No Natal eu quero V.A. Troppers
Vi na televisão e adorei, passei-me e fiquei maluca
Isso é de bebés!
Eu quero uma espada maior do que a dos Imortais
Mas muito mais afiada
Cala-te seu grande anormal!
Moto-ratos, porque são muita radicais e vêm de Marte
Oh! Otária!
Vou ter uma pistola melhor que a do Walker
Para castigar os malfeitores
(Cara de Elefante!)
Cala-te seu grande cabeça de alho-choxo!
Power Rangers
Porque estão cheios de acção e vieram para te salvar
Bébézinha!
Vou ter uma faca maior que a do Tarzan
Muito maior
Deficiente mental!
Quero uma Barbie
Para entrar no concurso e ganhar muitos prémios
Grande coisa!
Vou ter uma espingarda
Maior que a do Exterminador Implacável
Ho! Ho! Ho! Feliz Natal
Eu quero o CD dos Bon Jovi
Porque ele é muita giro e espectacular
Cara de tangerina!
Vou ter uma metralhadora gigantesca
Muito maior que do Rambo
Cala-te cabeça de alho-choxo!
Eu quero os Take That
Porque têm músicas muita fixes e curtidas
Sua grande anormal!
Vou ter uma bazuca igual à do Action Man
Para rebentar com uma cidade inteira
Cala-te tromba de elefante!
Quero o Bryan Adams, porque é o maior e ponto final
Vou ter um laser maior do que o da Enterprise
Para desintegrar o mundo
Cala-te seu boi desdentado!
Quero o Michael Jackson
Porque dança muita bem
E tem telediscos muita loucos
Ah! Ah! Ah! Adeus e Feliz Natal!
Ho! Ho! Ho! Feliz Natal
sábado, dezembro 22, 2012
segunda-feira, dezembro 10, 2012
domingo, dezembro 09, 2012
Insónia
Acordo ou deixo dormir
O meu monstro da noite
Era bom poder, sorrir...
Em escassas horas de sono
Assim sento e recolho
Ao frio da insónia
Que vi, em mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não...
Dessa mente que não quer sossego!
Dessa mente que não quer sossego!
Murmúrios ou medos
Há quem durma sem jeitos
Em cima de uma cama
A rir, de mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanha eu devo ir trabalhar!
Mais do mesmo se encontra...
Nestas horas de ponta
O corpo pede a alma pra dormir,
Em mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanha eu devo ir trabalhar!
Num sonho por sonho
Num monopólio de oiro
O vício da insónia
Não consegui...
quinta-feira, dezembro 06, 2012
Amanhã (talvez)
Faz com que eu olhe
O fim de nós.
E a pressa que o tempo tem...
Razão p'ra nos deixar tão sós.
Se não houver amanhã,
Acaba o teu ódio também.
Se não houver amanhã,
Guarda o teu ódio também.
Faz com que eu não olhe
A dor como cura em nós.
Em jeito de amor-perfeito,
Recorda a quem já deste a mão.
Se não houver amanhã (...)
Porque eu não vi outra forma.
Não conheci outra hora.
Eu fugi por ser o que tu não vês...
Em ódio tu lês,
Em ódio tu vês, um amanhã, um amanhã,
um amanhã, um amanhã talvez...
quarta-feira, dezembro 05, 2012
Eu esperei
Eu esperei
Mas o dia não se fez melhor
E o sujo não se quis limpar,
Inventou mais flores em meu redor
Como se eu não fosse olhar!
Enfeitou as ruas para cobrir
Terra seca de não semear
Deram-me água turva a beber
Dizem cura e força e solução
Como se eu não fosse olhar!
Eu esperei
Mas o fumo não saiu da estrada
Arde o sonho em troca de nada
Dizem festa, mas é solidão
Como se eu não fosse olhar!
A mentira não se fez verdade
E a justiça não se fez mulher
A revolta não se fez vontade
Braços novos sem educação
Sangue velho chora de saudade!
Eu esperei
Dizem luta mas não há destino
Dão-me luzes mas não é caminho
Dizem corre mas não é batalha
Como quem não quer mudar!
Esta corda não nos sai das mãos
Esta lama não nos sai do chão
Esta venda não deixa alcançar.
Cantam "armas" mas não é amor
Mão no peito mas não é amar
Fato justo mas sem lealdade
Cavaleiro mas já sem moral
Braços sujos que se vão esconder
Braços fracos não são de lutar
Braços baixos não se querem ver
Como se eu não fosse olhar!
Eu esperei
Pelo tempo transparente em nós
Pelo fruto puro de escolher
Pela força feita de alegria
Mas o povo dorme na ilusão!
E a tristeza é forma de sinal
Liberdade pode ser prisão...
Meu deus, livra-nos do mal
E acorda Portugal...
quinta-feira, novembro 29, 2012
Porque quero estar contigo
O dia já chegou ao fim
E a noite faz lembrar
Tudo o que há em ti
E que me faz sonhar
Teu beijo atrevido
Faz-me enlouquecer
Dizes "Quero ir contigo, onde tudo é prazer".
E tu não estás aqui
És uma alucinação
Não vou ficar sem ti
E perder a emoção
Porque quero estar contigo
Mergulhar no teu mar
Repousar no teu abrigo
Nunca mais acordar
Sem temer o perigo
De um dia te perder
Tudo faz sentido
Na ânsia de te ter
E tu não estás aqui
És uma alucinação
Não vou ficar sem ti
E perder a emoção
Porque quero estar contigo
Mergulhar no teu mar
Repousar no teu abrigo
Nunca mais acordar
terça-feira, novembro 27, 2012
Quem sabe
quem sabe eu nem vos quero bem
quem sabe eu nem sou ninguém
quem sabe eu não sei quem
quem sabe eu sou quem queria ser
quem sabe eu nunca o vou saber
quem sabe eu sou bem melhor
quem sabe o medo é minha cruz
quem sabe o medo é meu motor
quem sabe o medo é luz
quem sabe eu não estou só a tentar
desesperadamente uma razão
para seguir ou para não parar
pois tudo se passa sem eu ver
sábado, novembro 24, 2012
Estou pronto
eu pressinto a presença
como vento em minha espinha
eles saber dos meus planos
sua casa é a minha
vou abrindo ao medo as minhas mãos
como abrindo ao medo as minhas mãos
eu desejo a sentença
como prova de uma prova
na saúde
na doença
numa crença
numa cova
vou abrindo ao medo as minhas mãos
como abrindo ao medo as minhas mãos
como vento em minha espinha
eles saber dos meus planos
sexta-feira, novembro 09, 2012
Chave de Vidro
Luar de Agosto
quem queimará
chave de vidro
em que porta partirá
luz de Setembro
quem cegará
comboio azul
em que estação parará
Longe da vista
longe do brinquedo
que o poeta chamou então
o coração
Pobre do coração
sempre aceso e sem sequer poder
carregar no botão
mudar de canal cortar o som
e olhar como quem quer olhar
enredos simples da paixão
tudo no seu lugar
e o coração, enfim, meu Deus
a bater e a descansar
Chuva de Inverno
quem banhará
chave de vidro
em que porta partirá
sol de Dezembro
quem secará
um de Janeiro
com que pé se entrará
Longe da vista
longe do brinquedo
que o poeta chamou então
o coração
Pobre do coração
sempre aceso e sem sequer poder
carregar no botão
mudar de canal cortar o som
e olhar como quem quer olhar
enredos simples da paixão
tudo no seu lugar
e o coração, enfim, meu Deus
a bater e a descansar
Luar de Agosto
quem lembrará
chave de vidro
em que porta partirá
praia deserta
quem esconderá
corpo dorido
que disfarce usará
Longe da vista
longe do brinquedo
que o poeta chamou então
o coração
quem queimará
chave de vidro
em que porta partirá
luz de Setembro
quem cegará
comboio azul
em que estação parará
Longe da vista
longe do brinquedo
que o poeta chamou então
o coração
Pobre do coração
sempre aceso e sem sequer poder
carregar no botão
mudar de canal cortar o som
e olhar como quem quer olhar
enredos simples da paixão
tudo no seu lugar
e o coração, enfim, meu Deus
a bater e a descansar
Chuva de Inverno
quem banhará
chave de vidro
em que porta partirá
sol de Dezembro
quem secará
um de Janeiro
com que pé se entrará
Longe da vista
longe do brinquedo
que o poeta chamou então
o coração
Pobre do coração
sempre aceso e sem sequer poder
carregar no botão
mudar de canal cortar o som
e olhar como quem quer olhar
enredos simples da paixão
tudo no seu lugar
e o coração, enfim, meu Deus
a bater e a descansar
Luar de Agosto
quem lembrará
chave de vidro
em que porta partirá
praia deserta
quem esconderá
corpo dorido
que disfarce usará
Longe da vista
longe do brinquedo
que o poeta chamou então
o coração
segunda-feira, novembro 05, 2012
Algo teu
É só o nada a bater-nos à porta
E a mim importa-me que estejas a meu lado
Enquanto o medo vai dançando à nossa volta
É só uma imagem que sonhámos doce imagem
Nada que um dia após o outro reproduza
Mas meu amor estaremos sempre de passagem
Esquece o que eles dizem sobre um grande amor
Quem podia mais querer-te como eu
Nada que acredite conseguir mostrar pois é algo teu
terça-feira, outubro 30, 2012
Nunca parto inteiramente
Nunca parto inteiramente
Não me dou à despedida
As águas vão simplesmente
Presas à sua nascente
É do seu modo de vida
Fica sempre qualquer coisa
Qualquer coisa por fazer
Às vezes quase lamento
Mas são coisas que eu invento
Com medo de te perder
Deixei um livro marcado
E um vaso de alecrim
Abri o meu cortinado
Fiz a cama de lavado
Para te lembrares de mim
Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
Uma que vai na corrente,
A outra presa à nascente
Fica para ter saudades
Tu não tens de mudar
Se o tens de ouvir tens de o fazer
E o mundo diz "tu tens de mudar"
Só não lavou as tuas mãos
Mas tens as mãos do mundo para lavar
Afasta-te um pouco mais
E dorme em paz que tu não tens de dar
O teu sorriso assim
Esgotando o teu juízo assim
Tu não tens de mudar
Quem te quer mudar não te quer
Conhecer
Tu não tens de o fazer
Eu não tenho nada meu
Pois tudo o que era bom foi na
Corrente do ter
E agora dei-me um dia para ser feliz
Para ver que eu nunca vou ter o mundo
Na minha mão
Não tenhas pena de mim agora
Meus dias já não são de ouro
Dantes sim existia um problema
Agora todos nós somos actores de cinema
E escondemo-nos bem dos olhos que o
mundo tem
Mas toda a gente nos vê
Só não nos ouve ninguém
Tu não tens de ver
Tu não tens sequer de amar
Tu só vais achar que vês
Quando ao sabor da tua lei
O amor fizer de ti seu rei para sempre
Para nunca mais mentir
Para ver
Para dar
Para estar
Para ter
Para ir
Pra ouvir
Pra sorrir e entrar
Para rir
Pra voltar
A tentar
Pra sentir
E mudar
Pra voltar a cair
Para me levantar
Para nunca mais tentar
Mentir
Pra crescer
Para amar
Para ser
O lugar
Pra viver
E gostar
De gostar
De viver
Pra fugir
Pra mostrar
Pra dizer
Pra ter paz
Pra dormir
Pra fingir acordar
Para ser
Derramar
Para nunca mais tentar
Mentir
Débil Mental
É que eu não sou um débil mental,
Eu posso estar errado ou ter agido mal,
Mas pago o preço que eu tiver de pagar,
Se for pra tal eu sofro só.
