terça-feira, outubro 30, 2012

Nunca parto inteiramente



Nunca parto inteiramente
Não me dou à despedida
As águas vão simplesmente
Presas à sua nascente
É do seu modo de vida

Fica sempre qualquer coisa
Qualquer coisa por fazer
Às vezes quase lamento
Mas são coisas que eu invento
Com medo de te perder

Deixei um livro marcado
E um vaso de alecrim
Abri o meu cortinado
Fiz a cama de lavado
Para te lembrares de mim

Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
Uma que vai na corrente,
A outra presa à nascente
Fica para ter saudades

Tu não tens de mudar



Se o tens de ouvir tens de o fazer
E o mundo diz "tu tens de mudar"
Só não lavou as tuas mãos
Mas tens as mãos do mundo para lavar
Afasta-te um pouco mais
E dorme em paz que tu não tens de dar
O teu sorriso assim
Esgotando o teu juízo assim
Tu não tens de mudar
Quem te quer mudar não te quer
Conhecer
Tu não tens de o fazer

Eu não tenho nada meu
Pois tudo o que era bom foi na
Corrente do ter
E agora dei-me um dia para ser feliz
Para ver que eu nunca vou ter o mundo
Na minha mão
Não tenhas pena de mim agora
Meus dias já não são de ouro
Dantes sim existia um problema
Agora todos nós somos actores de cinema
E escondemo-nos bem dos olhos que o
mundo tem
Mas toda a gente nos vê
Só não nos ouve ninguém
Tu não tens de ver
Tu não tens sequer de amar
Tu só vais achar que vês
Quando ao sabor da tua lei
O amor fizer de ti seu rei para sempre

Para nunca mais mentir



Para ver
Para dar
Para estar
Para ter
Para ir
Pra ouvir
Pra sorrir e entrar
Para rir
Pra voltar
A tentar
Pra sentir
E mudar
Pra voltar a cair
Para me levantar
Para nunca mais tentar
Mentir
Pra crescer
Para amar
Para ser
O lugar
Pra viver
E gostar
De gostar
De viver
Pra fugir
Pra mostrar
Pra dizer
Pra ter paz
Pra dormir
Pra fingir acordar
Para ser
Derramar
Para nunca mais tentar
Mentir

Débil Mental



É que eu não sou um débil mental,
Eu posso estar errado ou ter agido mal,
Mas pago o preço que eu tiver de pagar,
Se for pra tal eu sofro só.
Se não te agrada a forma de eu falar,
Acorda e vê que eu cago pró teu não gostar.
Se as minhas calças,
Parecem de um pijama,
Da próxima vez eu saio como entrei na cama.
Só me agrada ser quem quero,
Longe de uma falsa situação.
Masturbação,
Não fica só pela palma da mão.
E é tão mau,
Se a dita v.i.p. fala caro e faz pensar que eu sou vulgar.
Eu sou,
Só não aguento,
É que ela diga tanta prosa e seja só ar,
E nem o ar é puro!
Hipocrisia é mal que eu não suporto,
Pior até que o não pensar.
Mas a verdade é que eu não sofro pelo mal,
Mas pelo meu bem.
Diz meu mal ou leva-me à razão.
Quero andar por fora do que eu sou,
Deixar o tempo ver,
Do que é capaz.
Sobre o que gira à volta já falei,
Contudo há certas coisas em que eu não pensei,
Se o meu destino é negro ou claro,
Quem vai dizer nada muda em nada tudo o que eu pensei fazer.
O mundo não é nada,
Nada à minha beira,
se tudo o que acredito já está preso à cadeira.
E tudo o que eu faço é pensado em mim,
No fundo eu sei que toda a gente acaba sendo assim.
Diz meu mal ou leva-me à razão.
Quero andar por fora do que eu sou,
Deixar o tempo ver,
Do que é capaz.
Não vejo nada contra o infalível,
Fala bem fala a minha língua,
Que eu não sou tu,
Homem de afetação,
Beija-me o cú,
Livra livra já não posso mais ouvir!
É tanta coisa fora do normal,
Procuras água no deserto.
Quem sabe até nos faz bem.
Eu sou mais eu sem nimguém.
A minha vida não tem nexo,
Dar-lhe um rumo é dar-lhe um fim.
Meu bem dói ou não,
Não eras tu contra a traição,
Quem evitou,
Por fim o mal,
Não foi a pura mas o débil mental!
Só me agrada ser quem quero,
Longe de uma falsa situação.
Só me agrada ser quem quero,
Longe de uma falsa situação.
(São) quem são e em nada são iguais,
Quem é mais?
Há que eu saiba um ponto igual em nós:
Sermos tão desiguais!

