundo da praxe.

4 - A praxe é uma escola de vida
Efectivamente, a praxe veicula um estilo de vida. Uma vida de excessos, limitados no tempo, mas ordeira. Nos dias de catarse colectiva, @s estudantes transformam-se em “foliões”, apropriando-se do espaço público e regredindo, através das músicas e das coreografias, à infantilidade. Para o resto da vida, aprendem a ser submiss@s face aos poderes instituídos. Sobretudo, aprendem a ter medo de dizer não.
@s estudantes ficam assim “empacotad@s”, formatad@s numa cultura retrógrada que se baseia no rebaixamento da mulher “fácil” e do homem “maricas”, na não contestação da ordem estabelecida e no corporativismo inerente à luta entre faculdades.

5 - Só vai à praxe quem quer
Se isto é verdade então porque é que os “guardiões da tradição” esperam @s nov@s alun@s à porta das salas de aula? Para quê todo o jogo de intimidação colectiva e de exibição de poder inerente à praxe?
Na realidade, existem mecanismos de coacção que, embora subtis, são suficientemente eficazes para que @s alun@s do primeiro ano se sintam “obrigad@s” a participar nos rituais praxistas. Ao mesmo tempo que @s praxistas afirmam que tod@s são livres de ir ou não à praxe, ameaçam quem quiser optar por não ir com a ostracização e a segregação académica. A escolha coloca-se assim entre ir à praxe e ser “da malta” ou não ir e ser “anti-praxe”, como se entre o preto e o branco não existisse uma infinidade de cores.
A confusão afectiva d@s nov@s alun@s serve o mesmo objectivo, havendo uma oscilação constante entre momentos de camaradagem (nomeadamente nas festas) e de humilhação. Por outro lado, quando algum/a alun@ do primeiro ano mostra vontade de sair da praxe,
@s que outrora @ humilharam transformam-se subitamente em seus/suas amig@s, situação que se reverterá num futuro próximo.

6 - Na praxe, todos são iguais e o traje académico é o símbolo dessa igualdade
As diferenças sociais, culturais e económicas que existem entre @s estudantes não podem ser resolvidas por uma operação de mera cosmética. Sendo assim, não é por pormos toda a gente a vestir-se da mesma forma que anulamos essas diferenças. Para mais, o uso de insígnias variadas como forma de sinalização da posição ocupada na hierarquia da praxe anula qualquer propósito de criação de uma farda uniforme para os estudantes.
Por outro lado, o traje tem como finalidade principal a diferenciação d@s estudantes (@s “doutores/as”) face ao resto da população (“@s futricas”), num acto de corporativismo elitista próprio de uma sociedade onde o Ensino Superior é ainda encarado como um privilégio.
Digam-te o que disserem, tu podes dizer não à praxe, pois vives numa democracia. A melhor forma de o fazeres, contudo, não é declarando-te anti-praxe perante os “Veteranos”. Quando o fazes, reconheces a legitimidade dos organismos de praxe. O que estás a fazer é pedir autorização aos/às praxistas para não seres praxad@, quando eles não devem ter qualquer tipo de autoridade sobre ti. Se no teu dia-a-dia não deixas que ninguém te subjugue e pense pela tua cabeça, também não o deves aceitar na praxe.
A recusa da praxe pode não parecer uma opção fácil, é certo. Mas também é certo que ninguém te poderá impedir de fazer amig@s, frequentar festas ou participar em qualquer actividade que não esteja ligada ao mundo da praxe.
Contra esta pseudo-tradição bolorenta e ultra-antiquada, na qual serás tratad@ como um número e não como uma pessoa, defendemos uma recepção alternativa baseada no divertimento de igual para igual. Não pretendendo apresentar uma “receita feita” para esta recepção, tal como acontece com a praxe, defendemos antes que sejam @s própri@s alun@s a construí-la de acordo com as especificidades da sua faculdade.
Como jovens, queremos ser agentes de mudança. Rejeitamos o conservadorismo de quem se submete cegamente à tradição e queremos construir uma faculdade integradora, democrática e aberta ao mundo.