Se não te agrada a forma de eu falar,
Acorda e vê que eu cago pró teu não gostar.
Se as minhas calças,
Parecem de um pijama,
Da próxima vez eu saio como entrei na cama.
Só me agrada ser quem quero,
Longe de uma falsa situação.
Masturbação,
Não fica só pela palma da mão.
E é tão mau,
Se a dita v.i.p. fala caro e faz pensar que eu sou vulgar.
Eu sou,
Só não aguento,
É que ela diga tanta prosa e seja só ar,
E nem o ar é puro!
Hipocrisia é mal que eu não suporto,
Pior até que o não pensar.
Mas a verdade é que eu não sofro pelo mal,
Mas pelo meu bem.
Diz meu mal ou leva-me à razão.
Quero andar por fora do que eu sou,
Deixar o tempo ver,
Do que é capaz.
Sobre o que gira à volta já falei,
Contudo há certas coisas em que eu não pensei,
Se o meu destino é negro ou claro,
Quem vai dizer nada muda em nada tudo o que eu pensei fazer.
O mundo não é nada,
Nada à minha beira,
se tudo o que acredito já está preso à cadeira.
E tudo o que eu faço é pensado em mim,
No fundo eu sei que toda a gente acaba sendo assim.
Diz meu mal ou leva-me à razão.
Quero andar por fora do que eu sou,
Deixar o tempo ver,
Do que é capaz.
Não vejo nada contra o infalível,
Fala bem fala a minha língua,
Que eu não sou tu,
Homem de afetação,
Beija-me o cú,
Livra livra já não posso mais ouvir!
É tanta coisa fora do normal,
Procuras água no deserto.
Quem sabe até nos faz bem.
Eu sou mais eu sem nimguém.
A minha vida não tem nexo,
Dar-lhe um rumo é dar-lhe um fim.
Meu bem dói ou não,
Não eras tu contra a traição,
Quem evitou,
Por fim o mal,
Não foi a pura mas o débil mental!
Só me agrada ser quem quero,
Longe de uma falsa situação.
Só me agrada ser quem quero,
Longe de uma falsa situação.
(São) quem são e em nada são iguais,
Quem é mais?
Há que eu saiba um ponto igual em nós:
Sermos tão desiguais!
segunda-feira, outubro 29, 2012
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
É, agora é que eu preciso
Depois não vai valer a pena
Esse teu sorriso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
É, agora é que eu preciso
Depois vai dar-me pena
Esse teu sorriso
Sem aviso
Que é agora é que eu preciso
Sem aviso
Supostamente
Sem aviso
E não quando mais tarde eu vir falar
Daquilo que eu já consigo
Não venhas ter comigo
Ei, não venhas ter comigo
Ganhaste um inimigo
Perto de mim corres perigo
Corres o risco de vir a saber
A que sabe o sangue no sorriso
Eu pouco mudei
Pelo que sei, pelo que me conheço
Infelizmente errei
Remediado
Ando ocupado
Paguei esse preço
De ti já nem sei
Se estou curado
Ninguém me deu o teu novo endereço
Passou a passado
Já passa ao lado
Já só persigo
aquilo que eu mereço
E a ti
Nada te peço
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
É, agora é que eu preciso
Depois não vai valer a pena
Esse teu sorriso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
É, agora é que eu preciso
Depois vai dar-me pena
Esse teu sorriso
Sem aviso
Que é agora é que eu preciso
Sem aviso
Supostamente
Sem aviso
E não quando mais tarde eu vir falar
Daquilo que eu já consigo
Não venhas ter comigo
Ei, não venhas ter comigo
Ganhaste um inimigo
Perto de mim corres perigo
Corres o risco de vir a saber
A que sabe o sangue no sorriso
Eu pouco mudei
Pelo que sei, pelo que me conheço
Infelizmente errei
Remediado
Ando ocupado
Paguei esse preço
De ti já nem sei
Se estou curado
Ninguém me deu o teu novo endereço
Passou a passado
Já passa ao lado
Já só persigo
aquilo que eu mereço
E a ti
Nada te peço
sexta-feira, outubro 26, 2012
Vício de ti
Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.
Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.
Enquanto a musica não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.
Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício
de ti (2x)
Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atrai-te as minhas fontes
Por inspiração passamos onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.
Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
não percebo porque não esmorece
será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar
Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício
de ti (3x)
Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
o meu vício de ti não vai passar, não vai passar...
quinta-feira, outubro 25, 2012
Cedo o meu lugar
Eu não quero ser
Eu não quero pedir
Mas estou a perder
E não sei que fazer mais
O que eu era desapareceu
E quando falo parece, parece
Que não sou mais eu
Tento encontrar-me, desenrascar-me
Já faço a cama
Ando ocupada a tentar fugir de ti
Mas mais longe é mais perto
Mais difícil fazer o correto do que estar certo
Por isso…
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar…
Mas a seguir peço para voltar
Para mim nunca foi um jogo
Foi apenas um retrato
Onde ficávamos bem os dois
Onde as dúvidas são p'ra depois
Gosto mesmo de ti
Mas tu nunca estás...