segunda-feira, outubro 29, 2012

Agora é que eu preciso

Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
É, agora é que eu preciso
Depois não vai valer a pena
Esse teu sorriso

Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
Agora é que eu preciso
É, agora é que eu preciso
Depois vai dar-me pena
Esse teu sorriso

Sem aviso
Que é agora é que eu preciso
Sem aviso
Supostamente
Sem aviso
E não quando mais tarde eu vir falar
Daquilo que eu já consigo

Não venhas ter comigo
Ei, não venhas ter comigo
Ganhaste um inimigo
Perto de mim corres perigo
Corres o risco de vir a saber
A que sabe o sangue no sorriso

Eu pouco mudei
Pelo que sei, pelo que me conheço
Infelizmente errei
Remediado
Ando ocupado
Paguei esse preço
De ti já nem sei
Se estou curado
Ninguém me deu o teu novo endereço
Passou a passado
Já passa ao lado
Já só persigo
aquilo que eu mereço
E a ti
Nada te peço

sexta-feira, outubro 26, 2012

Vício de ti



Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.
Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.

Enquanto a musica não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.

Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício
de ti (2x)

Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atrai-te as minhas fontes
Por inspiração passamos onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.

Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
não percebo porque não esmorece
será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar

Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício
de ti (3x)

Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
o meu vício de ti não vai passar, não vai passar...

quinta-feira, outubro 25, 2012

Cedo o meu lugar



Eu não quero ser
Eu não quero pedir
Mas estou a perder
E não sei que fazer mais

O que eu era desapareceu
E quando falo parece, parece
Que não sou mais eu

Tento encontrar-me, desenrascar-me
Já faço a cama
Ando ocupada a tentar fugir de ti
Mas mais longe é mais perto
Mais difícil fazer o correto do que estar certo

Por isso…

Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar…
Mas a seguir peço para voltar

Para mim nunca foi um jogo
Foi apenas um retrato
Onde ficávamos bem os dois
Onde as dúvidas são p'ra depois
Gosto mesmo de ti
Mas tu nunca estás...
Nunca estás aqui

Por isso…

Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar…
Mas a seguir peço para voltar

( É que eu gosto mesmo de ti
Eu gosto mesmo de ti )

Tento encontrar-me, desenrascar-me
Mas quanto mais longe mais perto de ti
O que eu era desapareceu
A culpa percebe eu não sou mais eu

Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar… (A culpa percebe eu não sou mais eu)
Cedo o meu lugar…

Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que decore os teus planos e que não se esqueça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que te dê tudo e que nem pareça
Cedo o meu lugar a quem te mereça
Que fique do teu lado e que não esmoreça
Cedo o meu lugar…
Mas a seguir peço para voltar

Cedo o meu lugar…

( É que eu gosto mesmo de ti
Eu gosto mesmo de ti )

quarta-feira, outubro 24, 2012

O fim de tudo



No começo era o fim
agora ai de mim, ai de mim
era bom, era a sós
agora ai de nós, ai de nós
como é que se sai
do eterno ai, terno ai
como é que se faz
pela paz
que é o nosso bem camuflado
dá-se aquela de emancipado
e some cada um p´ra seu lado

o perfeito casal
habitué da columa social
estrilhou, estrilhaçou
vá lá saber-se porquê
vá lá saber-se porquê