Antípodas – Movimento anti-praxe

Procuram-se voluntários


A Reviravolta é uma Associação sem fins lucrativos com o objectivo de promover o Comércio Justo e Solidário. É suportada pelo trabalho de voluntários.

O Comércio Justo é uma das ferramentas chave para combater a pobreza. Como afirma Peter Mandelson, Comissário Europeu do Comércio «(...) Nem todos os consumidores olham para as prateleiras de supermercado e pensam qual o café que fará mais por tornar o mundo um lugar melhor. Mas muitos pensam. Não penso que seja um exagero dizer que isto se deve, em grande parte à iniciativa voluntária, ao empenho e ao entusiasmo do movimento de Comércio Justo.»

Para sermos agentes de mudança na erradicação da pobreza devemos procurar realizar mudanças no nosso quotidiano que se pautam por uma prática continuada de consumerismo.

Colabore das mais variadas formas com o Comércio Justo e estará, entre outras coisas, a combater a pobreza!

Procuram-se voluntários!
info@reviravolta.comercio-justo.org

MUTO a wall-painted animation by BLU



quarta-feira, setembro 23, 2009

Entrevista a Joana Amaral Dias



Comissão Nacional de Eleições



Análise aos analistas



Mr. Shirt Molhada



Consternação entre candidatos



Reflexão sobre as escutas



Escutas... até ver imaginárias...



Silêncio de Cavaco



terça-feira, setembro 22, 2009

Entrevista a Paulo Rangel



Manuela Ferreira Leite e o estrangeiro



Quatro candidatos do PS



Explicação para as escutas



Acusações



Escute, veja as sondagens



Entrevista a Francisco Louçã



Tempo de Antena do PPM



Comitivas do PS e PSD



Arqueologia Política



O Portugal de Salazar



Índice PSD20



Ao que parece...



Fala-se de compra de votos no PSD



Explicação para "esquerda possível"



Esquerda possível



Entrevista a Jerónimo de Sousa



Explicação sobre o discurso político



Tim une discursos



Palácio de Belém



Alegadas escutas



Alegre a favor do PS



segunda-feira, setembro 21, 2009

Saiu para a rua

Saiu decidida para a rua
Com a carteira castanha
E o saia-casaco escuro
Tantos anos tantas noites
Sem sequer uma loucura

Ele saiu sem dizer nada
Talvez fosse ao teatro chino
Vai regressar de madrugada
E acordá-la cheio de vinho

Tantos anos tantas noites
Sem nunca sentir a paixão
Foram já as bodas de prata
Comemoradas em solidão

Pôs um pouco de baton
E um leve toque de pintura
Tirou do cabelo o travessão
E devolveu ao rosto a candura

Saiu para a rua insegura
Vagueou sem direcção
Sorriu a um homem com tremura
E sentiu escorrer do coração
A humidade quente da loucura

Hello, I Love You

Hello, I love you
Won't you tell me your name?
Hello, I love you
Let me jump in your game
Hello, I love you
Won't you tell me your name?
Hello, I love you
Let me jump in your game

She's walking down the street
Blind to every eye she meets
Do you think you'll be the guy
To make the queen of the angels sigh?

Hello, I love you
Won't you tell me your name?
Hello, I love you
Let me jump in your game
Hello, I love you
Won't you tell me your name?
Hello, I love you
Let me jump in your game

She holds her head so high
Like a statue in the sky
Her arms are wicked, and her legs are long
When she moves my brain screams out this song

Sidewalk crouches at her feet
Like a dog that begs for something sweet
Do you hope to make her see, you fool?
Do you hope to pluck this dusky jewel?

Hello, Hello, Hello, Hello, Hello, Hello, Hello
I want you
Hello
I need my baby
Hello, Hello, Hello, Hello

quinta-feira, setembro 17, 2009

Beibi ai la(m)biu

Subi puràbenida ondas gaijas da bida,
assobiabu à passaige desta minha procheta
Mordi a tua cena, a pinta de Madalena
mirei no decote essas mamas pra jugarà ruleta.
Dançamos um tango - ou seria o Fandango?
Só me recordo do ardore das palabras qu't'oubi...

