quarta-feira, dezembro 17, 2014

Parabéns Ricardo!

Hoje o Ricardo faz 5 anos.

Nesta foto:


tinha eu 4 anos e meio.

A 17 de Dezembro de 1989 (20 anos antes do Ricardo nascer), tinha eu 13 anos, escrevi isto:

Domingo, 17 de Dezembro de 1989

Hoje houve eleições autárquicas, e como sempre fomos comer à minha avó.
Às 17h00m a minha mãe teve de ir apanhar o comboio para a Régua.
Os resultados das eleições foram os seguintes: o PS ficou com a câmara de Lisboa (Jorge Sampaio) e do Porto (Fernando Gomes) e teve a maioria das câmaras.

Com a mãe do Ricardo e do Diogo no meu 14º aniversário (idade actual do Diogo)

quinta-feira, setembro 11, 2014

Terça-Feira, 11 de Setembro

Carta de um chileno, vítima do golpe militar de Pinochet, aos americanos vítimas do ataque terrorista do 11 de Setembro de 2001.


terça-feira, junho 03, 2014

Abstenção

Miguel Sousa Tavares, dizendo-se contra o voto obrigatório, como acontece p.e. no Brasil, vem com uma ideia peregrina: quem não votar em 2 eleições consecutivas, ficaria automaticamente impedido de votar durante 5 anos...
Em primeiro lugar, onde é que o Miguel foi buscar a ideia de que quem se tem abstido se iria importar com isso?!
Em segundo lugar, a ser tal e qual como o descrito, se for uma decisão automática, sem recurso, quem ficar impedido por uma razão ou outra de votar 2 eleições consecutivas, perderia o direito de voto durante 5 anos...
Ou seja, estive 2 anos a dar aulas nos Açores. Durante esse período houve eleições legislativas e presidenciais. O estado não arranja vôos gratuitos na SATA, em helicópteros militares, viagens em submarinos?! para o continente. Mais, permite que estudantes universitários deslocados votem, mas não o permite a qualquer outro trabalhador deslocado, nem mesmo a professores, votar (quando havendo já uma solução para estudantes, não era preciso inventar nada, bastava fazer igual), e o cidadão eleitor é que tem de ser penalizado por isso?! No meu caso, ficaria impedido de votar nas últimas autárquicas, nas últimas europeias e ainda continuaria a ser um eleitor suspenso, por mau comportamento, durante uns anos... Se é para falar por falar e avançar com ideias peregrinas, avanço com uma que ouvi: Porque não, dar mais um dia de férias a quem for votar?

quinta-feira, maio 08, 2014

Praga


Alerta


segunda-feira, maio 05, 2014

Concurso do Método

(Carlos Tê/ Hélder Gonçalves)

benvindos ao estúdio
onde vai ter lugar
mais uma sessão do concurso do método
mas antes do prelúdio
um breve interlúdio
para a publicidade

caro telespectador não faça zap
porque nós vamos saber
o olho do grande irmão que em sua casa o vigia
toda a noite, todo o dia
e arrisca-se a perder
o direito de concorrer
ao grande concurso do método

e a pergunta é:
qual é o método que usa para consumir?
sonha por catálogo da t.v. shop
ou prefere atendimento personalizado
faça uma frase, uma prosa, um poema
e você, aí em casa, basta um telefonema
e ganha uma viagem ao país dos Iglôs
a Guadalupe, Bermudas e Barbados
à Lapónia, ao Alaska, aos eternos congelados
e ganha ainda a fantástica
máquina de descascar desejos
...e eis a brilhante vencedora
a D. Berta da Amadora!!!