Nunca estás aqui
Por isso…
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar…
Mas a seguir peço para voltar
( É que eu gosto mesmo de ti
Eu gosto mesmo de ti )
Tento encontrar-me, desenrascar-me
Mas quanto mais longe mais perto de ti
O que eu era desapareceu
A culpa percebe eu não sou mais eu
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar… (A culpa percebe eu não sou mais eu)
Cedo o meu lugar…
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar…
Mas a seguir peço para voltar
Cedo o meu lugar…
( É que eu gosto mesmo de ti
Eu gosto mesmo de ti )
quarta-feira, outubro 24, 2012
O fim de tudo
No começo era o fim
agora ai de mim, ai de mim
era bom, era a sós
agora ai de nós, ai de nós
como é que se sai
do eterno ai, terno ai
como é que se faz
pela paz
que é o nosso bem camuflado
dá-se aquela de emancipado
e some cada um p´ra seu lado
o perfeito casal
habitué da columa social
estrilhou, estrilhaçou
vá lá saber-se porquê
vá lá saber-se porquê
O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim
No começo, a paixão
agora essa não, essa não
era tudo demais
agora é só ais, é só ais
que é do amor que aparecia
tão cru na fotografia
que é do amor que se faz
e talvez
não volte mais a ser feito
vai-se de coração ao peito
cortar pela vida a direito
coração trivial
a afundar em água doce, água e sal
estrilhou, estrilhaçou
vá lá saber-se porquê
vá lá saber-se porquê
O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim
No começo é para sempre
agora há quem lembre, há quem lembre
a promessa a preceito
de peito ao ar, mão no peito
pelo geito da mão
ainda é talvez sim, talvez não
mas o fôlego falha-nos
valha-nos Deus, quem nos acode
a parte esquece do peito explode
e o coração que gire e que rode
O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim
segunda-feira, outubro 22, 2012
Beirute
Quem recordará como foi
Duvido que ainda haja alguém de pé
Que tenha dançado ao som das noites quentes
De Beirute
Será que alguém chora um ausente
Já não há ninguém para ausentar
Já não há ninguém para soluçar
Em Beirute
Em Beirute
Nem o sol nasce
Em Beirute
Como merece
É mais quente que o ar do deserto
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna
Que já não torna
A ser Beirute
Em Beirute há bares fantasma
Onde outrora o amor se acoitou
E a alegria andava lado a lado
Com Beirute
Na terra onde o calor é quem manda
Havia uma cidade que era assim
Dizia nessa altura mais para mim
Do que Beirute
Quando enfim a história virar
Num tempo de arqueólogos errantes
Veremos corpos e ruínas militantes
Por Beirute
Encontraremos gente tão velha
Que nem parece ser da nossa era
Beijaremos os filhos da guerra
E choraremos
Por Beirute
Duvido que ainda haja alguém de pé
Que tenha dançado ao som das noites quentes
De Beirute
Será que alguém chora um ausente
Já não há ninguém para ausentar
Já não há ninguém para soluçar
Em Beirute
Em Beirute
Nem o sol nasce
Em Beirute
Como merece
É mais quente que o ar do deserto
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna
Que já não torna
A ser Beirute
Em Beirute há bares fantasma
Onde outrora o amor se acoitou
E a alegria andava lado a lado
Com Beirute
Na terra onde o calor é quem manda
Havia uma cidade que era assim
Dizia nessa altura mais para mim
Do que Beirute
Quando enfim a história virar
Num tempo de arqueólogos errantes
Veremos corpos e ruínas militantes
Por Beirute
Encontraremos gente tão velha
Que nem parece ser da nossa era
Beijaremos os filhos da guerra
E choraremos
Por Beirute
quarta-feira, outubro 10, 2012
Se A Manhã Chegar
Quando a lua passa nas janelas
tão devagar
abres as portas e deixas as velas
por apagar
até a manhã chegar
Vim com a lua de outras cidades
p'ra te tocar
Abre a porta que eu trago saudades
por apagar
até a manhã chegar
Trago a lua de outras cidades
p'ra te tocar
Tu tens as velas eu tenho as saudades
por apagar
até a manhã chegar
Se a manhã chegar...
Tango Do Exílio
Tenho canções de mil cidades
que a névoa apagou
Não há ninguém a quem contar...
Atravessei mil tempestades
que o tempo amainou
Hoje não sei a quem contar...
À noite lembro essas cidades
que me hão-de levar
Eu quero alguém a quem contar...
Navegar
Cantar,
como quem canta um fado,
um amor que passou
Traços de um vento apagado
um mundo que acabou
p'ra não ter de mudar...
Vou cantar
nas palavras de um fado,
as trovas que nos diz
um rei sem trono nem reinado
sem novas nem país
por ter de navegar
ter de navegar
Eu vou cantar por quanto passei
eu vou cantar porque te encontrei
Vem navegar p'ra longe no mar
Há um navio p'ra nos levar ao fim do mar...
Cantar
um temporal que se levanta
para nos alcançar
Mas a bandeira azul e branca
vai tornar o mar
da cor do teu olhar
azul no olhar
Eu vou cantar por quem passei
eu vou cantar porque te encontrei
Vem navegar p'ra longe no mar
Há um navio, vem navegar ao fim do mar...
Senhora Das Rosas
Senhora quem chamais
quando passo ao vosso lado?
Senhora quem olhais
pondo os olhos no passado?
Senhora é bom esquecer
esse triste amor ardente,
pois não sabeis viver
ao sabor do amor ausente...
Não há rosas p'ra vos dar
tenho alguém por quem esperar
Senhora quem chamais
quando passo ao vosso lado?
Senhora quem olhais
pondo os olhos no passado?
Senhora o meu amor
não vive num castelo
Senhora o meu amor
é doutro olhar mais belo...
Eis as rosas que lhe vou dar
Há mil rosas p'ra eu lhe dar...
Os Limites Do Mar
No regresso dos navios
tantas lendas que ouviu...
Quis um rei ir encontrar
os limites do seu mar
Mas sem fundo, a dormir
O fim do mundo há-de vir...
Rei não fiques, vais agitar
Os limites do teu mar
A Reconquista
Dos mares da Irlanda e das costas da Bretanha
vão partir velas ao sol
Há bandeiras desfraldadas, torres, lanças, brilham espadas
vão reconquistar o Sul
Os celtas que vão partir
quando o sol nascer...
Grinaldas nas ameias, ardem as fogueiras
que não nos podem queimar
Gaiteiros enfeitados, vão tocar cantos passados
por aqui vai começar
E vem dançar, vem dançar
até ao sol nascer...
Das ribeiras da Galiza, através da Ibéria antiga
em nome dos nossos Reis
Retomar as fortalezas, "Sant'iago e aos Mouros"
para impor as nossas leis
Os Celtas que vão partir
quando o mar crescer...
Ignorem-se os presságios que nos falam de naufrágios
vão partir velas ao sol
São guerreiros enfeitados que ao som de cantos passados
vão reconquistar o Sul
Mas vem dançar, vem dançar
até o sol nascer...
Dos mares da Irlanda
Gaiteiros Guerreiros
Bandeiras Fogueiras
Castelos Reconquista...
Sem perdão
Dedicado a Elizabeth Hayton
Eu sou quem não tem perdão | ando perdido | eu sou | ||
Eu sou quem não tem razão | ando escondido | eu sei | ||
Se hoje for tarde demais | fico sozinho | eu estou | ||
O lugar p'ra onde vais | não adivinho | eu sei | ||
Tu és quem traz | um breve instante | |||
Um sol de paz | o sol brilhou | |||
Por mais que agora eu cante | ||||
Nunca voltou | ||||
Estrela cadente | se a fé não mudar | |||
Que ninguém vê | e a noite acabar | |||
Fez-me diferente | vai nascer aqui | |||
Não sei porquê | o dia | |||
Se a lua deixar | ||||
E o sol me guiar | ||||
Só quero de ti | ||||
Um dia | ||||
Eu sou quem não tem perdão | em parte incerta | eu sou | ||
Eu sou quem não tem razão | vida deserta | eu sei | ||
Temo o anoitecer | fico sozinho | eu estou | ||
Voltarei um dia a ver | não adivinho | eu sei | ||
Vela por mim | desta tristeza | |||
Até ao fim | de não te ver | |||
Fiz a maior certeza | ||||
De renascer | ||||
Estrela cadente | se a fé não mudar | |||
À tua mercê | e a noite acabar | |||
Faz de mim crente | hei-de ver nascer | |||
Diz-me porquê | o dia | |||
Se a lua deixar | ||||
E o sol me guiar | ||||
Hei-de renascer | ||||
Um dia |
Sem ter quem amar
Há mundos antigos
Que ele percorreu
Sem ter um abrigo
Doutras terras separado
Cercado de imagens
De quem já perdeu
Olhando as margens
Para sempre naufragado
Regressa, onde vais?
Sem ter quem amar...
Quem te há-de esperar
Quem te há-de contar
Quem te há-de lembrar
Onde vais...
Estranha demanda
Não há outra igual
Quando um homem anda
De levante a poente
E acende fogueiras
Para fazer sinal
São noites inteiras
Tão distante, tão ausente
Regressa, onde vais?
Onde vais...
Mil Maneiras de Amar
Tentações
Passam por mim
Trazem os tempos que hão-de vir
Sem me tocar
Tradições
Falam por mim
Dez mandamentos por cumprir
Nunca mudar
Em segredo,
Aprendo a inventar
Mil maneiras p'ra eu te amar
Desvendar
O segredo
De saber inventar
Mil maneiras p'ra eu te amar
P'ra te amar
Perdições
Por confessar
Quantos pecados cometi
Sem te tocar
Devoções
Por contemplar
Há longos anos decidi
Nunca mudar
Em segredo,
...
Passam por mim
Trazem os tempos que hão-de vir
Sem me tocar
Tradições
Falam por mim
Dez mandamentos por cumprir
Nunca mudar
Em segredo,
Aprendo a inventar
Mil maneiras p'ra eu te amar
Desvendar
O segredo
De saber inventar
Mil maneiras p'ra eu te amar
P'ra te amar
Perdições
Por confessar
Quantos pecados cometi
Sem te tocar
Devoções
Por contemplar
Há longos anos decidi
Nunca mudar
Em segredo,
...
Girassol
Se o vento soprar
De feição
E esta luz brilhar
Por onde eu for
Recomeçar, partir
Tomar o sol de frente
Sonhar, perseguir
O amor
(Olhar a vida de feição
Seguir a voz do coração)
Olhar a vida de feição
É ver a luz na escuridão
É ouvir a voz do coração
Então
"Ai por baixo fica o restolho..."
Não deixar passar
A ilusão
Ter uma visão
Acreditar
Ter coragem de abraçar
Dar-te a mão
Bate um coração
Sem parar
(Olhar a vida de feição
Seguir a voz do coração)
Se o vento soprar de feição
E a luz brilhar na escuridão
Seguir a voz do coração
Então
"Ai por baixo fica o restolho..."