Beibi Ai Labiu Beibi Ai labiu
Beibi Ai labiu, Ai lambiu



O teu bigodinho ruçaba o meu bigodom,
pensei quera indício da tua imancipaçom!!...
O ritimo forte i a batida de morte,
o Discussaunde, a niu-heibe, aquecem-mu curaçom.
Àrderem paixom saquei a tua mom...
I repeti as palabras qu't'oubi...

Beibi Ai Labiu Beibi Ai labiu
Beibi Ai labiu, Ai lambiu

Tempo de Antena 3 - Legislativas 2009 - Bloco de Esquerda



O que é que têm em comum?



Louçã privatiza a letra R



Perguntas



Tirando o 6, não há nenhum número que seja mais próximo do 5 do que o 4!



Problemas de concordância



Porque que é que fala assim?!



Gafes



Os criminosos podem fazer bancos



Lugar aos novos



quarta-feira, setembro 16, 2009

A Jorna



Salazar



João Soares



Propaganda democrática



Dr. José



Dr. Partido



Esquizofrenia Partidária



Esmiuçamos todos



Entrevista a Ferreira Leite



Tempo de Antena 2 - Legislativas 2009 - Bloco de Esquerda



Tempo de Antena 1 - Legislativas 2009 - Bloco de Esquerda



Está na hora

Tudo a cantar!

"Agora não é tarde
Agora não é cedo
Agora não é tarde, nem é cedo.
Está na hora!

Está na hora de fazer a luta toda"

A música "Está na hora", um enorme sucesso nos comícios e acções de campanha do Bloco de Esquerda, está disponível aqui em duas versões: cantada e instrumental, em mp3. Leia abaixo a ficha técnica.

Vozes: Fernando Mariano, Sofia Cunha
Trompete: Nuno Reis
Bateria e baixo: Luís Candeias
Guitarra: Sérgio Vitorino
Teclas: Pedro Rodrigues

Letra: Pedro Rodrigues, Jorge Costa e Sérgio Vitorino
Música: Pedro Rodrigues, Sérgio Vitorino

terça-feira, setembro 15, 2009

So far away

Here I am again in this mean old town
And you're so far away from me
And where are you when the sun goes down
You're so far away from me
So far away from me
So far I just can't see
So far away from me
You're so far away from me
I'm tired of being in love and being all alone
When you're so far away from me
I'm tired of making out on the telephone
And you're so far away from me
So far away from me
So far I just can't see
So far away from me
You're so far away from me
I get so tired when I have to explain
When you're so far away from me
See you been in the sun and I've been in the rain
And you're so far away from me
So far away from me
So far I just can't see
So far away from me
You're so far away from me

Ei-los de volta!



Manuela Aljubarrota



Espanhóis em estado de choque



Associação Anti-Fâquius



Madeirenses



Pequenas e médias coisas



Explica lá isso das nano, mini, mic...



Entrevista a José Sócrates



segunda-feira, setembro 14, 2009

Nunca é tarde para aprender a lavar as mãos



Estamos perante um compêndio da higiene manual e digital, uma bíblia da desinfecção do carpo e metacarpo

in: Visão


A tão negligenciada literatura de casa de banho acaba de obter o significativo patrocínio do Estado. O recente panfleto que a Direcção-Geral de Saúde espalhou por todas as casas de banho públicas do País é, antes de tudo, inquietante - como toda a boa literatura deve ser. Intitulado "Como lavar as mãos?", o texto começa por ser magistral no modo como manipula a arrogância do leitor para, em primeiro lugar, provocar o riso. Um riso que depressa se torna amargo: em poucos segundos, o mesmo leitor que intimamente escarneceu da intenção de quem se propunha ensinar-lhe insignificâncias é tomado pelo assombro de verificar que nunca, em toda a vida, teve as mãos verdadeiramente lavadas. O panfleto apresenta um plano de lavagem das mãos em 12 (doze) passos, incluindo manobras de esterilização com as quais o cidadão médio jamais terá sonhado. Não haja dúvidas: estamos perante um compêndio da higiene manual e digital, uma bíblia da desinfecção do carpo e metacarpo. Este detalhado e rigoroso guia não deixa nem uma falangeta por purificar. Mas - e isto é que é terrível -, ao mesmo tempo que o faz, esfrega-nos na cara a nossa imundície passada e presente.