O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim

No começo, a paixão
agora essa não, essa não
era tudo demais
agora é só ais, é só ais
que é do amor que aparecia
tão cru na fotografia
que é do amor que se faz
e talvez
não volte mais a ser feito
vai-se de coração ao peito
cortar pela vida a direito

coração trivial
a afundar em água doce, água e sal
estrilhou, estrilhaçou
vá lá saber-se porquê
vá lá saber-se porquê

O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim

No começo é para sempre
agora há quem lembre, há quem lembre
a promessa a preceito
de peito ao ar, mão no peito
pelo geito da mão
ainda é talvez sim, talvez não
mas o fôlego falha-nos
valha-nos Deus, quem nos acode
a parte esquece do peito explode
e o coração que gire e que rode

O fim de tudo
é um recomeço
e olha, eu bem que mereço
tratar bem do melhor em mim

segunda-feira, outubro 22, 2012

Beirute

Quem recordará como foi
Duvido que ainda haja alguém de pé
Que tenha dançado ao som das noites quentes
De Beirute

Será que alguém chora um ausente
Já não há ninguém para ausentar
Já não há ninguém para soluçar
Em Beirute

Em Beirute
Nem o sol nasce
Em Beirute
Como merece
É mais quente que o ar do deserto
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna
Que já não torna
A ser Beirute

Em Beirute há bares fantasma
Onde outrora o amor se acoitou
E a alegria andava lado a lado
Com Beirute

Na terra onde o calor é quem manda
Havia uma cidade que era assim
Dizia nessa altura mais para mim
Do que Beirute

Quando enfim a história virar
Num tempo de arqueólogos errantes
Veremos corpos e ruínas militantes
Por Beirute

Encontraremos gente tão velha
Que nem parece ser da nossa era
Beijaremos os filhos da guerra
E choraremos
Por Beirute

quarta-feira, outubro 10, 2012

Se A Manhã Chegar



Quando a lua passa nas janelas
tão devagar
abres as portas e deixas as velas
por apagar
até a manhã chegar

Vim com a lua de outras cidades
p'ra te tocar
Abre a porta que eu trago saudades
por apagar
até a manhã chegar

Trago a lua de outras cidades
p'ra te tocar
Tu tens as velas eu tenho as saudades
por apagar
até a manhã chegar

Se a manhã chegar...

Tango Do Exílio



Tenho canções de mil cidades
que a névoa apagou
Não há ninguém a quem contar...

Atravessei mil tempestades
que o tempo amainou
Hoje não sei a quem contar...

À noite lembro essas cidades
que me hão-de levar
Eu quero alguém a quem contar...

Navegar



Cantar,
como quem canta um fado,
um amor que passou
Traços de um vento apagado
um mundo que acabou
p'ra não ter de mudar...

Vou cantar
nas palavras de um fado,
as trovas que nos diz
um rei sem trono nem reinado
sem novas nem país
por ter de navegar
ter de navegar

Eu vou cantar por quanto passei
eu vou cantar porque te encontrei
Vem navegar p'ra longe no mar
Há um navio p'ra nos levar ao fim do mar...

Cantar
um temporal que se levanta
para nos alcançar
Mas a bandeira azul e branca
vai tornar o mar
da cor do teu olhar
azul no olhar

Eu vou cantar por quem passei
eu vou cantar porque te encontrei
Vem navegar p'ra longe no mar
Há um navio, vem navegar ao fim do mar...

Senhora Das Rosas



Senhora quem chamais
quando passo ao vosso lado?
Senhora quem olhais
pondo os olhos no passado?

Senhora é bom esquecer
esse triste amor ardente,
pois não sabeis viver
ao sabor do amor ausente...

Não há rosas p'ra vos dar
tenho alguém por quem esperar

Senhora quem chamais
quando passo ao vosso lado?
Senhora quem olhais
pondo os olhos no passado?

Senhora o meu amor
não vive num castelo
Senhora o meu amor
é doutro olhar mais belo...

Eis as rosas que lhe vou dar
Há mil rosas p'ra eu lhe dar...