Em frente ao Sol
por onde eu for
acreditar
seguir o amor
Porta do Sol
Quando a dança acabar num altar
Quando a porta ficar por fechar
Desce um véu,
Arde a catedral
Anjo negro no céu,
Lá vem o vendaval
E este olhos que não quero ver
Mas à noite não posso esquecer
Desce um véu,
Arde a catedral
Anjo negro no céu,
Lá vem o vendaval
Tão só
Todas as manhãs do mundo são sem regresso
Pascal Quignard
Sempre foi meu defeito
Não saber reconhecer
Que o que foi feito está feito
E ficou tanto por fazer
As causas que eu levo peito
Hão-de acabar por se perder
E não recordo um feiro
Que os meus olhos possam ver
Eu só queria saber
Fechar os olhos p'ra não ver
Tão-só queria saber
Fechar os olhos p'ra não ver
Mas o meu maior defeito
Foi não te reconhecer
Há tanto qu'eu não aceito
Tanto qu'eu não soube ver
E ainda trago no peito
A vontade de saber
Mas o passado está feito
E não volta a acontecer
Eu só queria saber
Fechar os olhos p'ra não ver
Tão-só queria saber
Fechar os olhos p'ra te ver
Tão só
Tão só...
terça-feira, outubro 09, 2012
A promessa
Não digas nunca mais
Porque eu hei-de te dar
A vida inteira
Andarei por onde vais
P'ra um dia acabar
À tua beira
Mil promessas
Eu hei-de fazer
E vou cumprir
Mil promessas
Eu hei-de manter
E não partir
Eu hei-de te provar
Eu quero prometer
Não ir embora
Sei tão bem como é amar
Como hei-de ser
Vida fora
Mil promessas
Eu hei-de fazer
E vou cumprir
Mil promessas
Eu hei-de manter
E não partir
Glória
A morte não te há-de matar
Nem sorte haverá de eu viver
Sem amar, se te ter, sem saber se
Rezar...
Amor, oxalá seja amar
Ter prazer sem poder
Nem sequer te tocar...
Os deuses não te hão-de levar
Sem que eu dê a mão para ser par
Sermos dois a partir e depois a
Voltar...
Não vais me deixar sem o céu
Ser o chão onde se vão deitar os
Mortais...
A glória será não esquecer
Memória de tanto te querer
Sem razão, meu amor, com paixão,
Sem morrer...
Talvez ao luar possas ver o olhar
Que lembrar fez nascer português...
Longa se torna a espera
E quando eu descobrir o segredo
Da neblina cinzenta
Que torna a água barrenta
E sem perdão me esmaga o peito
E quando se levanta de repente
A névoa que corre o rio
Que gela tudo de frio
E escurece a corrente
Longa se torna a espera
Na névoa que corre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...
E quando eu apanhar finalmente
O barco para a outra margem
Outra que finde a viagem
Onde se espere por mim
Terei, terei mais uma vez força
Para enfrentar tudo de novo
Como a galinha e o ovo
Num repetir de desgraças
Longa se torna a espera
Na névoa que corre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...
Além-Tejo
Nas terras do além-Tejo
Ao fim dos vales um monte
Quatro noites para um rio
Encontrei-te junto à ponte...
Do passado de um rio
Ficou por contar a primeira vez
O passado de um rio
Ficou de voltar outra vez
Passaste como um rio
Que eu cantei e me deixou aqui
Passaste como um rio
E eu não sei passar sem ti...
Soube o teu nome além Tejo
Talvez fosses quem perdi
Passaste como um rio
E hoje não passo sem ti
segunda-feira, outubro 01, 2012
segunda-feira, setembro 24, 2012
sexta-feira, setembro 07, 2012
A Voz do Deserto
Cinco partes tem o mundo
Por todas andei
Quatro cantos tem a terra
Quantos eu cantei
Quantas naus foram ao fundo
E eu fui mais além
Quantas noites tem a espera
Mil e uma tem
A voz falou no deserto
Contou que o rumo está certo
Terra prometida
Longa vai a minha viagem
A voz do deserto
Vai me dar a tua imagem
Quantas voltas deu a esfera
Quantas dei também
Quantas noites tem a espera
Mais nenhuma tem
Cheguei ao fim do deserto
E eu sei que andaste tão perto
Terra prometida
Acabou a minha viagem
Hoje no deserto
Eu toquei numa miragem
A voz do deserto...
quinta-feira, setembro 06, 2012
O tempo não passa por quem é bom
Em 1982, três amigos resolvem formar uma banda. Eram eles: Rodrigo Leão (Baixo), Pedro Oliveira (Voz e Guitarra) e Nuno Cruz (Bateria).
Começam a ensaiar e decidem chamar-se Sétima Legião (que era o nome da Legião romana que veio à Lusitânia).
Nesta altura a música da banda era muito influenciada pelos sons que vinham de Manchester, nomeadamente Echo & The Bunnymen e Joy Division. Concorrem à Grande Noite do Rock onde ficam em segundo lugar.
Susana Lopes (Violoncelo) e Paulo Marinho (Gaita de Foles) juntam-se ao colectivo, ao mesmo tempo que Francisco Menezes começa a escrever letras para as canções.
A banda chega a actuar com todos os elementos envergando gabardinas, como era usual nas bandas de Rock inglês, praticantes do som de Manchester.
A Fundação Atlântica (editora discográfica de Pedro Ayres Magalhães, Ricardo Camacho e Miguel Esteves Cardoso) contrata a banda, em 1983, ano em que gravam o single "Glória" com letra de Miguel Esteves Cardoso. Este disco recebe grandes elogios da crítica, mas não obtém grandes favores da rádio e passa quase despercebido.
Susana Lopes abandona o projecto, ao mesmo tempo que entram em estúdio para gravar o novo disco: um LP que sairá em Julho de 1984 e se intitulará "A Um Deus Desconhecido", considerado ainda hoje um marco da nova música portuguesa.
Como a Fundação Atlântica fechou, a EMI, que fazia a distribuição das suas edições, contrata a banda para o seu próprio catálogo.
Ricardo Camacho (futuro produtor de muitos discos e médico de profissão) junta-se à banda, ficando encarregado dos instrumentos de teclados, ao mesmo tempo que Rodrigo Leão começa a ensaiar com Pedro Ayres num novo projecto que ficaria conhecido como Madredeus.
O novo disco da banda só sairia em 1987 e intitulava-se "Mar D'Outubro" (1). Continha os temas "Sete Mares", "Reconquista" e "Além-Tejo". Este disco torna-se um grande sucesso, atingido o galardão de Disco de Prata e sendo o grande trampolim para a ribalta. À custa deste disco, a banda conseguiu fazer muitos concertos.
O colectivo já contava com novos elementos quando o disco foi gravado: Gabriel Gomes (Acordeão) e Paulo Abelho (Percussões).
Em Novembro de 1989 é editado um novo LP da banda "De Um Tempo Ausente" que conta com vários convidados, entre os quais Flak, Francis (ex-Xutos e Pontapés), Luís Represas, Pedro Ayres e Teresa Salgueiro. Contendo os temas "Por Quem Não Esqueci" e "Porto Santo", este disco é, outra vez, um sucesso de vendas e de crítica.
Apenas em 1992, a banda regressa às edições com o novo disco "O Fogo" que já não é muito bem recebido pela crítica e não obtém o desejado sucesso comercial.
Em 1993 actuam no Mega-Concerto "Portugal Ao Vivo" no Estádio de Alvalade, onde gravam a quase totalidade do disco ao vivo "Auto de Fé" que será editado em 1994, contando com a participação especial dos Gaiteiros de Lisboa (de que Paulo Marinho era, também, um dos fundadores).
Rodrigo Leão afasta-se da banda, por não poder continuar nos Madredeus e nos Sétima Legião . Em Julho de 1996, o baixista Lúcio Vieira entra para a banda, substituindo Rodrigo Leão, nos espectáculos ao vivo.(2)
Em 1999, após se pensar que a banda tinha terminado, é editado o CD "Sexto Sentido", um disco muito diferente dos anteriores, onde a electrónica é dominante e os "samplers" de temas recolhidos por Michel Giacometti e Ernesto Veiga de Oliveira têm um destaque até aí nunca lhes dado por uma banda Pop em Portugal. Este disco, apesar das boas críticas, revela-se um verdadeiro "flop" comercial.
Em 2000 é editado "A História da Sétima Legião", um disco que faz a retrospectiva da banda e contém ainda dois temas inéditos ("A Luz" e "A Promessa").
Em 2003 é lançada uma compilação dedicada aos intrumentais dos Sétima Legião. A compilação inclui os inéditos "Sétima Volta", "Ilha Perdida" e "Silêncio da Terra" e uma remistura de "Ascenção".
Começam a ensaiar e decidem chamar-se Sétima Legião (que era o nome da Legião romana que veio à Lusitânia).
Nesta altura a música da banda era muito influenciada pelos sons que vinham de Manchester, nomeadamente Echo & The Bunnymen e Joy Division. Concorrem à Grande Noite do Rock onde ficam em segundo lugar.
Susana Lopes (Violoncelo) e Paulo Marinho (Gaita de Foles) juntam-se ao colectivo, ao mesmo tempo que Francisco Menezes começa a escrever letras para as canções.
A banda chega a actuar com todos os elementos envergando gabardinas, como era usual nas bandas de Rock inglês, praticantes do som de Manchester.
A Fundação Atlântica (editora discográfica de Pedro Ayres Magalhães, Ricardo Camacho e Miguel Esteves Cardoso) contrata a banda, em 1983, ano em que gravam o single "Glória" com letra de Miguel Esteves Cardoso. Este disco recebe grandes elogios da crítica, mas não obtém grandes favores da rádio e passa quase despercebido.