Ao primeiro passo da boa lavagem de mãos é atribuído, misteriosamente, o número zero: "Molhe as mãos com água." Trata-se, é claro, de um momento propedêutico em relação à lavagem propriamente dita, mas não deixa de ser surpreendente que a Direcção-Geral de Saúde não lhe reconheça dignidade suficiente para lhe atribuir um número natural. O passo número um vem então a ser o seguinte: "Aplique sabão para cobrir todas as superfícies das mãos." É aqui que começa a vergonha. Quem sempre ensaboou não deixará de sentir a humilhação de nunca ter aplicado sabão. A instrução encontra na linguística um cruel elemento diferenciador do grau de asseio: quem sabe lavar-se aplica sabão; os porcos ensaboam-se. Porcos esses que, como é óbvio, olham pela primeira vez para as mãos como extremidades dotadas de uma pluralidade de superfícies.

No passo número dois ("Esfregue as palmas das mãos, uma na outra", recomendação acompanhada de um desenho em que duas mãos se esfregam em movimentos circulares contrários ao movimento dos ponteiros do relógio), quem sempre esfregou no sentido inverso, como é o meu caso, sente que desperdiçou uma vida inteira de higiene pessoal. Os passos seguintes fazem o mesmo, embora em menor grau: em terceiro lugar há que "esfregar a palma da mão direita no dorso da esquerda, com os dedos entrelaçados, e vice-versa"; o quarto passo apela a que se esfregue "palma com palma com os dedos entrelaçados"; e o quinto passo aconselha uma fricção da "parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos entrelaçados". Bem ou mal, com os dedos mais ou menos entrelaçados, estes passos descrevem esfregas que estão ao alcance da imaginação de qualquer pessoa. A partir daqui, o caso piora de novo. O passo seis determina que se "esfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado na palma direita e vice-versa", em movimentos semelhantes aos que se fazem quando se acelera numa motorizada, e o passo sete recomenda que se "esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice-versa". O cuidado posto nestes preceitos amesquinha quem até aqui se limitava a esfregar as mãos uma na outra, descurando, por exemplo, o papel que os dedos devem desempenhar, e logo rotativamente, na higiene.

Enxaguar as mãos é o passo oito. Secar as mãos com toalhete descartável, o passo nove. Mas o passo dez volta a revelar que o processo é complexo: "Utilize o toalhete para fechar a torneira, se esta for de comando manual." A torneira deve, por isso, continuar a correr durante todo o passo nove, provavelmente para prevenir eventuais emergências de enxaguamento, sendo fechada apenas no passo dez. O décimo primeiro passo é o mais interessante: "Agora as suas mãos estão limpas e seguras." A contemplação da limpeza e segurança das mãos constitui, portanto, um passo autónomo neste processo de lavagem manual. No fim da lavagem, falta apenas, com as mãos impecavelmente limpas (e seguras), sair da casa de banho abrindo a porta em que toda a gente mexeu. E, creio, voltar atrás para repetir o processo.

O olho de Alá

Sou figurante! ;-)






Uma Produção Panmixia Associação Cultural em parceria com a Camaleão Associação Cultural

A partir do conto de Rudyard Kipling, ‘The eye of Allah’, a peça fala da viagem de John de Burgos, monge inglês, pintor de iluminuras, que vai até ao sul da Península Ibérica, em busca de ervas medicinais para o Convento e de tintas para a sua arte. No regresso do mundo árabe, traz com ele um pequeno instrumento a que chamavam Olho de Alá, o primeiro microscópio. Esta pequena maravilha permite ver seres extraordinários até numa simples gota de água, inspirando John de Burgos a criar fantásticos demónios para as ilustrações do seu Evangelho de S. Lucas. Quando Roger Bacon visita o Convento, fascinado perante tal avanço da Ciência, saúda o progresso: daqui a duzentos, trezentos anos todos passarão a usar este instrumento. Porém, o Abade do Convento tem sérias dúvidas acerca do herético e perigoso Olho de Alá. Afinal, será prudente antecipar assim o futuro?