(O Concurso do Método tem o patrocínio dos electrodomésticos GRUNFT. Dirija-se a qualquer loja e adquira já qualquer um dos magníficos electrodomésticos da gama GRUNFT. GRUNFT com GRUNFT porque grunfta melhor. GRUNFT!!)


quando passo numa montra onde tudo é tão bonito
entro logo, faço a compra
vejo logo necessito
eu sinto a falta de tudo
ao que é novo não resisto
só estou bem a consumir e se consumo logo existo
é assim quando consumo
o Visa corre entre carris
sinto-me assim não sei como, a modos que leve e feliz
prazer puro, entusiasmo
dura pouco, vai para o lixo
muito perto do orgasmo
muito além do capricho

(E leva ainda 101 contos para pôr no seu porquinho mealheiro. Mais uma magnífica e inultrapassável oferta das lojas GRUNFT!)

quarta-feira, abril 23, 2014

OUTRA VEZ

(John Ulhoa / Hélder Gonçalves)

Dizem pra te contentares
Se um amor a vida traz
Tanta gente sem nenhum
Que é errado querer mais

Não consigo ser assim
Tanto amor que há pra gastar
Se o romance acabar
Numa próxima estação

Eu sei que vou me apaixonar
Sei que vou me apaixonar
Outra vez

Dizem que se terminou
É porque não era amor
Não me venham reclamar
Que alguém sem par ficou

Não prejudiquei ninguém
Na matemática dos casais
Se o romance não valeu
No próximo verão

Sei que vou me apaixonar
Sei que vou me apaixonar
Outra vez

CURTO CIRCUITO

(Sérgio Godinho / Hélder Gonçalves)


É curto o circuito
entre o temporal e a calmaria
acertei polos
e pronto
já positivei o dia

Não dês
o dito por não dito
não sou o teu curto circuito

Negativados
sempre de apagão em apagão
no entanto perto
da lua nascer num só clarão

Não dês
vaidade ao positivo
nem condescendência ao negativo

Rasga a minha pele
não me rasgues a pele
cicatriza perto
da energia incandescente
do amor

Não vale a pena
tudo vale a pena
diz o livro das tarefas
da energia incandescente

Tocas-me fundo
e nisso é contínuo o desafio
por ironia
é chamado estático o arrepio

Não dês
potência a uma só luz
nem te esvaias
em tudo o que reluz

Rasga a minha pele
não me rasgues a pele
cicatriza perto
da energia incandescente
do amor

Não vale a pena
tudo vale a pena
diz o livro das tarefas
da energia incandescente
deste amor

Não vale a pena
tudo vale a pena
diz o livro das tarefas
da energia incandescente

A VER SE SIM

(Nuno Prata / Hélder Gonçalves)

Como se,
por fim, soubesse
aquilo que do amor se faz — mas
não sei bem.
Nunca sei,

visto que
vagueio em vão, só
no descrer
me demoro —
e se tu
fores meu chão?

Pois, tu
és o que me dás aos dias;
és o que cresceu em mim —
e ando eu tão perdida,
a ver
se sim…

Se o que sou
se confunde com o
que não dou,
quem vai ser capaz de
querer do amor
solução? Tu.

Tu,
naquilo que dás aos dias,
na soma do que és em mim
com o que me traz perdida —
a ver
se sim.

BASTA

(Arnaldo Antunes / Hélder Gonçalves)

o estômago no coração
uma estrela pra pegar com a mão
mais um livro fora do lugar
um copo d’ água para transbordar

uma bússola em vez de relógio
uma festa depois do velório
um quilómetro ao redor de mim
toda a primavera um dia chega ao fim

mas eu sei
que aproveitarei
e isso basta, basta
se é pouco
o resto eu dou de troco
e isso basta, basta

um botão pra desabotoar
uma boca para abocanhar
dez segundos para decidir
todo o mundo junto pra conseguir

um supermercado como labirinto
um olho fechado pra mostrar que minto
muita paciência para escutar
menos timidez para poder falar

mas de perto
o que pegar eu aperto
e isso basta, basta
e de dentro
o que não der eu invento
e isso basta, basta

eu sei que aproveitarei
e isso basta, basta
o resto eu dou de troco
e isso me basta, basta
basta
basta

OUTRO MUNDO

(Sérgio Godinho / Hélder Gonçalves)

Toco ao de leve
as dedadas
cavo fundo
as ossadas
Tabuleta
esqueleto
num outro
alfabeto

Vais ter que vir doutra vida
pra teres outras vidas de mim
Vais ter que ser de outro mundo
pra seres outro tanto de mim

Eu preciso de uma prova concreta
pra saber que vens de outro planeta

Impressões
digitadas
ossaturas
musculadas

Um só objecto
identifica
quem se vai
quem se fica

Vais ter que vir doutra vida
pra teres outras vidas de mim
Vais ter que ser de outro mundo
pra seres outro tanto de mim

Eu preciso de uma prova concreta
pra saber que vens de outro planeta

Desvenda-me o código
Desvenda-me o teu código / desvenda-me

ZEITGEIST

(Samuel Úria / Hélder Gonçalves)

Vestes verde, que és campestre.
Foste mestre de Feng Shui.
Sempre te modernizaste:
Tatuaste “Amor de pai”.

É indigência chique;
Um balde de água freak.

Tão fora
Que até chegas a ser homem.
Vestes rosa se é de imprensa,
Pensas que é só cor carmim.
Sabes cem passos de dança.
Estuporaste a MTV.

Sem dó, sem fé, sem pressa:
Lado negro da farsa.

Tão brando
Que até chegas a ser homem.

Mas ouve o som! Ouve o som!
Tocou o despertador.
(És um tipo do teu tempo)
O rei e senhor.

(És do tipo do teu tempo)

Ciber-agitador,
(Mestre-sala do teu tempo)

Vestes preto sem ser luto,
Hoodies são os novos fraques.

Animado anonimato:
Quem vê caras vê Guy Fawks .
Ouve o som! Ouve o som!
(És um tipo do teu tempo)
Mas põe-te a andar

(És do tipo do teu tempo)
Tu és o rei e senhor,
(Mestre-sala do teu tempo)

Mas já tocou. Ouve o som!
Põe-te a andar.

MUSEU DO MUNDO

(Arnaldo Antunes / Hélder Gonçalves)

as ondas vêm
as nuvens vão
sem direção
eticétera e tal
tudo igual

as horas vêm
os dias vão
na imensidão
sem voltar pra trás
tudo em paz

no museu do mundo
onde eu me perdi

nesse lugar
não há futuro
onde chegar
nem continuar
nem morrer

estamos sós
nós dois a sós
só tu e eu
nessa solidão
sem nos ver

no museu do mundo
onde eu me escondi

restos mortais
e animais
em extinção
rastos ancestrais
pelo chão

e nada mais
só espirais
de um furacão
na respiração
vêm e vão

no museu do mundo
onde estou, aqui

CANÇÃO DE ÁGUA DOCE

(Samuel Úria / Hélder Gonçalves)

Pôs-se a cantar
O amor ao rio
E este seguiu
Sem replicar.
Veio a resposta
Em breve assobio,
Que o vento trouxe
Um travo a mar.

E ela provou que ele
Também está só:
Foi de água doce,
Mas amargou.

Emudeceu
Por estar sem rio.
O olhar vazio,
Voltou-se ao céu.
Raio e trovão,
Setas de cupido,
Volveu paixão
Quando choveu.

Ela esticou-se e
Molhou a mão.
Era água doce;
Fez-se em canção.

Artesanato

(Sérgio Godinho / Hélder Gonçalves)

O nosso amor
está no lugar exacto
artesanato
de calor apurado

Bicicleta
em roda livre e secreta
livre é a meta
desta vida inexacta

Setembro é mesmo
o começo do ano
sim, o vento mudou
cai o pano

Artesanato
exercício de estilo
intencionalmente
tão perfeito e inexacto

Matérias do corpo
tão particularmente
num pega e despega
frequente

Toca que toca
Setembro é chegado
sim, o vento mudou
dá de lado

Ai Ui
Ei por onde é que andaste
a subir escarpas
e a descer ao regato
Oi Ei
Ai que falta me fez
o teu artesanato

Escultura
pés de barro perenes
por vocação
tão espessos, tão ténues

por intuição
molda-se a mão à pele
não sabe do amor
quem só quer saber dele

Folha caduca
Setembro é chegado
nunca varre o vento
o passado

Artesanato
acto eléctrico acústico
mesmo rústico
se sofisticado

Matérias do corpo
tão particularmente
num pega e despega
frequente

Ai Ui
Ei por onde é que andaste
a subir escarpas
e a descer ao regato
Oi Ei
Ai que falta me fez
o teu artesanato