Susana Lopes abandona o projecto, ao mesmo tempo que entram em estúdio para gravar o novo disco: um LP que sairá em Julho de 1984 e se intitulará "A Um Deus Desconhecido", considerado ainda hoje um marco da nova música portuguesa.
Como a Fundação Atlântica fechou, a EMI, que fazia a distribuição das suas edições, contrata a banda para o seu próprio catálogo.
Ricardo Camacho (futuro produtor de muitos discos e médico de profissão) junta-se à banda, ficando encarregado dos instrumentos de teclados, ao mesmo tempo que Rodrigo Leão começa a ensaiar com Pedro Ayres num novo projecto que ficaria conhecido como Madredeus.
O novo disco da banda só sairia em 1987 e intitulava-se "Mar D'Outubro" (1). Continha os temas "Sete Mares", "Reconquista" e "Além-Tejo". Este disco torna-se um grande sucesso, atingido o galardão de Disco de Prata e sendo o grande trampolim para a ribalta. À custa deste disco, a banda conseguiu fazer muitos concertos.
O colectivo já contava com novos elementos quando o disco foi gravado: Gabriel Gomes (Acordeão) e Paulo Abelho (Percussões).
Em Novembro de 1989 é editado um novo LP da banda "De Um Tempo Ausente" que conta com vários convidados, entre os quais Flak, Francis (ex-Xutos e Pontapés), Luís Represas, Pedro Ayres e Teresa Salgueiro. Contendo os temas "Por Quem Não Esqueci" e "Porto Santo", este disco é, outra vez, um sucesso de vendas e de crítica.
Apenas em 1992, a banda regressa às edições com o novo disco "O Fogo" que já não é muito bem recebido pela crítica e não obtém o desejado sucesso comercial.
Em 1993 actuam no Mega-Concerto "Portugal Ao Vivo" no Estádio de Alvalade, onde gravam a quase totalidade do disco ao vivo "Auto de Fé" que será editado em 1994, contando com a participação especial dos Gaiteiros de Lisboa (de que Paulo Marinho era, também, um dos fundadores).
Rodrigo Leão afasta-se da banda, por não poder continuar nos Madredeus e nos Sétima Legião . Em Julho de 1996, o baixista Lúcio Vieira entra para a banda, substituindo Rodrigo Leão, nos espectáculos ao vivo.(2)
Em 1999, após se pensar que a banda tinha terminado, é editado o CD "Sexto Sentido", um disco muito diferente dos anteriores, onde a electrónica é dominante e os "samplers" de temas recolhidos por Michel Giacometti e Ernesto Veiga de Oliveira têm um destaque até aí nunca lhes dado por uma banda Pop em Portugal. Este disco, apesar das boas críticas, revela-se um verdadeiro "flop" comercial.
Em 2000 é editado "A História da Sétima Legião", um disco que faz a retrospectiva da banda e contém ainda dois temas inéditos ("A Luz" e "A Promessa").
Em 2003 é lançada uma compilação dedicada aos intrumentais dos Sétima Legião. A compilação inclui os inéditos "Sétima Volta", "Ilha Perdida" e "Silêncio da Terra" e uma remistura de "Ascenção".
Monção
Não importa de onde vim
Quantas sombras persegui
O tempo não passa por mim
Quando tu estás aqui
O tempo não passa por quem
Se perder no mar, mar
És o meu mar
O tempo não conta p'ra quem
Se encontrar no mar, mar
Sempre no mar
Tantas vidas para viver
Quantas faltam eu não sei
Que o tempo deixou de correr
Quando eu te encontrei
O tempo não passa por quem
Se perder no mar, mar
És o meu mar
O tempo não conta p'ra quem
Se encontrar no mar, mar
És o meu par
quarta-feira, setembro 05, 2012
Manto Branco
Um encanto que acabou
Manto branco sobre a luz
Outro vento que mudou
Manto branco e uma cruz
E dizer, eu posso sorrir
E dizer, eu posso fugir
E mentir, eu posso sentir
Ao viver depois de ti...
Torre santa apelo em vão
Uma herança de mudar
Manto branco pelo chão
Já não te posso tocar
E dizer, eu posso sorrir
E dizer, eu posso fugir
E mentir, eu posso sentir
Ao viver depois de ti...
terça-feira, setembro 04, 2012
Por quem não esqueci
Há uma voz de sempre
Que chama por mim
Para que eu lembre
Que a noite tem fim
Ainda procuro
Por quem não esqueci
Em nome de um sonho
Em nome de ti
Procuro à noite
Um sinal de ti
Espero à noite
Por quem não esqueci
Eu peço à noite
Um sinal de ti
Quem eu não esqueci...
Por sinais perdidos
Espero em vão
Por tempos antigos
Por uma canção
Ainda procuro
Por quem não esqueci
Por quem já não volta
Por quem eu perdi
terça-feira, julho 17, 2012
Samba do Acordo Ortográfico
Cadê você, morena?
Onde é que estás miúda?
Nina eu quero te encontrar
Precisamos conversar
Pra gente se entender.
Cadê você, morena?
Onde é que estás chabala?
Nina eu quero te encontrar
Precisamos conversar
Sobre o modo de escrever.
Eu não sei como vou fazer!
Tiro o H e aonde é que o vou meter?
Será que isto tem algum nexo?
Vão matar o acento circunflexo!
(e o galego?)
(refrão)
Eu não sei onde é que tu tá!
O acento grave para onde irá?
Eu não sei onde é que tá tu!
E o hífen depois do prefixo co!
(e o galego?)
(refrão)
Cantigas do Maio
Eu fui ver a minha amada
Lá prós baixos dum jardim
Dei-lhe uma rosa encarnada
Para se lembrar de mim
Eu fui ver o meu bemzinho
Lá prós lados dum passal
Dei-lhe o meu lenço de linho
Que é do mais fino bragal
Eu fui ver uma donzela
Numa barquinha a dormir
Dei-lhe uma colcha de seda
Para nela se cobrir
Eu fui ver uma solteira
Numa salinha a fiar
Dei-lhe uma rosa vermelha
Para de mim se encantar
Eu fui ver a minha amada
Lá nos campos eu fui ver
Dei-lhe uma rosa encarnada
Para de mim se prender
Verdes prados, verdes campos
Onde está minha paixão?
As andorinhas não param
Umas voltam outras não
Refrão Popular:
Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu ai Deus mo levou
Etiquetas:
A história da Sétima Legião – canções 1983-2000,
Filhos da Madrugada,
José Afonso,
Música,
Sétima Legião
segunda-feira, julho 16, 2012
A volta ao mundo
O amor imaginário
De um homem solitário
Sem lugar a compromisso
Até ao fim e depois disso
Tem a idade do Universo
E tão breve quanto um verso
Do tamanho deste mundo
E não passa de um segundo
Começar desde o princípio
No vazio no precipício
Sem temor e sem saudade
Enfrentar a liberdade
Quem conhece o Universo
A medalha o seu reverso
Quem não deu a volta ao mundo
Numa noite num segundo
Nem do céu nem desta terra
A razão que o amor encerra
O amor é um estandarte
Que flutua em toda a parte
Quem conhece o Universo
A medalha o seu reverso
Quem não deu a volta ao mundo
Numa noite num segundo
sexta-feira, julho 13, 2012
GNR contra o acordo ortográfico desde 1992
Rui Reininho, Toli
Ação ator ato
Ponta-pé traves-tu barato
Bem-me-quer o Pedralvares cordato
Que era súbito direto de fato
Ótimo ou caricato
É um acordo ou é um buraco
Quem no quer esse muro concreto
É político mas analfa beto
A corda bamba da cultura
A ponte pênsil no ar
Acorda muda de figura
..."O Petróleo não é só Jr.!!!"...
("oil ain't all, Jr!!!")
(Anónima acunpuntura)
quinta-feira, julho 12, 2012
O canto e o gelo
No seu olhar um rosto a arder
No seu olhar
Que eu não sei ver
Tão é cedo é tarde
O canto e o gelo
Tão cedo parte
Vem o degelo
E quando o frio passou
Só me ficou o canto do meu medo
E quando o frio passou
Só me ficou o encanto de um segredo
Tão cedo é tarde
No seu olhar
Tão cedo parte fica o cantar
Levou assim
O canto e o gelo
Deixou em mim
A noite e o medo
quinta-feira, julho 05, 2012
Bíblias de um Deus Ateu
No caule
da efémera flôr
cresce firme o amor
Meu Deus! Alá!
Há lá maior contradição?
Eram
dois estrantes
tipo flores brotantes
crescendo dentro da tenda
dos festivais de verão
Sucumbe-se aos
cheiros floridos do caos
sustendo as pétalas e a respiração
(É que) Em matérias do amor
rega-flor, pisa-flor
estamos sempre adolescendo
espesso livro vamos lendo
e coitados!
Somos sempre uns iletrados
estamos sempre adolescendo
Escreve o meu livro
e eu escrevo o teu
biblias de um deus ateu
flor seca às vezes já marcou
o que o mau olhado leu
Acreditou? Já descreu
artificial natural podes crer
que ao amor
vera flor vera flor
já cresceu podes crer
já cresceu
androceu gineceu
E tudo
o que o amor souber
é para desaprender
gatos
que sobre os tectos
noite fora miarão
Quando é
que o amor felino
ganha tento e ganha tino
e afasta as unhas
de perto do coração?