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Texto - José Carretas, José Geraldo
Encenação - José Carretas
Música Original - Telmo Marques
Concepção Plástica - José Carretas, Margarida Wellenkamp e Nuno Lucena

Elenco – Helena Faria, João Melo, José Geraldo, Linda Rodrigues, Pedro Estorninho, Rui Damasceno, Rui Queirós de Matos

Datas: De 17 de Setembro a 17 de Outubro de 2009, todos os dias, excepto segunda-feira, às 22h

Local: Garagem da Panmixia - Cace Cultural do Porto

Rua do Freixo, nº1070, Porto

Companhia Subsidiada pelo Ministério da Cultura



PANMIXIA

quarta-feira, setembro 09, 2009

Ultrapassagem à esquerda

As ultrapassagens fazem-se pela esquerda!



Green Bull Air Race - corrida de aviões de papel reciclado - sábado dia 12 Setembro





Que fazem no Sábado?

Que tal uma corrida de aviões de papel reciclado!?

Apareçam na Casa da Horta às 15h para construírem os vossos aviões e participarem na corrida às 16h! Haverá prémios simbólicos para os grandes vencedores!!!!

Será que o teu avião vai ser o que voa durante mais tempo?
Ou o que voa mais longe?

GreenBull
12 de Setembro, sábado

R. São Francisco
15h --> workshop construção aviões de papel reciclado

16h --> corrida de aviões de papel reciclado

MANIFESTO GREENBULL:
Hoje em dia tudo parece girar à volta de ser o mais ambientalmente correcto.
Abrimos os jornais, assistimos telejornais e programas de TV e são cada vez mais as notícias sobre novos automóveis híbridos com redução de C02, programas de reflorestação...

E o que fazem grandes empresas?
Organizam corridas de aviões que emitem X C02 por km.

E o que fazem as câmaras municipais?
Apoiam!!

E o que fazemos nós?
Vamos alugar salas para ver e divertirmos-nos, vamos criar filas de trânsito para lá chegar, vamos de Lisboa (ou até voar desde Nova Iorque) para o Porto porque o ESPECTÁCULO compensa!!! Vamos empurrar-nos e acotovelar-nos uns aos outros, competir pelo lugar melhor, vamos acordar cedo e guardar lugar, vamos pagar bem caro para ver de perto, vamos fazer dinheiro e vender cerveja, vamos deixar a criança subir para cima do telhado, vamos sair mais cedo do trabalho.. Melhor: não vamos trabalhar!!!
Qual S.João qual quê!!!! Passemos a festejar o S. Red Bull!

No final:
C02 emitido pelos aviões, C02 emitido pelos automóveis que transportaram a maioria das pessoas ao local, lixo nas ruas, toneladas de restos de publicidade....

Ligamos a televisão e volta o paleio do costume:
desenvolvimento sustentável, redução de C02, energias renováveis, blá blá blá...

E tu, o que vais fazer?


Nota: este texto deve ser lido com sentido de humor! Com este evento pretende-se chamar a atenção para o facto da nossa sociedade ser cada vez mais uma sociedade do espectáculo em que os valores que tanto reclama são por vezes esquecidos.

Casa da Horta, Associação Cultural
http://greenbullrace.blogspot.com/

terça-feira, setembro 08, 2009

O teatro dos Clã


Noite de 7 de Setembro de 2009.
Os Clã fazem a abertura da nova temporada do Teatro Nacional São João (TNSJ).
Fazendo jus à casa onde se encontravam e aproveitando toda a dimensão do palco, apresentaram-nos um espectáculo todo ele teatral, muito bem encenado, usando todas as técnicas deste meio, para nos surpreender, quer com as subidas de cortinas, quer com os jogos de luzes, que iam iluminando objectos que se encontravam no palco, e que até então eram "invisíveis" ao público.
A acompanhar, os 6 magníficos davam-nos música, a melhor música que se faz (a meu ver, no mundo). Temas de Cintura, Rosa Carne e dois temas de Lustro (Gueixa e Sangue Frio), bem como algumas versões (repetiram "The Beautiful People", de Marilyn Manson, que já tinham tocado no Baile dos Vampiros, a fechar o Fantasporto deste ano) e fecharam com "Women Of The World" dos Yacht, em que a letra passou num rodapé digital transportado por Manuela Azevedo.
Miguel Ferreira, Fernando Gonçalves, Pedro Rito, Manuela Azevedo, Hélder Gonçalves e Pedro Biscaia, deixaram uma vez mais satisfeit@s tod@s aqueles que os acompanharam nesta viagem.