Os Limites Do Mar



No regresso dos navios
tantas lendas que ouviu...
Quis um rei ir encontrar
os limites do seu mar

Mas sem fundo, a dormir
O fim do mundo há-de vir...
Rei não fiques, vais agitar
Os limites do teu mar

A Reconquista



Dos mares da Irlanda e das costas da Bretanha
vão partir velas ao sol
Há bandeiras desfraldadas, torres, lanças, brilham espadas
vão reconquistar o Sul
Os celtas que vão partir
quando o sol nascer...
Grinaldas nas ameias, ardem as fogueiras
que não nos podem queimar
Gaiteiros enfeitados, vão tocar cantos passados
por aqui vai começar
E vem dançar, vem dançar
até ao sol nascer...

Das ribeiras da Galiza, através da Ibéria antiga
em nome dos nossos Reis
Retomar as fortalezas, "Sant'iago e aos Mouros"
para impor as nossas leis
Os Celtas que vão partir
quando o mar crescer...
Ignorem-se os presságios que nos falam de naufrágios
vão partir velas ao sol
São guerreiros enfeitados que ao som de cantos passados
vão reconquistar o Sul
Mas vem dançar, vem dançar
até o sol nascer...

Dos mares da Irlanda
Gaiteiros Guerreiros
Bandeiras Fogueiras
Castelos Reconquista...

Sem perdão


Dedicado a Elizabeth Hayton

Eu sou quem não tem perdão   ando perdido   eu sou
Eu sou quem não tem razão   ando escondido   eu sei
Se hoje for tarde demais   fico sozinho   eu estou
O lugar p'ra onde vais   não adivinho   eu sei
         
Tu és quem traz   um breve instante    
Um sol de paz   o sol brilhou    
    Por mais que agora eu cante    
    Nunca voltou    
         
Estrela cadente   se a fé não mudar    
Que ninguém vê   e a noite acabar    
Fez-me diferente   vai nascer aqui    
Não sei porquê   o dia    
         
      Se a lua deixar  
      E o sol me guiar  
      Só quero de ti  
      Um dia  
         
Eu sou quem não tem perdão   em parte incerta   eu sou
Eu sou quem não tem razão   vida deserta   eu sei
Temo o anoitecer   fico sozinho   eu estou
Voltarei um dia a ver   não adivinho   eu sei
         
Vela por mim   desta tristeza    
Até ao fim   de não te ver    
    Fiz a maior certeza    
    De renascer    
         
Estrela cadente   se a fé não mudar    
À tua mercê   e a noite acabar    
Faz de mim crente   hei-de ver nascer    
Diz-me porquê   o dia    
         
      Se a lua deixar  
      E o sol me guiar  
      Hei-de renascer  
      Um dia  

Sem ter quem amar



Há mundos antigos
Que ele percorreu
Sem ter um abrigo
Doutras terras separado

Cercado de imagens
De quem já perdeu
Olhando as margens
Para sempre naufragado

Regressa, onde vais?
Sem ter quem amar...
Quem te há-de esperar
Quem te há-de contar
Quem te há-de lembrar
Onde vais...

Estranha demanda
Não há outra igual
Quando um homem anda
De levante a poente

E acende fogueiras
Para fazer sinal
São noites inteiras
Tão distante, tão ausente

Regressa, onde vais?
Onde vais...

Mil Maneiras de Amar

Tentações
Passam por mim
Trazem os tempos que hão-de vir
Sem me tocar

Tradições
Falam por mim
Dez mandamentos por cumprir
Nunca mudar

Em segredo,
Aprendo a inventar
Mil maneiras p'ra eu te amar
Desvendar
O segredo
De saber inventar
Mil maneiras p'ra eu te amar
P'ra te amar

Perdições
Por confessar
Quantos pecados cometi
Sem te tocar

Devoções
Por contemplar
Há longos anos decidi
Nunca mudar

Em segredo,
...

Girassol



Se o vento soprar
De feição
E esta luz brilhar
Por onde eu for
Recomeçar, partir
Tomar o sol de frente
Sonhar, perseguir
O amor

(Olhar a vida de feição
Seguir a voz do coração)
Olhar a vida de feição
É ver a luz na escuridão
É ouvir a voz do coração
Então
"Ai por baixo fica o restolho..."