E fora do vaso
a pétala puxada ao acaso
um pouco not at all beaucoup
abre o seu Sésamo ou não?
Em matérias do amor
rega-flor, pisa-flor
estamos sempre adolescendo
espesso livro vamos lendo
e coitados!
Somos sempre uns iletrados
estamos sempre adolescendo
Escreve o meu livro
e eu escrevo o teu
biblias de um deus ateu
flor seca às vezes já marcou
o que o mau olhado leu
Acreditou? Já descreu
artificial natural podes crer
que ao amor
vera flor vera flor
já cresceu podes crer
já cresceu
androceu gineceu
E depois
regressa-se aos
moldes rombos de outro caos
ordem na sala
e junto à porta
a mala no chão
Enfim: metaforizando
a flor abre-se até quando?
e quando, depois de murchar
volta à lapela em botão?
(É que) Em matérias do amor
rega-flor, pisa-flor
estamos sempre adolescendo
espesso livro vamos lendo
e coitados!
Somos sempre uns iletrados
estamos sempre adolescendo
Escreve o meu livro
e eu escrevo o teu
biblias de um deus ateu
flor seca às vezes já marcou
o que o mau olhado leu
Acreditou? Já descreu
artificial natural podes crer
que ao amor
vera flor vera flor
já cresceu podes crer
já cresceu
androceu gineceu
quinta-feira, junho 28, 2012
Saudades
Das janelas da cidade
Amei-te como ninguém.
Foram tempos sem idade
Mas quem teve hoje não tem...
Saudades, triste fado
É tempo de te amar
Saudades, cantam fado
É tempo de voltar
Das janelas ao teu lado,
Tão antigas, que eu amei.
Vou cantar este meu fado
De viver o que sonhei...
Saudades, triste fado
É tempo de te amar
Saudades, cantam fado
É tempo de voltar
Saudades, triste fado
É tempo de te amar
Saudades, que serão fado
Se o tempo nos faltar...
sexta-feira, junho 22, 2012
É nosso, o S. João
Se houver um dia
em que a gente
vai de tudo num repente
não devia ser um dia de excepção
por isso o povo junto
pouco a pouco se faz muito
menos por mais igual a todo o S. João
Se ainda me socorro
do odor do alho porro
é p´ra não ver no martelo
só a plastificação
e verdade seja dita
o som que dele apita
é o eco da cabeça do meu S. João
É nosso, o S. João
isso, ninguém nos tira
tira todo o ar que houver
na tua respiração
Sopra a noite inteira
num balão de S. João
Atravessa a noite
É S. João!
Mas se houver um dia
em que a gente
negue tudo intimamente
e se preste à mais perdida confusão
que volte ao calendário
e, embora solitário
se junte à gente toda pelo S. João
É nosso, o S. João
isso, ninguém nos tira
tira todo o ar que houver
na tua respiração
Sopra a noite inteira
num balão de S. João
Atravessa a noite
É S. João!
Se houver um dia
em que a gente
sinta ao lado o seu parente
que se aperte nos seus laços a emoção
e carago!
contas à Porto, está tudo pago
quem desconta na factura é o nosso S. João
É nosso, o S. João
isso, ninguém nos tira
tira todo o ar que houver
na tua respiração
Sopra a noite inteira
num balão de S. João
Atravessa a noite
É S. João!
quinta-feira, junho 21, 2012
São João
Nas rusgas de Miragaia
vinham bruxas disfarçadas
traziam erva cidreira
e cantavam orvalhadas.
Bati os bailes da Sé
e acabei nas Fontainhas
mergulhado em vinho tinto
com pimentos e sardinhas
Percorri toda a cidade
de Ramalde a Campanhã
cheguei a casa tão tarde
era quase de manhã
Fiz depois o meu pedido
entre cravos e loureiros
pra que um dia fosses minha
e não perdesse o Salgueiros.
A minha sorte há-de vir
num vaso de manjerico
ainda não perdi a esperança
de um dia ficar rico.
Se a nossa vida não muda
e nos vai faltando o pão
vamos pedindo uma ajuda
ao brejeiro S. João
sexta-feira, junho 15, 2012
Noutro lugar
D'outra vez, noutro lugar
Ninguém espera junto ao cais
Sem razão, barcos que não voltam mais
Os dias vão sem te levar...
E tenho tanto a contar
Hey, tens tanto para ver
Tens ainda de aprender
Os nomes que te vou dar
Oh noutro lugar
Para todo o sempre
Oh há uma canção
Que faz partir
Oh noutro lugar
Para sempre, sempre
Oh há uma canção
Que está por descobrir
Vem...
D'outra vez, noutro lugar
Os anos passam sem pesar
Sem razão, vão em busca da canção
Que ficámos de cantar...
E tenho tanto por contar
Hey, tens tanto para ver
Tens ainda de aprender
Os nomes que dei ao mar
Oh noutro lugar...
quinta-feira, junho 14, 2012
Porto Santo
"Não temos leme nem existe porto"
D. H. Lawrence
Dum porto perdido
Um dia partiu
Meu amor perdido,
Quem será que o viu?
Eu conto a quem passa
Levou-te o mar...
Há festa na praça
Já não sei dançar...
Mas à noite há vozes aqui
São de longe, tão longe
E falam de ti
Um porto perdido
Um dia encontrou
Meu amor perdido
Que sempre voltou...
Eu conto a quem passa
A vida no mar
Já cantam na praça
E vamos dançar...
Mas à noite há vozes aqui
São de longe, tão longe
E chamam por ti
quarta-feira, junho 13, 2012
terça-feira, junho 12, 2012
Sete Mares
Tem mil anos uma história
De viver a navegar...
Há mil anos de memórias a contar...
Ai, cidade à beira-mar
Azul
Se os mares são só sete
Há mais terra do que mar...
Voltarei amor com a força da maré
Ai, cidade à beira-mar
Ao sul
Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares
Foram tantas as tormentas
Que tivemos de enfrentar...
Chegarei amor na volta da maré
Ai, troquei-te por um mar
Azul
Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Azul
12 de Junho - Dia Mundial contra o Trabalho Infantil
Acorda rapaz, o dia rompe
através do sono escuro
abriga o teu corpo de onze anos
tens que ir trabalhar no duro
No ano passado, neste tempo
ainda andavas tu na escola
mas a família cresce e tu és rijo
e aqui ninguém pede esmola
Hoje vais ser homem
por quase nove horas
sabes lá das horas ...
mas talvez amanhã seja domingo no mundo
e tudo bata certo nem que por um segundo
fogo de artifício se veria
se fosse assim p'ra sempre um dia
Cuidado
atenção
é proibido fazer lume
risco de explosão
Carregas canudos em caixotes
fazes fogos de artifício
misturas a pólvora às estrelas
e o arco íris ao bulício
Se chega o fiscal, faz-te de tolo
estás ali porque até gostas
deixa o patrão dar-lhe o envelope
e ficas logo grande, apostas?
Hoje vais crescer
p'ra lá do teu tamanho
o cansaço é tamanho ...
mas talvez amanhã seja domingo no mundo
e tudo bata certo nem que por um segundo
fogo de artifício explodiria
se fosse assim p'ra sempre algum dia
Cuidado
atenção
é proibido fazer lume
risco de explosão
Cuidado com o manuseamento
não te enganes tu também
olhas de soslaio o tipo ao lado
que três dedos a menos tem
Paras p'ro almoço e à sucapa
vês revistas de homens grandes
vais ter que acender o teu cigarro
nem que pelos ares te mandes
Ah, como é difícil
saber do amor
eu sei lá o que é o amor ...
mas talvez amanhã seja domingo no mundo
e tudo bata certo nem que por um segundo
fogo de artifício explodiria
se tu me amasses algum dia
Cuidado
atenção
é proibido fazer lume
risco de explosão
Na fábrica de fogo de artifício
houve, dizem, fogo posto
e um menino sonha a noite inteira
que perdeu no escuro o rosto
sexta-feira, maio 25, 2012
Demónios Interiores
Sentei à minha mesa
os meus demónios interiores
falei-lhes com franqueza
dos meus piores temores
tratei-os com carinho
pus jarra de flores
abri o melhor vinho
trouxe amêndoas e licores
chamei-os pelo nome
quebrei a etiqueta
matei-lhes a sede e a fome
dei-lhes cabo da dieta
conheci bem cada um
pus de lado toda a farsa
abri a minha alma
como se fosse um comparsa
E no fim, já bem bebidos
demos abraços fraternos
saíram de mansinho
aos primeiros alvores
de copos bem erguidos
brindámos aos infernos
fizeram-se ao caminho
sem mágoas nem rancores
Adeus, foi um prazer!