Gueixa
in: Lustro
Letra: Carlos Tê
Música: Hélder Gonçalves

Deixa que o amor te apanhe
Na teia fatal da sua mão
Deixa que o amor se entranhe
Na terra seca do coração

Deixa que o amor te banhe
No seu sabonete de água e sal
Deixa que o amor te arranhe
Com as suas unhas de animal

Sombras brancas como sedas tristes
Estão no teu olhar
Nuvens cinza num céu claro
Que eu quero limpar

Soubesse eu de amor
Como sei cantar
Dava-te o fulgor
E o ritmo do mar

Deixa que o amor te canse
Até à suave exaustão
Deixa que o amor te lance
às feras que inventam a paixão

Soubesse eu de amor
Como sei cantar
Dava-te o fulgor
E o ritmo do mar

Sombras brancas como sedas tristes
Estão no teu olhar
Nuvens cinza num céu claro
que eu quero limpar

Soubesse eu de amor
Como sei cantar
Dava-te o fulgor
E o ritmo do mar

Women Of The World
Yacht

Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end

The world will come to an end, It won't take long

Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end

The world will come to an end, It won't take long

Women of the world take over, If you don't the world will come to an end
Women of the world take over, If you don't the world will come to an end

If you don't the world will come to an end,
If you don't the world will come to an end,
If you don't the world will come to an end, It won't take long ...

segunda-feira, setembro 07, 2009

Namoro

Música: Fausto
Letra: Viriato Cruz

Mandei-lhe uma carta
em papel perfumado
e com letra bonita
dizia ela tinha
um sorriso luminoso
tão triste e gaiato
como o sol de Novembro
brincando de artista
nas acácias floridas
na fímbria do mar
Sua pele macia
era suma-uma
sua pele macias
cheirando a rosas
seus seios laranja
laranja do Loge
eu mandei-lhe essa carta
e ela disse que não

Mandei-lhe um cartão
que o amigo maninho tipografou
'por ti sofre o meu coração'
num canto 'sim'
noutro canto 'não'
e ela o canto do 'não'
dobrou

Mandei-lhe um recado
pela Zefa do sete
pedindo e rogando
de joelhos no chão
pela Sra do Cabo,
pela Sta Efigénia
me desse a ventura
do seu namoro
e ela disse que não

Mandei à Vó Xica,
quimbanda de fama
a areia da marca
que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço
bem forte e seguro
e dele nascesse
um amor como o meu
e o feitiço falhou

Andei barbado,
sujo e descalço
como um monangamba
procuraram por mim
não viu ai não viu ai
não viu Benjamim
e perdido me deram
no morro da Samba

Para me distrair
levaram-me ao baile
do Sr. Januário,
mas ela lá estava
num canto a rir,
contando o meu caso
às moças mais lindas
do bairro operário

Tocaram a rumba
e dancei com ela
e num passo maluco
voamos na sala
qual uma estrela
riscando o céu
e a malta gritou
'Aí Benjamim'

Olhei-a nos olhos
sorriu para mim
pedi-lhe um beijo
lá lá lá lá lá
lá lá lá lá lá
E ela disse que sim

Namoro II

Letra: Luís Represas
Música: João Gil
in: Sepes

Ai se eu disser que as tremuras
Me dão nas pernas, e as loucuras
Fazem esquecer-me dos prantos
Pensar em juras

Ai se eu disser que foi feitiço
Que fez na saia dar ventania
Mostrar-me coisas tão belas
Ter fantasia
E sonhar com aquele encontro
Sonhar que não diz que não

Tem um jeito de senhora
E um olhar desmascarado
De céu negro ou céu estrelado, ou Sol
Daquele que a gente sabe.
O seu balanço gingado
Tem os mistérios do mar
E a certeza do caminho certo
que tem a estrela polar.