Não deixar passar
A ilusão
Ter uma visão
Acreditar
Ter coragem de abraçar
Dar-te a mão
Bate um coração
Sem parar

(Olhar a vida de feição
Seguir a voz do coração)
Se o vento soprar de feição
E a luz brilhar na escuridão
Seguir a voz do coração
Então
"Ai por baixo fica o restolho..."

Em frente ao Sol
por onde eu for
acreditar
seguir o amor

Porta do Sol



Quando a dança acabar num altar
Quando a porta ficar por fechar

Desce um véu,
Arde a catedral
Anjo negro no céu,
Lá vem o vendaval

E este olhos que não quero ver
Mas à noite não posso esquecer

Desce um véu,
Arde a catedral
Anjo negro no céu,
Lá vem o vendaval

Tão só



Todas as manhãs do mundo são sem regresso
Pascal Quignard

Sempre foi meu defeito
Não saber reconhecer
Que o que foi feito está feito
E ficou tanto por fazer

As causas que eu levo peito
Hão-de acabar por se perder
E não recordo um feiro
Que os meus olhos possam ver

Eu só queria saber
Fechar os olhos p'ra não ver
Tão-só queria saber
Fechar os olhos p'ra não ver

Mas o meu maior defeito
Foi não te reconhecer
Há tanto qu'eu não aceito
Tanto qu'eu não soube ver

E ainda trago no peito
A vontade de saber
Mas o passado está feito
E não volta a acontecer

Eu só queria saber
Fechar os olhos p'ra não ver
Tão-só queria saber
Fechar os olhos p'ra te ver

Tão só
Tão só...

terça-feira, outubro 09, 2012

A promessa



Não digas nunca mais
Porque eu hei-de te dar
A vida inteira

Andarei por onde vais
P'ra um dia acabar
À tua beira

Mil promessas
Eu hei-de fazer
E vou cumprir
Mil promessas
Eu hei-de manter
E não partir

Eu hei-de te provar
Eu quero prometer
Não ir embora

Sei tão bem como é amar
Como hei-de ser
Vida fora

Mil promessas
Eu hei-de fazer
E vou cumprir
Mil promessas
Eu hei-de manter
E não partir

Glória

(Miguel Esteves Cardoso)



A morte não te há-de matar
Nem sorte haverá de eu viver
Sem amar, se te ter, sem saber se
Rezar...

Amor, oxalá seja amar
Ter prazer sem poder
Nem sequer te tocar...

Os deuses não te hão-de levar
Sem que eu dê a mão para ser par
Sermos dois a partir e depois a
Voltar...

Não vais me deixar sem o céu
Ser o chão onde se vão deitar os
Mortais...

A glória será não esquecer
Memória de tanto te querer
Sem razão, meu amor, com paixão,
Sem morrer...

Talvez ao luar possas ver o olhar
Que lembrar fez nascer português...

Longa se torna a espera

(Tim/Xutos & Pontapés)



E quando eu descobrir o segredo
Da neblina cinzenta
Que torna a água barrenta
E sem perdão me esmaga o peito

E quando se levanta de repente
A névoa que corre o rio
Que gela tudo de frio
E escurece a corrente

Longa se torna a espera
Na névoa que corre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...

E quando eu apanhar finalmente
O barco para a outra margem
Outra que finde a viagem
Onde se espere por mim

Terei, terei mais uma vez força
Para enfrentar tudo de novo
Como a galinha e o ovo
Num repetir de desgraças

Longa se torna a espera
Na névoa que corre o rio
Lenta vem a galera
Na noite quieta de frio
E quando...

Além-Tejo



Nas terras do além-Tejo
Ao fim dos vales um monte
Quatro noites para um rio
Encontrei-te junto à ponte...

Do passado de um rio
Ficou por contar a primeira vez
O passado de um rio
Ficou de voltar outra vez
Passaste como um rio
Que eu cantei e me deixou aqui
Passaste como um rio
E eu não sei passar sem ti...

Soube o teu nome além Tejo
Talvez fosses quem perdi
Passaste como um rio
E hoje não passo sem ti