disseram a cantar
mantém a mesa posta
porque havemos de voltar
segunda-feira, maio 14, 2012
Menina dos meus olhos
Fosse a menina dos meus olhos puta
e fornicara com as televisões
as duas novas da greta e da gruta
e as duas velhas pelas mesmas razões
rectangular e omnipresente nesga
que tem pra tudo as melhores soluções
fosse a menina dos meus olhos vesga
logo lhe dera as suas atenções
ai fosses tu menina dos meus olhos
com teus lacinhos e caracóis
a inocência vai nos entrefolhos
e fica a pátria amada em maus lençóis
entram pelas casas sem ser convidados
tempos de antena e outros futebóis
ficaram todos mais bem informados
opinião pública dos o...rinóis
são cus e mamas a dançar de gatas
mailas gravatas dos seus figurões
as euforias ficam mais barata
se domesticam-se as excitações
pobre menina ficas à janela
depenicando as tuas distracções
lavas a loiça fazes a barrela
mas essa merda não cede às pressões
os antropófagos das nossas dores
tomaram conta da aldeia global
fazem milhões a converter horrores
em audiências de telejornal
o insuportável torna-se rotina
e a realidade já é virtual
a dor da gente é inesgotável mina
que lhes rentabiliza o capital
as reportagens e as telenovelas
juntam os trapos pezinhos de lã
com a verdade ali a olhar pra elas
histórias da civilização cristã
já não é sangue o líquido vermelho
que nos reserva o dia de amanhã
e tu menina vais-te vendo ao espelho
e sofres dos dois lados do ecrã
noventa e quatro chegou à cidade
noventa e oito está quase a chegar
fez vinte aninhos a nossa liberdade
já é bem tempo de a desvirginar
e se o dinheiro não dá felicidade
televisões bem a puderam dar
talvez que para manter a sanidade
eu chegue ao ponto de ter que cegar
e a menina dos meus olhos há-de
conseguir ver para além do meu olhar
«José Mário Branco, ao Vivo em 1997», CD2, faixa 3, 1997
segunda-feira, maio 07, 2012
Luz
Ano: 2000
Eu andei no escuro
E alguém aqui passou
P'ra me iluminar
Sou quem viu no futuro
Este amor que começou
Por quem me quis dar
A minha luz...
Ninguém viu no teu olhar
A luz que ilumina o meu andar
Ninguém viu este amor a começar
Mas alguém
Tem na voz o teu cantar
Foste quem partiu tão cedo
E eu sou quem tem um segredo
Quem te vai guardar
Foste quem me viu tão perto
E eu sou quem foi descoberto
Quem há-de cantar
A tua luz...
Ninguém viu no teu olhar
A luz que ilumina o meu andar
Ninguém viu este amor a começar
Eu sou quem
Tem na voz o teu cantar
Houve dias em que não quisemos ser felizes
Houve dias em que não quisemos ser felizes.
Impusemo-nos uma tristeza com estilo, uma melancolia importada de terras longínquas e cinzentas. Ouvíamos ecos de cidades industriais, cantados pelos novos mártires. “Here are the young men”, diziam. E estranhamente, éramos nós esses jovens, aparentemente com o peso do mundo às costas, vestidos de gabardinas que nos identificavam como pessoas esclarecidas. Eu sei. Eu estive lá.
Foi neste quadro que nasceu a Sétima Legião. Primeiro, um improvável power trio que conquistou um segundo lugar num anónimo concurso de música moderna.
Depois, pouco depois, um colectivo que rasgou as molduras em que os quiseram enclausurar e arrastaram consigo toda a novíssima música portuguesa.
Esta colecção de canções traz alguns dos sinais. Dos primeiros tempos ingénuos e generosos (mas nem por isso menos geniais) de “Glória” (1982) ou “O Canto e o Gelo” e “Manto Branco” (1984) a “Monção” (1988) foi longo o caminho percorrido por este grupo de amigos. E ainda há tempo para recordar os hinos (“Sete Mares”, “Por quem não esqueci”) e saborear os dois inéditos – curiosamente com um travo saudavelmente nostálgico.
No fim, o segredo da Sétima Legião ainda continua por desvendar. A única coisa que sabemos é que o tempo não irá roubar estas canções.
Nuno Miguel Guedes
2000
in A história da Sétima Legião – canções 1983-2000
Impusemo-nos uma tristeza com estilo, uma melancolia importada de terras longínquas e cinzentas. Ouvíamos ecos de cidades industriais, cantados pelos novos mártires. “Here are the young men”, diziam. E estranhamente, éramos nós esses jovens, aparentemente com o peso do mundo às costas, vestidos de gabardinas que nos identificavam como pessoas esclarecidas. Eu sei. Eu estive lá.
Foi neste quadro que nasceu a Sétima Legião. Primeiro, um improvável power trio que conquistou um segundo lugar num anónimo concurso de música moderna.
Depois, pouco depois, um colectivo que rasgou as molduras em que os quiseram enclausurar e arrastaram consigo toda a novíssima música portuguesa.
Esta colecção de canções traz alguns dos sinais. Dos primeiros tempos ingénuos e generosos (mas nem por isso menos geniais) de “Glória” (1982) ou “O Canto e o Gelo” e “Manto Branco” (1984) a “Monção” (1988) foi longo o caminho percorrido por este grupo de amigos. E ainda há tempo para recordar os hinos (“Sete Mares”, “Por quem não esqueci”) e saborear os dois inéditos – curiosamente com um travo saudavelmente nostálgico.
No fim, o segredo da Sétima Legião ainda continua por desvendar. A única coisa que sabemos é que o tempo não irá roubar estas canções.
Nuno Miguel Guedes
2000
in A história da Sétima Legião – canções 1983-2000
quinta-feira, abril 26, 2012
quinta-feira, abril 12, 2012
quarta-feira, abril 11, 2012
quinta-feira, março 29, 2012
Vamos andando (só temo pelos outros)
Vamos levando, vamos aprendendo.
Vamos passando os dias sendo.
Vamos registando e esquecendo:
vamos perdoando, vamos crescendo.
Vamo-nos abraçando, vamos ficando
ternos irascíveis. Eu bem percebo.
Queremos o mesmo - não desfazendo.
Levamos avanço, ainda é cedo.
Só temo pelos que os outros vão sendo.
Vamos decifrando um pouco de tudo
do de tudo um pouco que nos vão dizendo,
porque cremos que todos temos bom fundo
e é isso que ainda nos vai entretendo.
Assumimos: estamos sempre um pouco àquem;
e, para conservarmos nossa sanidade,
constantemente incutimos a culpa a alguém…
Não vejo nisso motivos pra tanto alarde.
Só temo pelo que os outros vão sendo.
Somos patéticos quando simpáticos,
somos estúpidos e problemáticos.
Acabamos casmurros, e o que é fantástico
é que complicando tudo às vezes somos práticos.
Vamos andando, deixemo-nos ir.
Há futuro enquanto conseguirmos rir;
e tudo o que hoje fizermos de errado
incontornavelmente torna-se passado.
Só temo pelo que os outros vão ver.
Só temo pelo que os outros vão ter.
quarta-feira, março 28, 2012
Alegremente Cantando e Rindo Vamos
Vamos cantando e rindo, alegremente.
Constatamos: borramos o mindinho.
É insignificante o preço para que nos aprovem o caminho.
Vamos cantando e rindo. Alegremente
deixando que a merda nos chegue ao umbigo.
Não há perigo, não há perigo — estão aqui muitos comigo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso lindo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso tão lindo.
Vamos cantando e rindo. Alegremente
deixando que a merda nos chegue aos ouvidos.
E é impressionante… Como é que eu ainda respiro?
Vamos cantando e rindo. Alegremente
enterrados na merda que nos impingem.
É o nosso destino. Não se contraria o destino…
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso lindo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso tão lindo.
E ainda cantamos. E ainda cá estamos.
E ainda servimos por mais alguns anos.
E ainda cantamos. E ainda nos rimos.
E ainda ficamos por mais alguns anos.
segunda-feira, março 26, 2012
Anda comigo ver os aviões
Anda comigo ver os aviões levantar voo
A rasgar as nuvens
Rasgar o céu
Anda comigo ao porto de Leixões ver os navios
a levantar ferro
a rasgar o mar
Um dia eu ganho a lotaria
Ou faço uma magia
Mas que eu eu morra aqui
Mulher tu sabes o quanto eu te amo,
O quanto eu gosto de ti
e que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à América
Nem que eu leve a América até ti
Anda comigo ver os automóveis à Avenida
A rasgar as curvas
A queimar pneus
Um dia vamos ver os foguetões levantar voo
A rasgar as nuvens
A rasgar o céu...
Um dia eu ganho o totobola
Ou pego na pistola
Mas que eu morra aqui
Mulher tu sabes o quanto eu te amo
O quanto eu gosto de ti
E que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à Lua
Nem que eu roube a Lua
Só para ti
Um dia eu ganho o totobola
Ou pego na pistola
Mas que eu morra aqui
Mulher tu sabes o quanto eu te amo
O quanto eu gosto de ti
E que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à América
Nem que eu leve a América até ti
sexta-feira, março 16, 2012
Índios na Reserva
A poesia não se perde
ela apenas se converte
nestas paredes tão fechadas
que nada têm p'ra me dizer.
O que os muros sociais
têm guardado para contar
ninguém quer encarar.
Somos índios na reserva que visitas
obrigado pelo donativo... não aceito!
Mas a reserva não é mãe
e no meu gueto o medo abala
todos aqueles que ainda
se recusaram a desistir
de procurar na nossa sombra
uma razão para viver
com um pouco mais de dignidade.
Somos índios na reserva que visitas
obrigado pelo donativo... não aceito!
