segunda-feira, junho 30, 2008

Ja sei namorar

Arnaldo Antunes / Marisa Monte / Carlinhos Brown
in, Tribalistas

Já sei namorar
Já sei beijar de língua
Agora só me resta sonhar

Já sei onde ir
Já sei onde ficar
Agora só me falta sair

Não tenho paciência pra televisão
Eu não sou audiência para a solidão

Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem

Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também

Já sei namorar
Já sei chutar a bola
Agora só me falta ganhar
Não tenho juiz

Se você quer a vida em jogo
Eu quero é ser feliz
Não tenho paciência pra televisão
Eu não sou audiência para a solidão

Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem

Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também

Tô te querendo como ninguém
Tô te querendo com Deus quiser
Tô te querendo como eu te quero
Tô te querendo como se quer

Tô te querendo como ninguém
Tô te querendo como Deus quiser
Tô te querendo como eu te quero
Tô te querendo como se quer

H2omem

Letra: Arnaldo Antunes
Música: Hélder Gonçalves
in: Lustro

A gota caiu na poça
A poça caiu na lagoa
A lagoa caiu no mar
e aqui se fez
a pessoa

a pessoa caiu na outra
a outra caiu na outra
a gota caiu na gota
e o mar se fez
da garoa

Agá dois homem
pra dentro da boca da boca da boca do rio
correndo escorrendo pra dentro do copo vazio
e do copo cheio transbordando, embalando o navio
chovendo, jorrando, enxurrando, enchendo o cantil

Agá dois homem
pra beber e tomar banho
Agá dois homem
pra nadar e fazer sopa
Agá dois homem
pra molhar a plantação

contra a cabeça pedra
contra a cabeça ferro
contra a certeza inquestionável

Agá dois homem
pra lavar a roupa suja
Agá dois homem
pra furar a pedra dura
Agá dois homem
pra chover sobre o sertão

Eu ninguém

Letra: Arnaldo Antunes
Música: Hélder Gonçalves
in: Rosa Carne

Eu ninguém
Eu ninguém comigo só
Posso ser
Travesti de quem quiser
Manequim de bazar
Ou rainha do lar
Madame Butterfly
Barbie Suzie Dollu Polly Pocket

Tudo bem
Mas eu posso ser também
Emanuelle
Lady Miss Mademoiselle
Num harém meretriz
Ou apenas atriz
O espelho me diz
Gueixa Vênus Eva Dama Virgem Mãe

É que eu sei
O que eu sou e o que eu não sou
Mas é claro
O que eu for eu sou
Sem ninguém
Só o que eu tenho a saber
É quem de nós cem
Hoje eu vou ser

Pó de arroz
Rímel óculos baton
Sutiã
Armadilha de satã
Salomé Rapunzel
Ou beata de véu
Um anjo cruel
Fada vaca gata dona do bordel

É que eu sei
O que eu sou e o que eu não sou
Mas é claro
O que eu for eu sou
Sem ninguém
Só o que eu tenho a saber
É quem de nós cem
Hoje eu vou ser

Sei lá sei lá sei lá sei lá
Sei lá sei lá sei lá

Consumado

Arnaldo Antunes / Marisa Monte / Carlinhos Brown

Tô louco pra fazer
Um rock pra você
Tô punk de gritar
Seu nome sem parar

Primeiro eu fiz um blues
Não era tão feliz
E de um samba-canção
Até baião eu fiz

Tentei o tchá tchá tchá
Tentei um yê yê yê
Tô louco pra fazer
Um funk pra você

E tá consumado
Tá consumado
Tá consumado
Tá consumado

Fiz uma chanson d'amour
Fiz um love song for you
Fiz una canzone per te
Para impressionar você

Pra todo mundo usar
Pra todo mundo ouvir
Pra quem quiser chorar
Pra quem quiser sorrir

Na rádio e sem jabá
Na pista e sem cair
Um samba pra você
Um rock and roll to me

E tá consumido
Tá consumido
Tá consumido
Tá consumido

Fiz uma chanson d'amour
Fiz um love song for you
Fiz una canzone per te
Para impressionar você

As coisas

Arnaldo Antunes / Gilberto Gil

As coisas têm peso,
massa, volume, tamanho,
tempo, forma, cor,
posição, textura, du¬ração,
densidade, cheiro, valor.
Consistência, profundidade,
contorno, temperatura,
função, aparência, preço,
destino, idade, sentido.
As coisas não têm paz.

Era uma vez um pensamento teu

Mafalda Veiga
in, Chão

era uma vez um pensamento teu
quase podia ser segredo meu
e teu
era quem sabe um tempo de inventar
subir o teu corpo
cair do teu sonho
e ficar em nós

era uma vez um medo que voou
que se fez asa, sopro, ar
nunca mais voltou
e eu sem saber porquê fui atrás
e ainda o vi
esconder-se de ti
era talvez um tempo de te amar
era talvez um tempo de sentir

era uma vez um pensamento meu
quase podia ser segredo teu
e meu
era quem sabe um tempo de inventar
subires o meu corpo
caíres do meu sonho
e ficares em nós

era um vez um sonho que não sei
que se fez asa, sopro, ar
quase lhe toquei
e a pressentir porquê fui atrás
e ainda o vi
a esconder-se em mim
era talvez um tempo pra te dar
era talvez um tempo de te amar

o tempo que não foi tempo não passou
o sonho que se fez pele e se guardou
aqui ficou
como se fosse sopro, asa, ar
escondeu-se em nós
e no teu olhar
fica pra sempre um tempo de te amar
fica pra sempre tanto do que sou

Estrada

Mafalda Veiga
in, Chão

meu amor
não quero mais palavras rasgadas
nem o tempo
cheio de pedaços de nada
não me dês
sentidos para chegar ao fim
meu amor
só quero ser feliz

meu amor
não quero mais razões para apagar
o que nasce
e renasce e nos faz acordar
a loucura
faz medo se for medo o teu chão
mas é ar e é terra
dentro do coração
é ar e é terra dentro do coração

meu amor
não quero mais silêncio escondido
nem a dor
do que cai em cada gesto ferido
quero janelas abertas
e o sol a entrar
quero o meu mundo inteiro
dentro do teu olhar
eu quero o meu mundo inteiro
dentro do teu olhar

e hoje, vê
a estrada é feita pra seguir
e hoje, sente
a vida é feita de sentir
e hoje vira do avesso o mundo
e vê melhor
deste lado é mais puro
é teu
é tão maior
deste lado é mais puro
é meu
é tão maior

sexta-feira, junho 27, 2008

Arrogância europeia

Miguel Portas
in, Sol de Esquerda

«Não entregarás a seu senhor o escravo que se tiver refugiado junto de ti, fugindo dele. Ficará contigo, entre os teus, no lugar que escolher numa das tuas cidades, onde lhe parecer bem» (1).
Lembram-se? Não? Então aqui vai outra: «Quando um forasteiro residir junto de ti, não o oprimas. Considerarás o forasteiro como um do teu povo e o amarás como a ti mesmo, pois forasteiros fostes na terra do Egipto» (2).
Estas citações do Velho Testamento deviam ter sido inscritas a ouro na cabecinha de cada um de nós. Para que quem estivesse em frente nunca esquecesse. Escrevo com amargura, porque amargo foi aquele fim de manhã em Estrasburgo, onde uma maioria de deputados, na sua quase totalidade cristãos esquecidos, votaram a mais vergonhosa directiva de que me lembro desde que me sento naquele Parlamento.
Vergonha, sem tirar nem pôr. Quando uma lei admite a detenção de um ser humano até 18 meses, sem ter sido condenado ou ter cometido qualquer crime, senão o de procurar melhorar a sua vida e a dos seus, é porque algo de muito grave apodreceu nesta Europa e nas nossas cabeças.
Quando essa mesma lei admite idêntico tratamento para menores, acompanhados ou não, já nem de vergonha, mas de pura desonra se trata. Acusem-me de moralista à vontade. Porque se houve momento em que política e moral se dissociaram sem apelo nem agravo – este foi um deles.
Por isso, tomem lá com outra citação: «Porque tive fome e vós não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso e não me visitastes. Então… eles responderão: ‘Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não Te servimos?’ E Ele responderá: ‘…todas as vezes que o deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer» (3).

(1) Deuterónimo 23. 16,17;(2) Levítico 19,33; (3) Mateus 25. 42-45

Não sou cristão, e sei que peco, porque lanço sobre os responsáveis da directiva com o que mais os pode incomodar, se é que ainda algo os incomoda, para lá da sua vidinha e das mordomias do poder.
Para que se saiba – e não sou de queixas – os responsáveis por esta regressão em matéria de valores fundamentais têm nome. Foram os governos da União, todos sem excepção; a comissão Barroso; e uma maioria de deputados onde se encontraram a extrema-direita, a direita, os liberais e ainda 49 socialistas em cega obediência aos respectivos governos.
Esta gente decide sobre a vida dos outros como se estivesse no Olimpo. Esta semana trouxe outro exemplo desta arrogância fatal: ao contrário do que fizeram com o Tratado Constitucional, após o chumbo francês e holandês, os governos decidiram prosseguir com as ratificações em resposta ao ‘Não’ irlandês. E ainda dizem que não há filhos e enteados. Melhor ainda, querem que a Irlanda faça novo referendo. Eles, que tudo fizeram para os impedir nos seus países. Falta-lhes em vergonha o que lhes sobra em descaramento.

