quinta-feira, janeiro 24, 2013

Demagogia



E vens tu com um sorriso
Como se fosses um amigo
Mascarado no teu brilho
A tua alma não a sinto

Queres ter o dedo no gatilho
E matar o teu próprio filho
Roubar o teu povo rico
Tu queres viver sozinho

Queres levar a emoção
Manipular a sensação
Censurar a paixão é opressão

Não vai ser assim
Isso não serve pra mim
Eu hei-de resistir em pé na luta até cair

E vens tu com o teu discurso
Mais um esforço é preciso
Metes a mão no meu salário
Viras o mundo ao contrário

Crias pobreza pra teu proveito
Queres um povo enfraquecido
Distraído, preocupado
Alienado ao teu estado

Tudo o que temos vai pró teu bolso
Comes a carne, deixas o osso
Estás metido até ao pescoço
És o culpado

Não vai ser assim
Isso não serve pra mim
Eu hei-de resistir em pé na luta até cair

Fazes a demagogia
Eu faço a revolução

Devolve-me a nação

Queres levar a emoção
Devolve-me a nação
Queres levar a sensação
Devolve-me a nação
Mascarar a visão
Devolve-me a nação
Censurar a paixão
Devolve-me a nação

Tonto



Angra do Heroísmo, 22 de Junho de 2011

Charlatão



Para além das aventuras vocais nos Xutos & Pontapés, Kalú tinha-se já aventurado no projecto "Voz & Guitarra". Aqui, acompanhado por Nuno Rafael, a sua versão de "Charlatão", de autoria de Sérgio Godinho e José Mário Branco. A título de curiosidade informo que para cumprir os requisitos do projecto, apenas voz e guitarra, Kalú recorre ao uso de botões para fazer percussão.

Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas

P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Comunicação



Já não sei

Que mais posso fazer

O que devo dizer pra entender


Já tentei

Esperar o amanhecer

Ver o sol nascer

Pra me conhecer


Baixo as armas, tiro o escudo e o mundo

Às vezes eu preferia ser surdo ou mudo

Os dois ou nenhum

Apenas ter o meu espaço

E o vento, e o meu traço, desembaraço


Que posso dar pra te chegar?

(já não sei, eu não sei)

O que hei-de falar pra te alcançar?

(já não sei, eu não sei)

Um dia eu vou encontrar

Nem que seja a cantar por ti

E nesse dia saberei como cheguei aqui

Depois do fim vem um início

Eu vou recomeçar


O espelho sorri pra mim

Vai ser hoje

Eu vou longe

Acredito que sim


Parece tão fácil

É um assunto frágil

Como a flor que dá vida ao jardim


Quero falar, não me sai a palavra

Eu quero expulsar a sensação amarga

Que mata e corrói!

Que agarra e que dói, só destrói

Gostava de ser um herói


Que posso dar pra te chegar?

(já não sei, eu não sei)

O que hei-de falar pra te alcançar?

(já não sei, eu não sei)

Um dia eu vou encontrar

Nem que seja a cantar por ti

E nesse dia saberei como cheguei aqui

Depois do fim vem um início

Eu vou recomeçar


Letra: Vasco Ferreira
Música: Kalú

Kalú: Voz, bateria percussão e coros
Nuno Lucas: baixo
Marco Nunes: Guitarras

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Comércio Justo

A minha participação sobre Comércio Justo no programa Bypass do Rádio Clube Português, conduzido por Ana Sereno a 21 de Fevereiro de 2008.


sábado, janeiro 19, 2013

A lua partida ao meio



olha a lua partida ao meio
de tão baixinha que está
quase leva as copas das árvores
e o cabelo dos homens altos.

se eu fosse muito guloso
comia esta lua em forma de queijo.

olha a nuvem, a nuvem branca
quer tapar o nosso queijo
nuvem gorda e sem vergonha
invejosa da luz da lua.

tu já viu que esta noite não tem vento?

olha a lua partida ao meio
se eu pudesse sentava nela
e ficava espiando a terra
e me via olhando ela!

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Passou por mim e sorriu



Ele passou por mim e sorriu,
e a chuva parou de cair,
o meu bairro feio tornou-se perfeito,
e o monte de entulho, um jardim.

O charco inquinado voltou a ser lago,
e o peixe ao contrário virou.
Do esgoto empestado saiu perfumado
um rio de nenúfares em flor.

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!

No metro, enlatados, corpos apertados
suspiram ao ver-me entrar.
Sem pressas que há tempo,
dá gosto o momento,
e tudo mais pode esperar.

O puto do cão com seu acordeão,
põe toda a gente a dançar,
e baila o ladrão,
com o polícia p'la mão,
esvoaçam confetis no ar.

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!

Há portas abertas e ruas cobertas
de enfeites de festas sem fim,
e por todo o lado, ouvido e dançado,
o fado é cantado a rir.

E aqueles que vejo, que abraço e que beijo,
falam já meio a sonhar,
se o mundo deu nisto e bastou um sorriso,
o que será se ele me falar.

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!

Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.

Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!

sexta-feira, janeiro 11, 2013

Perto da paixão

Eu hoje acordei de todo
Estou que nem me posso ver
Sinto atear um fogo
Um ódio assim de morrer

Deixo a barba por cortar
E o cabelo em desalinho
Por favor não quero estar
Fechado em casa sozinho

Eu vou até onde os sonhos vão
Bem longe da razão
Eu vou até onde os sonhos vão
Bem perto da paixão

Dão-me ganas de partir
Fazer-me à estrada, eu sei lá
Mas não sei se quero ir
Ou se não quero é estar cá