Porque aprendemos tão cedo
a escutar as histórias
como único socorro
promissor que nos resta.
quinta-feira, março 15, 2012
Zorro
João Monge e Jorge Prendas
Eu quero marcar o “Z” dentro do teu decote
Ser o teu Zorro de espada e capote
Para te salvar à beirinha do fim
Depois, num volte-face, vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
E adormecer contigo ao pé de mim
Eu quero ser para ti a camisola 10
Ter o Porto todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção
Se assim, faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha última jogada
E marco um golo com a minha mão (mesmo à Benfica... ;-))
Eu quero passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar: como é que conseguiu?
Eu puxo da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa:
Foi fácil! Ela é que pediu.
Canção do bandido (o Zorro)
João Monge / João Gil
Quando me chamas bandido Como se eu fosse um caso perdido Que se dá sempre o golpe perfeito no teu coração Já sei que vai haver assalto Vou começar no teu salto alto E acabar prisioneiro na cova-do-ladrão Quando me chamas canalha Por dá cá aquela palha É o teu jeito matreiro de lançar as redes Dizes asneiras baixinho Para poupar o pobre do vizinho De saber de nós dois pelas paredes Quando me chamas pelo nome Até fico com frio e com fome Como aquele menino da rua que anda perdido Então peço a todos os santos Que devolvam os meus encantos E que tu me voltes a chamar apenas bandido |
Eu quero marcar o “Z” dentro do teu decote Ser o teu Zorro de espada e capote Para te salvar à beirinha do fim Depois, num volte-face, vestir os calções Acreditar de novo nos papões E adormecer contigo ao pé de mim Eu quero ser para ti a camisola 10 Ter o Porto todo nos meus pés Marcar um ponto na tua atenção Se assim, faltar a festa na tua bancada Eu faço a minha última jogada E marco um golo com a minha mão (mesmo à Benfica... ;-)) Eu quero passar contigo de braço dado E a rua toda de olho arregalado A perguntar: como é que conseguiu? Eu puxo da humildade da minha pessoa Digo da forma que menos magoa: Foi fácil! Ela é que pediu. |
segunda-feira, março 12, 2012
Canção da Fome
Letra: Georg Weerth*
Música: João Gil
* - in "Rosa do Mundo 2001 -- Poemas para o Futuro" (Assírio e Alvim)
Prezado senhor e rei,
Sabes a notícia grada?
Segunda comemos pouco,
Terça não comemos nada.
Quarta sofremos miséria,
E quinta passámos fome;
Na sexta quase nos fomos,
Não se aguenta quem não come!
Por isso vê se no sábado
Mandas cozer o pãozinho,
Senão no domingo, ó rei,
Vamos comer-te inteirinho.
quinta-feira, março 08, 2012
Amor é fogo que arde sem se ver
Luís de Camões / João Gil
Amor é fogo que arde sem ser ver.
É ferida que dói, e não se sente:
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
segunda-feira, março 05, 2012
Engrenagem
Do berço à cova sem parar
caminho fora sempre a andar
cá vou levando a minha vida
Um minutinho a descansar
a vida inteira a trabalhar
suor sem conta nem medida
Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem
Do berço à cova sem vagar
enxada à terra barco ao mar
a mão e a máquina a compasso
Os bois no campo a lidar
E o serventio a trabalhar
todos com o mesmo cangaço
Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem
Do berço à cova sol a sol
por pão, amor e futebol
dor no sapato e dor na espinha
Canta-se o fado em lá bemol
morde a sardinha no anzol
E o tubarão segura a linha
Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem
Do berço à cova sem parar
caminho fora sempre a andar
cá vou levando a minha vida
Um minutinho a descansar
a vida inteira a trabalhar
suor sem conta nem medida
Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem
sexta-feira, março 02, 2012
Ó meu quero pai natal
Letra: João Monge
Música: João Gil
Pai, ensina-me a pôr as letras a eito
Que eu quero escrever uma carta importante
A pedir umas coisas que davam jeito
E uma ou outra delirante
Pai, “Alice” é com cê ou com dois ésses?
E “pião” leva uma cobrinha no á?
Não te rias, dá-me ajuda, não comeces
Mais sério que isto não há
Ó meu querido Pai Natal
Vou-te dizer
As coisas que nunca disse
Não sou mau e nem sou duro de roer
Fala de mim à Alice
E se ela mandar dizer
Que não, que não
Não me deixes amuado
Tira da saca o mais bonito pião
E está tudo perdoado
Pai, achas que estou pedindo a mais?
O das barbas tem muito a quem atender
Se eu fiquei em branco nos outros natais
Ainda lhe peço uma flober
Já lá vem de porta em porta o carteiro
À recolha das cartinhas com pedidos
O meu é do mais sincero e verdadeiro
Haja quem me dê ouvidos
Ó meu querido Pai Natal
Vou-te dizer
As coisas que nunca disse
Não sou mau e nem sou duro de roer
Fala de mim à Alice
E se ela mandar dizer
Que não, que não
Não me deixes amuado
Tira da saca o mais bonito pião
E está tudo perdoado
quinta-feira, março 01, 2012
Ave rara de Xangai
João Monge/João Gil
Água que cai
Lá vai...
Lá vai...
Levai a flor daquela saia
Faz que ela saia dessa rua
Ou então faz que ela caia
Água que cai
Lá vai...
Lá vai...
Levai pra longe do meu poiso
Essa ave rara de Xangai
Ou então faz que ela coiso
Eu peço à núvem do céu
Que faça um truque de Merlim:
Que a sua chuva deixe ao léu
Essa mulher só para mim
Água que cai
Lá vai...
Lá vai...
Levai a flor daquela saia
Faz que ela saia dessa rua
Ou então faz que ela caia
Água que cai
Lá vai...
Lá vai...
Levai pra longe do meu poiso
Essa ave rara de Xangai
Ou então faz que ela coiso
Eu peço à núvem do céu
Que faça um truque de Merlim:
Que a sua chuva deixe ao léu
Essa mulher só para mim
terça-feira, fevereiro 07, 2012
Vida tão estranha
São de veludo as palavras
Daquele que finge que ama
Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama
Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão maltratado
Já nem chorar
Me traz consolo
Resta-me só um triste fado
A gente vive na mentira
Já não dá conta do que sente
Antes sozinha toda a vida
Que ter um coração que mente
Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão maltratado
Já nem chorar
Me traz consolo
Resta-me só um triste fado
quinta-feira, janeiro 26, 2012
O Essencial Invisível
O Essencial Invisível
Luís Represas / João Gil
Buscando a forma e o momento
esvai-se o tempo de mansinho...
já procurei uma razão
não decidi na decisão.
Choquei de frente olhei pra trás
descobri parte de um trovão
onde caiu o raio agora
nasce confusa a confusão
Deixei
de querer ver
o que a luz sendo luz
não me quer dizer
deixei
de tentar ver
o que o mundo que é mundo
não sabe ter
Se viro costas cai um ninho
o chão devora uma semente
se fecho os olhos a terra treme
se digo adeus perde-se um crente.
Se não respiro então respiro
o ar que afoga uma sereia
se me espreguiço fica uma cruz
no mastro da minha bandeira.
Quem está escondido
vê melhor
se voas baixo
sente o chão
não faças caso do acaso
viste como a verdade se
transformou?
terça-feira, janeiro 24, 2012
O Cheiro a Café
Letra: Luís Represas
Música: João Gil
não te encontro devagar
nem na pressa de te ver p'ra mim
bom dia
que seja eterno
ficarei por cá
o cabelo em desalinho
a camisa que ontem vesti
o teu cheiro ainda quente
a visão de ti
já cai a sombra
que pinta de azul o azul
o olhar que afunda
as velas nos mares do sul
já a luz te vai limpando
e apareces tu
conversamos ou silêncio?
por agora não me ocorre nada.
ainda tenho a cabeça ausente
dentro da almofada
entre o cheiro do café
e o conforto quente da torrada
descompassas se sorris
ainda maquilhada
por ti jurei
jurei por mim
se por azar
um
for embora
quem de nós por cá ficar
contará a história
segunda-feira, janeiro 23, 2012
Quando eu voltar a nascer
Quando eu voltar a nascer
João Monge / João Gil
quando eu voltar a nascer
quero ser bonito
ser um traço de rapaz
e se for preciso morrer
tanto faz
para voltar a nascer
quando eu voltar a nascer
quero ser a casa
onde vive o teu olhar
eu assim já posso entristecer
e chorar
para voltar a nascer
quando eu voltar a nascer
quero ser a valsinha
ter o dom da criatura
que dança com a Lua à cintura
tu vais ver
nunca mais danças sozinha
quando eu voltar para ti
quero ser a essência
de todos os teus sentimentos
mas enquanto eu andar por aqui
paciência
vou tirando apontamentos
quarta-feira, janeiro 18, 2012
O lenço e a flor
Luís Represas / João Gil
Vejo o nó da gravata
fecho o botão de punho
o lenço no bolso
a flor na lapela,
amantes
olharam-se os dois
Uma pétala cai
sobre o pano sem cor
ainda me trazes
o cheiro traidor
parece que o tens
ainda.
Velho
sem tempo,
um novo momento
descobre-me à esquina
do que eu sou capaz.
Se tremo é porque amo
se choro é por mim
se rio é só por ti.
Passo a mão no chapéu
sei que vai resultar
o relógio no pulso
já o deixei parar
amanhã talvez volte a rodar
O lenço a flor
saímos os três
galantes na rua
que vai pro jardim...
eu sei que ela espera por mim.
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