sexta-feira, agosto 31, 2007

Abrir o sinal
Jorge Palma in Voo Nocurno

Eu disse "vamos partir, o espaço é seco, vazio e banal, vamos fugir!"
andámos de lugar em lugar
talvez a deixa fosse má, afinal a marca ainda cá está
a conspirar nalgum patamar

Não é o momento de te aconchegar
e não posso ver-te mal
acho que chegou o tempo de abrir o sinal
não sou suposto ver onde vais
nem saber com quem tu sais
neste canto meu
tens um mundo que é só teu

Olha que os nossos pés, mesmo que às vezes estejam de revés, são de proteger
respondem à voz do coração
com erva, vento, pedra e frio, na montanha ou no rio
merecem ternura e atenção

Não é o momento de te aconchegar...

quinta-feira, agosto 30, 2007

Nuno Prata

Há cerca de um ano, Nuno Prata (baixista dos extintos Ornatos Violeta, lançou o seu primeiro disco a solo intitulado Todos os dias fossem estes/outros. Podes ver e ouvir aqui o primeiro videoclip, Hoje quem?, ilustrado por Daniel Neves.


Olá (cá estamos nós outra vez)
Jorge Palma in Voo Nocturno

Olá! Sempre apanhaste o tal comboio?
Eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez

Conheço a tua cara, mas não sei o teu nome
eu escrevo já aqui, não sei o quê, arroba-ponte-come
vou-te reencontrar noutro bar de estação
ou talvez quando perder mais um avião
o barco vai de saída, tu estás tão bronzeada
é tão bom ver-te assim, ardente,
tão queimada

Eu quero reencontrar-te noutra esquina qualquer
sem saber o teu nome ou se ainda és mulher
quero reconhecer-te e beber um café
dizer-te de onde venho e perguntar-te porquê
sorrir-te cá do fundo, subir os degraus
eu quero dar-te um beijo
a cinquenta e tal graus

Quero reencontrar-te noutra esquina qualquer
sem saber o teu nome ou se ainda és mulher
quero reconhecer-te e beber um café
dizer-te de onde venho e perguntar-te porquê
sorrir-te cá do fundo, subir os degraus
eu quero dar-te um beijo a cinquenta e tal graus

Sempre apanhaste o tal comboio?
Já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada,
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi história
cá estamos nós outra vez
cá estamos nós outra vez

segunda-feira, agosto 20, 2007

O Centro Comercial fechou
Jorge Palma in Voo Nocturno

O centro comercial fechou
a Maria vai viver a vida mais longe
longe das ilusões
em cima das situações perigosas

O Tóino não morreu no mar
acabou de adquirir um castelo na Escócia (enfim)
não é bem na Escócia
é uma cave sombria em Gaia

O passado já lá está, raio duma sorte cinzenta
e o presente é uma réstia de esperança enquanto houver saúde
há que cuidar do aspecto, fazê-lo parecer natural
por mais que seja cruel, não há ninguém que ajude

Ninguém nos ensinou a usar
nada do que recolhemos pelo caminho
perto das ilusões
entre o amor e as razões perversas

O passado já lá está, raio duma sorte cinzenta
e o presente é uma réstia de esperança enquanto houver saúde
há que cuidar do aspecto, fazê-lo parecer natural
por mais que seja cruel, não há ninguém que ajude

O centro comercial fechou
Manu Chao apoia indígena Maia à presidência da Guatemala



Manu Chao gravou uma mensagem de apoio a Rigoberta Menchú, que se candidata a presidente da Guatemala, nas eleições que vão decorrer em 9 de Setembro próximo.

Rigoberta Menchú recebeu em 1992 o prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho em defesa dos direitos dos indígenas. No discurso, que fez quando recebeu o prémio, reivindicou os direitos históricos negados aos povos indígenas e denunciou a perseguição por eles sofrida desde a chegada dos europeus ao continente americano.
Rigoberta Menchú, que nasceu em 1958 e é indígena maia, destacou-se como lutadora pelos direitos sociais, em particular dos indígenas, e pelo combate à ditadura militar na Guatemala.

Rigoberta Menchú candidata-se a presidente da República da Guatemala nas próximas eleições, que decorrerão a 9 de Setembro. É apoiada pelo partido Encuentro por Guatemala.

terça-feira, agosto 14, 2007

Rosa Branca
Jorge Palma in Voo Nocturno

Vive! Dança! Rosa Branca
não percas tempo a tentar ser feliz
roda viva, rosa vermelha
toma bem conta do que eu nunca fiz

Quando fores grande não queiras crescer
abraça a terra que te viu nascer
embala o mundo ao som dos teus passos
deixa o teu lar-doce-lar em estilhaços

Vive! Dança! Rosa Branca
não percas tempo a tentar ser feliz
roda viva, rosa vermelha
toma bem conta do que eu nunca fiz

Quando te vejo, tenho que admitir
todo eu estremeço, não posso mentir
a tua seiva alimenta a lua
faz-me querer ir cantar para a rua

Vive! Dança! Rosa Branca
não percas tempo a tentar ser feliz
roda viva, rosa vermelha
toma bem conta do que eu nunca fiz

Roda viva, rosa vermelha
toma bem conta do que eu nunca fiz

segunda-feira, agosto 13, 2007

Voo Nocturno
Jorge Palma

Agora já não vejo o sol
nem o seu reflexo lunar
levo as asas nos bolsos
e o coração a planar
neste voo nocturno
não sei onde vou aterrar

Sinto as nuvens nos meus pulsos
e o leme sempre a consentir
são sempre os mesmos ossos
que eu insisto em partir
neste voo nocturno
só quero mesmo resistir

Neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno não sei onde vou acordar

Em baixo há manchas no canal
mas eu não as quero ver
o aeroplano está frio
e as hélices a ferver
o nariz do avião
só obedece a quem quiser

Agora não existe nada
o meu motor "ao ralenti"
vou revendo em surdina
tudo o que eu vivi
neste voo nocturno
a madrugada vem ai

sábado, agosto 11, 2007

Novo videoclip de Manu Chao, realizado por Emir Kusturica






O músico e cineasta sérvio Emir Kusturica rodou em Buenos Aires, com membros da rádio Colifata, o videoclip da última canção de Manu Chao, "Rainin' in paradize". No vídeo junto com imagens de conflitos armados, podem ver-se Manu Chao e o próprio Kusturica.

sexta-feira, agosto 10, 2007




Encosta-te a mim
Jorge Palma in Voo Nocturno

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar

Chegado da guerra, fiz tudo p'ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p'ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim