sexta-feira, dezembro 30, 2011

Rouba-Corações




Letra: João Monge
Música: João Gil

Pedi-te à Terra
e não deu
Pedi-te ao Astro
e não deu
Pedi-te a Deus
e não deu
Se ninguém deu, eu roubei
E lá vou eu...

E lá vou eu, fora-da-lei,
à pendura num cometa
tocando a minha corneta,
batendo no meu tambor
Para a Terra, o Astro e Deus
ficarem sabendo que eu
roubei o meu grande amor.

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Diz-me tudo meu pai




Letra e Música: João Gil

Diz-me tudo meu pai, sou teu filho
Todos dizem, agora é um sarilho
Tenho dezoito já sou maior
O que vai ser?

Como vai ser?
Não é segredo
O que vai ser? Já não é teu.
Debaixo deste escuro céu

Diz-me coisas de ti e da terra
Serei um soldadinho nesta guerra
Entre o matar e o morrer
Terei de sobreviver

Como vai ser? Não é segredo
O que vai ser? Já não é teu.
Debaixo deste escuro céu

O tempo é meu!
É minha a hora!
É minha a vez!
É o momento!

Como vai ser?
Como é lá fora?
Debaixo deste escuro céu.

terça-feira, dezembro 27, 2011

Lado Esquerdo




O meu lado esquerdo
é mais forte do que o outro
é o lado da intuição
É o lado onde mora o coração


O meu lado esquerdo
Oriente do meu instinto
É o lado que me guia no escuro
É o lado com que eu choro e com que eu sinto


Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo


O meu lado esquerdo não sabe o que é a razão
É ele que me faz sonhar
É ele que tantas vezes diz não


Meu é o meu foi o meu lado esquerdo
Que me levou até ti
Quando eu já pensava
Que não existias para mim no mundo

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Sisudo Amável




Letra e Música: João Gil

Apenas 1 teu sorriso
Apenas 1 teu olhar
O código que autorizo
A senha para entrar

Gosto de ti!
Quando és razoável
Gosto de ti!
Volátil e maleável

E só assim é viável
Fazer um sisudo amável
Levo-te a 100
Tu pões-me alerta
Levas-me a bem
Como ninguém

Dá-me o teu sim
Que eu nunca sei dizer não
Dá-me o teu dom
Que eu dou-te o meu coração

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Reunir Aos Meus Amigos


Hoje é o dia em que eu
Celebro as coisas simples
Uma é ver-te a sorrir
Os dedos são a ponte entre
O vidro onde escrevo e a pele do teu corpo

Ohhh, alguém canta
Os dias sem ninguém
Quem vier por bem venha também
Reunir aos meus amigos

Toma a senha e segue a lua
Não tem nada que enganar
Tropeça, corre e cai
Mas só páras lá no fim
Quando o coração bater e o sino rimar

Ohhh, alguém canta
Os dias sem ninguém
Quem vier por bem venha também
Reunir aos meus amigos
Ohhh, alguém canta
Os dias sem ninguém
Quem vier por bem venha também
Reunir aos meus amigos

Tropeça, corre e cai

Num texto que li hoje do José Luís Peixoto, ele fazia uma comparação entre caminhar e um teclado.
De facto caminhar, a vida, é cheia de quedas e recomeços, tal como escrever um texto num teclado. Por mais comprida que seja a palavra, mesmo que seja otorrinolaringologista, haverá sempre uma altura em que carregaremos no travessão, pois caso contrário as letras todas juntas deixariam de fazer sentido.
Na vida é igual. Como dizem os Clã, feliz a 100% só mesmo um pateta feliz. Por mais momentos felizes que tenhamos, mais ou menos compridos, haverá sempre uma quebra, para recomeçar, retomar, melhorar, diferenciar. No fundo, para dar mais sabor e valor à vida.

Guilherme Rietsch Monteiro
14 de Dezembro de 2011

Valsa dos Detectives


Tem medo do escuro tal criança sem futuro
é falso velhaco cobarde armado em duro

Vai pelo mundo guiado pela mão
Até depois de morto dá uma volta no caixão

Treme e vacila nem na cama está seguro
Teme que alguém o chame geme sofre de medo puro

Evita o olhar dos mortais que o rodeiam
Esconde-se em mentiras que mesquinhas serpenteiam

Vai pelo mundo guiado pela mão
Até depois de morto dá uma volta no caixão

É só paranóia mania da perseguição
Desconfia de todos resulta da sua traição

Vai pelo mundo guiado pela mão
Até depois de morto dá uma volta no caixão


Cortei

Cortei!
Cortei o cabelo!
Já não tenho na minha cabeça cabelo que se tenha perdido nas tuas mãos!

Guilherme Rietsch Monteiro
13 de Dezembro de 2011

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Asas delta


hei, tenho asas nos pés
tenho asas
hei tenho molas nos pés
e salto

sinto um formigueiro
nas mãos e nos braços
passarinhos na cabeça
cata-vento nos ouvidos
mil antenas nos cabelos
quem me leva tenho pressa

pé de cabra, pé de dança
dançar por gosto não cansa
não vou só, levo o meu bando
a dança nos vai juntando

hei, tenho asas nos pés
tenho asas
hei tenho molas nos pés
e salto

se me pesa o traseiro
levanto o meu nariz
perco o medo e a vergonha
fecho os olhos aí vou
e já não estou onde estou
nem sei quando posso parar

pé de cabra, pé de dança
dançar por gosto não cansa
não vou só, levo o meu bando
a dança nos vai juntando

hei, tenho asas nos pés
tenho asas
hei tenho molas nos pés
e salto
mais alto






Barcos Gregos


Já estou farto de procurar
Um sítio para me encaixar
Mas não pode ser
Está tudo cheio, tão cheio, cheio, cheio
Mas o que é que eu vou fazer
Eu vou para longe, para muito longe
Fazer-me ao mar, num dia negro
Vou embarcar, num barco grego
Falta-me o ar, falta-me emprego
Para cá ficar
Já estou farto de descobrir
Tantas portas por abrir
Mas não pode ser, é tudo feio, tão feio, feio
Mas o que é que eu vou fazer


Abraço



Apresentação do livro "Abraço" de José Luís Peixoto no Teatro do Campo Alegre, no Porto.
Apareço ao minuto 1:10

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Eu ninguém


eu ninguém
eu ninguém comigo só
posso ser
travesti de quem quiser
manequim de bazar
ou rainha do lar
madame butterfly
barbie suzie dolly polly pocket

tudo bem
mas eu posso ser também
emanuelle
lady miss mademoiselle
num harém meretriz
ou apenas actriz
o espelho me diz
gueixa vénus eva dama virgem mãe

é que eu sei
o que eu sou e o que não sou
mas é claro
o que eu for eu sou
sem ninguém
só o que eu tenho a saber
é quem de nós cem
hoje eu vou ser

sei lá sei lá
sei lá sei lá
sei lá sei lá
sei lá





Sexto andar


Uma canção passou no rádio
E quando o seu sentido
Se parecia apagar
Nos ponteiros do relógio
Encontrou num sexto andar
Alguém que julgou
Que era para si
Em particular
Que a canção estava a falar

E quando a canção morreu
Na frágil onda do ar
Ninguém soube o que ela deu
O que ninguém
Estava lá para dar

Um sopro um calafrio
Raio de sol num refrão
Um nexo enchendo o vazio
Tudo isso veio
Numa simples canção

Uma canção passou no rádio
Habitou um sexto andar





quarta-feira, dezembro 07, 2011

De noite na cama


De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama ... E quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama ... E quando

De dia eu faço graça
Pra não dar bandeira
Não deixo você ver
De dia o tempo passa como brincadeira
Por longe de você
Por onde você mora
Para e se demora
Por hora não vou ter
Coragem de dizer
Mas há de ver a hora
... Se você for embora
Agora

De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama e quando


segunda-feira, dezembro 05, 2011

Amuo


Vejo que estás mais crescida
Já dobras a frustração
Bates com a porta ao mundo
Quando ele te diz não

Envolves o teu espaço
Na tua membrana ausente
Recuas atrás um passo
Para depois dar dois em frente

Amuar faz bem
Amuar faz bem

Ficas descalça em casa
A fazer a tua cura
Salva por um bom amuo
De fazer má figura

Amanhã o mundo inteiro
Vai perguntar onde foste
E tu dizes apenas
Que saíeste, viajaste

Amuar faz bem
Amuar faz bem

Nada como um bom amuo
Apenas um recuo quando nada sai bem

E depois voltar
Como se nada fosse
E reencontrar o lugar
Guardado por um bom amuo





Que há-de ser de nós?


Já viajámos de ilhas em ilhas
já mordemos fruta ao relento
repartindo esperanças e mágoas
por tudo o que é vento

Já ansiámos corpos ausentes
como um rio anseia p´la foz
já fizemos tanto e tão pouco
que há-de ser de nós?

Que há-de ser do mais longo beijo
que nos fez trocar de morada
dissipar-se-á como tudo em nada?

Que há-de ser, só nós o sabemos
pondo o fogo e a chuva na voz
repartindo ao vento pedaços
que hão-de ser de nós

Já avivámos brasas molhadas
no caudal da lágrima vã
e flutuando, a lua nos trouxe
à luz da manhã

Reencontrámos lágrimas e riso
demos tempo ao tempo veloz
já fizemos tanto e tão pouco
que há-de ser de nós

Que há-de ser da mais longa carta
que se abriu, peito alvoroçado
devolver-se-á: «endereço errado?»

Que há-de ser, só nós o sabemos
pondo o fogo e a chuva na voz
repartindo ao vento pedaços
que hão-de ser de nós

Já enchemos praças e ruas
já invocámos dias mais justos
e as estátuas foram de carne
e de vidro os bustos

Já cantámos tantos presságios
pondo o fogo e a chuva na voz
já fizemos tanto e tão pouco
que há-de ser de nós?

Que há-de ser da longa batalha
que nos fez partir à aventura?
que será, que foi
quanto é, quanto dura?

Que há-de ser, só nós o sabemos
pondo o fogo e a chuva na voz
repartindo ao vento pedaços
que hão-de ser de nós


Infra-Herói


não posso
não faço
não me canso
nem me esforço

não olho
não escuto
não respondo
nem pergunto

não choro
não sinto
nem coro quando minto

sou muito rasca
quem me fará sair da casca?

sufoco
saturo
não existe o que eu procuro

adio
desisto
não insisto
nem persisto

resmungo
bocejo
nem procuro o que desejo

sou muito rasca
quem me fará sair da casca?

sou apenas mais um belo adormecido
onde estará essa que me vem despertar?
moro numa torre que até cresce comigo
só um beijo me há-de salvar

talvez um dia
esse beijo essa boca
essa fala de fada
me acorde

talvez um dia
um amor verdadeiro
me salve do meu
cativeiro