quinta-feira, janeiro 26, 2012

O Essencial Invisível




O Essencial Invisível
Luís Represas / João Gil

Buscando a forma e o momento
esvai-se o tempo de mansinho...
já procurei uma razão
não decidi na decisão.

Choquei de frente olhei pra trás
descobri parte de um trovão
onde caiu o raio agora
nasce confusa a confusão

Deixei
de querer ver
o que a luz sendo luz
não me quer dizer
deixei
de tentar ver
o que o mundo que é mundo
não sabe ter

Se viro costas cai um ninho
o chão devora uma semente
se fecho os olhos a terra treme
se digo adeus perde-se um crente.

Se não respiro então respiro
o ar que afoga uma sereia
se me espreguiço fica uma cruz
no mastro da minha bandeira.

Quem está escondido
vê melhor
se voas baixo
sente o chão
não faças caso do acaso
viste como a verdade se
transformou?

terça-feira, janeiro 24, 2012

O Cheiro a Café




Letra: Luís Represas
Música: João Gil

não te encontro devagar
nem na pressa de te ver p'ra mim
bom dia
que seja eterno
ficarei por cá

o cabelo em desalinho
a camisa que ontem vesti
o teu cheiro ainda quente
a visão de ti

já cai a sombra
que pinta de azul o azul
o olhar que afunda
as velas nos mares do sul
já a luz te vai limpando
e apareces tu

conversamos ou silêncio?
por agora não me ocorre nada.
ainda tenho a cabeça ausente
dentro da almofada

entre o cheiro do café
e o conforto quente da torrada
descompassas se sorris
ainda maquilhada

por ti jurei
jurei por mim
se por azar
um
for embora
quem de nós por cá ficar
contará a história

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Quando eu voltar a nascer




Quando eu voltar a nascer
João Monge / João Gil

quando eu voltar a nascer
quero ser bonito
ser um traço de rapaz
e se for preciso morrer
tanto faz
para voltar a nascer

quando eu voltar a nascer
quero ser a casa
onde vive o teu olhar
eu assim já posso entristecer
e chorar
para voltar a nascer

quando eu voltar a nascer
quero ser a valsinha
ter o dom da criatura
que dança com a Lua à cintura
tu vais ver
nunca mais danças sozinha

quando eu voltar para ti
quero ser a essência
de todos os teus sentimentos
mas enquanto eu andar por aqui
paciência
vou tirando apontamentos

quarta-feira, janeiro 18, 2012

O lenço e a flor





Luís Represas / João Gil

Vejo o nó da gravata
fecho o botão de punho
o lenço no bolso
a flor na lapela,
amantes
olharam-se os dois

Uma pétala cai
sobre o pano sem cor
ainda me trazes
o cheiro traidor
parece que o tens
ainda.

Velho
sem tempo,
um novo momento
descobre-me à esquina
do que eu sou capaz.
Se tremo é porque amo
se choro é por mim
se rio é só por ti.

Passo a mão no chapéu
sei que vai resultar
o relógio no pulso
já o deixei parar
amanhã talvez volte a rodar

O lenço a flor
saímos os três
galantes na rua
que vai pro jardim...
eu sei que ela espera por mim.