TAMBÉM SIM

(Regina Guimarães / Hélder Gonçalves)

a menina
do teu olho
a ravina
do teu rim
a nudez
de uma mão
talvez não
também sim

és o sul
do meu desnorte
és a foz
desta nascente
és o mar
que sobe à boca
sê a porta
do oriente

a orelha
o pulmão
a garganta
o joelho
tu e eu
grão a grão
também sim
talvez não

és o sul
do meu desnorte
és a foz
desta nascente
és o mar
que sobe à boca
sê a porta
do oriente

ensina-me magia
na aula de anatomia
eu mesma sou lição
cobaia por vocação

o voo
de asa cortada
a dança
no pé de vento
o sopro
do coração
talvez sim
também não

és o sul
do meu desnorte
és a foz
desta nascente
és o mar
que sobe à boca
sê a porta
do oriente

A CONTA DE SUBTRAIR

(Regina Guimarães / Hélder Gonçalves)

cada bola cada bala mata um
lei da selva lei da escola
rei do pim pam pum
ó setora o meu pai ensinou-me assim

de pequenino se traça o destino
de pequenino se faz o assassino

cada fala cada faca mata um
lei do sangue lei do medo
rei do pim pam pum
ó setora o papá é igual a mim

de pequenino se traça o destino
de pequenino se faz o assassino

de pequenino se aceita o destino
de pequenino se faz o assassino

ó setora
quem mais chora menos mija
era o que dizia a minha avó
mãe do meu pai a cota
e a cota sabia-a toda
seja como for
sejas tu quem fores
o mundo é dos fortes
está ver a cena a cores
se a alma não é pequena
dez no focinho
noves fora
um herói
estamos todos fodidos
e mal pagos
a senhora também
não é setora?
mas a gente sabe da poda
da ganda foda
e a senhora não

que se lixe
bué da fixe
os alunos saberem mais
que a professora
é só uma conta de subtrair
e não vale trair
que a setora tem quatro pneus
e não há air bag que lhe valha

de pequenino se traça o destino
de pequenino se faz o assassino

de pequenino se aceita o destino
de pequenino se faz o assassino

Rompe o Cerco

Letra: Carlos Tê
Música: Hélder Gonçalves
in: Corrente

Limpo as mãos
Vou embora
É outro dia
A luta continua
Lavo a chaga
Purgo a dor
Salto a cerca
O luto continua
Pinto os olhos
Unto a pele
Venho à tona
A vida continua
Mordo a rua
Cuspo o fel
Rompo o cerco
A lama continua
O circo continua
A farsa continua

Eu sei que algo vai mudar
O jogo vira custe o que custar

Faz a mancha
Cava a falta
Esfrega a alma
A lama continua
Limpa a chaga
Salga a dor
Salta a cerca
A vida continua
Limpa as mãos
Vai embora
É outro dia
A luta continua
Lava a chaga
Purga a dor
Salta a cerca
A vida continua

Eu sei que algo vai mudar
O jogo vira custe o que custar


A paz não te cai bem

Se o amor faz sofrer
Se a paixão faz doer
O que o ódio fará?

Não soube o que dizer
Magoei sem querer
Mas não queres perdoar

Discutiste
Insististe
E pior não me ouviste
Nem me viste chorar

Eu cedi
Concordei
Admiti que errei
Mas só queres guerrear

E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Não Não

Argumentos que ferem
Silêncios torturam
Gestos são letais
E afinal, pra quê mais?
Concordar jamais
Mesmo que eu diga sim

E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Vi também que a paz em ti não fica bem
Não Não

Oh Não
E eu vou
Vou desandar daqui
Antes que o céu
Decida desabar sobre mim

E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Vi também que a paz em ti não fica bem

Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Sei também que a paz em ti não fica bem
Não Não


quinta-feira, abril 03, 2014

Um dia não são dias não



Como que morto para o mundo
Expiro num sono profundo
Enterrado no colchão

Quando a minha mulher me chama
E me faz saltar da cama
Pergunta "sabes que horas são?
É que eu já estou atrasada
E a bebé está acordada
A precisar de atenção".