Não sei se faça convite
E se quebre a tradição
Ou se lhe mande uma carta
Como ouvi numa canção
Só sei que o calor aperta
E ainda não estamos no verão.

Quanto mais o tempo passa
Mais me afasto da razão
E ela insiste no passeio à tarde
Em tom de provocação
Até que num dia feriado
P'ra curtir a solidão
Fui consumir as tristezas
P'ró baile do Sr. João

Não sei se foi por magia
Ou seria maldição
Dei por mim rodopiando
Bem no meio do salão
Acabei no tal convite
Em jeito de confissão
E a resposta foi tão doce
Que a beijei com emoção
Só que a malta não gritou
Como ouvi numa canção

quarta-feira, setembro 02, 2009

Vozes da Rádio



Dunas



Boas festas



Tu lês em mim



Fado do estudante



Armas brancas e negras



Do mesmo Clã

Letra: Luís G. Claro e Hélder Gonçalves
Música: Hélder Gonçalves

nós falamos
os mesmos idiomas
mundos separados
por credos errados

melhor será compor
outra criação
com deuses que toquem
e cantem

NÓS SOMOS DO MESMO CLÃ

nós voltamos
à tribo global
ainda vestidos
pelo bem e pelo mal

vamos pôr de novo
os clãs a dançar
à volta do totem
do sol

NÓS SOMOS DO MESMO CLÃ

govorimo razlicitim
jezicima....jezicima
razdovjeni svetovi
iz istog smo klana.....iz istog smo klana

nós queremos ser citados por uma fonte luminosa
tomar banho nas margens do erro
flutuar na banheira de Arquimedes
meter a ironia do destino na carta para Garcia
e se ele não estiver
esquecê-la num marco histórico

nós queremos curar o calcanhar de Aquiles
atingir o Princípio de Peter pelo lado do poente
subir a Escala de Richter numa gôndola
tocar na buzina de Harpo Marx
soltar a risada de Bugs Bunny
conduzir a locomotiva de Pamplinas em direcção ao futuro

nós queremos a bengala de Charlot
e o passaporte de Fernão Mendes Pinto
comprar cigarros na mesma tabacaria de Fernando Pessoa
fugir numa fuga de Bach
ouvir a voz de Salomão
propôr uma amnistia para o Othelo de Shakespeare
nós queremos saber onde param os violinos de Chopin
nós exigimos saber o porquê do sorriso de Gioconda
e não queremos saber
quem são os dois amores de Marco Polo no oriente
muito menos quem matou Laura Palmer
porque nós não temos medo do SIS
muito menos de Virginia Woolf

Clã no TNSJ

Barbie Suzie Dolly Polly Pocket

Concerto de abertura de temporada do Teatro Nacional S. João, com os Clã

Segunda, 7 de Setembro, 22h





No álbum de estreia, cantavam: “Nós queremos a bengala de Charlot / E o passaporte de Fernão Mendes Pinto / Comprar cigarros na mesma tabacaria de Fernando Pessoa / Fugir numa Fuga de Bach / Ouvir a voz de Salomão propor uma amnistia… / Para o Othello de Shakespeare”. Banda que ignora alegremente a dicotomia entre alta e baixa cultura, os Clã de Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo – elemento do novo corpo diplomático do TNSJ – inauguram a Temporada 2009-2010 com um concerto que é uma espécie de epígrafe, muito pouco solene, à nova programação. Aclamados em tempos recentes como “a melhor banda portuguesa ao vivo”, os Clã cultivam uma música irrequieta e contagiante, capaz de gerar temas pop de recorte vintage, refrães folk-rock e melodias de um estranho vaudeville. Do seu modus operandi mencione-se a relação lúdica com a língua portuguesa, mediada por um elenco de letristas de superior craveira, como Carlos Tê, Regina Guimarães ou Adolfo Luxúria Canibal. O que os move? Esse “milagre” a que chamamos canção. No último disco, ouvimos: “Um sopro um calafrio / Raio de sol num refrão / Um nexo enchendo o vazio / Tudo isso veio / Numa simples canção”.