Mudo a fralda à bebé ainda a dormir a pé
A tactear na escuridão
Tento combinar-lhe a roupa
Antes de lhe dar a sopa - é essa a indicação

Entrego a bebé à avó
Para conseguir ficar só
Enquanto elas vão dar a volta ao quarteirão

Aproveito assim que posso
Para aquecer o meu almoço
Um resto de arroz de feijão
Que vou comer para o sofá
A amaldiçoar a manhã e o amanhã
Deitado em frente à televisão

Diz-se um dia não são dias,
Mas às vezes é esta a frustração:
A de saber que quando são,
um dia não são dias não.

Passo o dia em pijama
Pronto para voltar para a cama,
A curtir a depressão

Tenho um emprego precário,
Um part-time temporário,
Um biscate que arranjei no fim do verão

Mas hoje é o meu dia de folga:
É o dia que mais me empolga,
É uma verdadeira vocação.
Também já fui avisado
QUe no fim do mês vou ser dispensado - a crise é a justificação.

Então, em vez de proletário a fingir
Volto a ser o que sempre fui:
Um burguês falido.
Volto a ser o meu próprio patrão,
A magicar o dia inteiro
Mil maneiras de conseguir ter dinheiro
Sem cravar a mulher, a mãe e o irmão.

Diz-se um dia não são dias,
Mas às vezes é esta a frustração:
A de saber que quando são,
um dia não são dias não.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Sinto frio

Bolas!
Há músicas que ligam o botão da máquina de lavar que há cá dentro e tudo mexe...
O ar fica rarefeito, talvez por causa da água que entra para levar tudo... E como a água em excesso sai pela porta da máquina, a água começa a sair pelos olhos enquanto tudo o que está cá dentro começa a assentar dos tombos...

Guilherme Rietsch Monteiro
12 de Fevereiro de 2014

segunda-feira, janeiro 27, 2014

Circunstância

Entre a manhã que se faz
Invisível de orvalho
E a tarde que traz
Todo o seu brilho...

Sem pedir a maré sobe
Enche a noite de luz
Para se poder já ver
O que é certo acontecer...

... descanso no vazio
... entre as formas dos dias
... dou corpo à mudança
... sigo a circunstância

Entre grandes passos dados
Há enormes intervalos
Entre alguns cruzamentos
Há olhares mais intensos

Foram presos com correntes
Soltam-se de repente
Folhas passam a flores
Ódios por Amores

... descanso no vazio
... entre as formas dos dias
... dou corpo à mudança
... sigo a circunstância

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Podes ser

Podes ser
A nuvem, se eu for chuva...?
Podes ser
O rosto de Cristo, se eu for Judas...?
Podes ser
O meu pulmão, se eu for o ar...?
Podes ser
A ilha que me vai salvar...?

Podes ser...
O meu complemento...?
A metade do meu completo...?
O simples no meu complexo...?
Podes ser...?

Podes ser
No meu silêncio, o agasalho...?
Podes ser
No suplício, a minha sombra...?
Podes ser
No meu devir, a minha guia...?
Podes ser
No vento leste, a minha onda...?

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Desculpa mal dada (abuso de poder)

Foste inventada para um único propósito
Só és utilizada em último recurso
És sempre aliada a diversas situações
És pau para toda a obra, desde o tempo às emoções

És a desculpa mal dada por quem te inventar
Mas por mim estás desculpada, isso é abuso de poder

Tens variantes médias de uso frequente
São as meias-mentiras ditas por toda a gente
Se te tiram o prefixo podem-te prender
Ficas só com a culpa, sem saber o que dizer

És a desculpa mal dada por quem te inventar
Mas por mim estás desculpada, isso é abuso de poder

És a desculpa mal dada por quem te inventar
Mas por mim estás desculpada, isso é abuso de poder

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

sábado, janeiro 25, 2014

E.N. 109

Já não há medo
lúcida dor, talvez
filme da vida a rodar
última curva
último grito e, enfim
só este mundo a aguardar.

Se eu pudesse prever o futuro
se eu tivesse podido prever
cálida vida
pálido amanhecer
Oh! quem viesse apartar este
muro
suspender esta pena de mim
doce modorra
fins de tarde sem mim.

De olhos fechados
vejo as coisas tão bem
privilégio terminal
ciclo encerrado
desfecho iminente
que Deus exista, afinal.

Tantos anos contém um segundo!
quantos mais deixarei por viver?
beijos trocados
antes de adormecer
Oh! quem viesse apartar este
muro
suspender esta pena de mim
doce modorra
fins de tarde sem fim.

Música: Telmo Marques
Letra: José Guedes

E. N.109 by Luis Portugal on Grooveshark

Teleguiado

Serás só mais um
A ser teleguiado...?
Aqui neste cantinho
Bem manipulado

Houve quem já deu o passo
Tomou a iniciativa
E tu amigalhaço
Vais andando à deriva...?

Até quando irá durar
A bateria deste comando?
Que te vai teleguiando?

Vais indo nessa tua
Única faixa de rodagem
Vais sendo ultrapassado
E nem vês o tracejado

Ouve as músicas do tempo
Encontra lá o teu alento
Prepara o teu futuro
Pois não há obra sem prumo

Até quando irá durar
A bateria deste comando?
Que te vai teleguiando?

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena, Nuxo Espinheira e Hugo Sampaio

terça-feira, janeiro 21, 2014

560

Já pensaram no cinco seis zero?
Não é data nem é número do prémio
Não é combinação de cofre
Ou escavadelas de pá
Nem são as vezes que este país sofre
Pelas voltas que tudo isto dá

É tudo aquilo que fazemos por cá
Seja um par de sapatos, ou uma saqueta de chá
Sempre seguidos, como manda o mercado
Logo ao início, é o nosso código

Nunca serão resultado desportivo
Porque o jogo tem sempre dois lados
Podiam ser em conversa de café
Os metros que o bêbado andou em pé

Podem mesmo ser a salvação aguardada
Da economia e toda esta trapalhada
Ao apostarmos mais na divulgação
Este código nunca será em vão

É tudo aquilo que fazemos por cá
Seja um par de sapatos, ou um casaco de lã
Sempre seguidos, como manda o mercado
Logo ao início, é o nosso código

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Casa Partida

Quando vivia em Valpaços nos anos 80 do século passado, os 190 km que separam Porto e Valpaços eram intermináveis. Pelo caminho passávamos por uma casa que entre nós chamávamos a "Casa Partida". Era comum ouvir-se: "Ainda falta muito?!" e a resposta "Ainda não passámos pela Casa Partida". A "Casa Partida", era uma casa que subsistia à margem da estrada, cujo r/c da mesma tinha sido "arrancado" por uma enxurrada, mantendo-se a casa de pé. No local havia placas a sinalizar os mortos.

A casa da foto, tem uma história mais alegre. Parece sorrir! :-)

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Mandela

Mandela foi presenteado com duas vacas e quatro carneiros, como recompensa pela sua condição de homem, e depois participou numa cerimónia final, em que ouviu um discurso memorável proferido por um irmão de Jongintaba, o chefe Meligqili, que avisou os jovens de que as promessas de virilidade eram todas uma ilusão, pois eles eram um povo conquistado, escravos no seu próprio país.
Eram chefes que nunca governariam, ou jovens que iriam para a cidade, viveriam em barracas e beberiam álcool barato, ao mesmo tempo que arruinariam os pulmões nas minas, para que o homem branco pudesse viver numa prosperidade inigualável.
Os filhos de Ngubengcuka, a flor da nação xhosa, estavam a morrer.
Embora o chefe talvez pretendesse que as suas palavras fossem um apelo, um aviso, ou mesmo uma chamada às armas, Mandela percebeu que os outros jovens se sentiam como ele - furiosos, não com o homem branco, mas com o chefe, por lhes estragar o grande dia com os seus comentários ignorantes. Naquela altura, para Mandela, o chefe não conseguia apreciar o valor da educação e os benefícios que o homem branco trouxera ao país.
Contudo, o chefe plantara uma semente dentro dele, que, ao longo do tempo, começou a crescer. Como descreve nas suas memórias, percebeu mais tarde que o ignorante nesse dia não era o chefe, mas ele.

A Juventude de Mandela
David James Smith