Clã e Pato Fu no Rock in Rio Lisboa 2008





Mama Papa


Clã & Pato Fu na Antena 3


A luta deles



quinta-feira, junho 26, 2008

Sou um gajo do Porto

Trabalhadores do Comércio

Sou um gajo do Porto
Olha a grande nobidade
Represento bibo ou morto
O mau jeito da cidade

Um mau jeito com seus ques
ou bice-bersa é claro
Trocar os Bs pelos Bs
Tem muita graça e é raro

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto
Sim, sou um gaijo do Porto

Tripas som manjar só nosso
Feitas à moda do Porto
E sabemos dar no osso
Se a coisa dá pró torto.

Cunfeitaria ou café
num suplantam um bom tasco
Ondo balcom semprimpé
Bai do maduro ou do berdasco

Curaçon, telebison
É como pronunciamos
Mas tem sempre som e tom
Aquilo de que falamos

Sim, sou um gaijo do Porto
Sim, sou um gaijo do Porto

A importância de ser Alegre

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão


Neste momento é seguro afirmar que todo o País está contra o PS até o PS. Uma coisa é a esquerda gritar e a direita ranger os dentes, outra coisa é gente do próprio PS organizar comícios contra o Governo. Sócrates conseguiu maioria absoluta em Portugal, mas parece ter dificuldade em obter maioria relativa no PS. Significa isso que os socialistas têm mais juízo que a generalidade dos portugueses? Aí está uma hipótese que, a verificar- -se, seria surpreendente.

Que a crise existe, pelo menos, ninguém nega. De um modo geral, todos estão preocupados com o fosso que se aprofunda, em Portugal, entre os ricos e os pobres.

A esquerda preocupa-se porque o fosso é cada vez maior; a direita indigna-se porque ainda ninguém se lembrou de pôr crocodilos no fosso. Os pobres, com algum esforço, continuam a conseguir passar. Entre a esquerda e a direita está o PS, que acaba por não ser uma coisa nem outra. Que sorte.

Os cidadãos têm algum medo das ideologias, e por isso preferem votar em quem não tem ideologia nenhuma.

A menos que todos estes tumultos e confrontações internas não passem de uma estratégia genial do PS (mas todos sabemos como é raro o PS delinear uma estratégia, quanto mais uma que seja genial). Pense o leitor comigo: Manuel Alegre e Sócrates podem ter-se conluiado para fazer a vida negra ao PSD. O que, em princípio, não seria mau: enquanto o PS se entretém a fazer a vida negra ao PSD, pode ser que se distraia da tarefa de fazer a vida negra aos portugueses. Mas o certo é que, tendo o PS maioria absoluta e, além ou apesar disso, uma oposição interna acirrada, Manuela Ferreira Leite tem um problema grave. A senhora ainda agora foi eleita e já se encontra perante uma tarefa duplamente difícil: por um lado, deve demonstrar que governa melhor que Sócrates; por outro, tem de provar que faz oposição melhor que Alegre. O PS não brinca.

Manuel Alegre pode ser, por isso, para Sócrates, um cavalo de Tróia que, estando dentro do PS, consegue, no entanto, minar o PSD. O primeiro-ministro bem disse que ia criar empregos, mas devia ter avisado que seriam todos para os socialistas. Neste momento, o partido socialista tem militantes a ocupar o lugar de líder do Governo e o de líder da oposição. Que o partido do poder arranje tachos na governação aos seus militantes ainda se aceita, mas que agora também lhes ofereça lugares na oposição, já parece eticamente duvidoso.

Caos é sempre que um camionista quiser

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão


Talvez um dos sinais mais importantes para perceber o nosso tempo (isto supondo, claro, que é possível perceber o nosso tempo) seja o facto de o Oráculo de Delfos ter perdido toda a sua popularidade para o Oráculo de Bellini. A diferença essencial entre os dois é que o segundo leva 75 euros à hora. De resto, o primeiro recomendava «Conhece-te a ti mesmo», o que, pelo menos no meu caso, constitui um péssimo conselho. Conheço-me apenas de vista, e já é bom. Um conhecimento profundo obrigaria a uma convivência mais intensa, e eu não me dou com gente desta. Sei apenas que dificilmente mereço fazer parte daquilo a que se chama Humanidade. Enquanto grupo, percorremos um longo caminho, desde o macaco até àquilo que somos hoje, mas eu não há maneira de o esconder continuo inquietantemente próximo do macaco.

A Humanidade foi à Lua, é certo, mas eu não sei como. Às vezes tenho dificuldade em ir à Brandoa sem parar para pedir indicações. Parece que fizemos a fusão do átomo, mas eu, pessoalmente, nem sei reconhecer um átomo se o vir na rua, quanto mais fundi-lo. Em contraponto, descasco maravilhosamente amendoins. Sou competente a catar piolhos. Aprecio uma banana de vez em quando. Não me digam que não continuo mais próximo do macaco do que do homem moderno.

A minha sorte é que o mundo não é do homem moderno. O mundo, percebemo- -lo esta semana, está nas mãos dos camionistas. A mesma sociedade que coloca uma sonda em Marte paralisa se os camionistas se chateiam. A era da tecnologia, da Internet, dos arranha-céus e da conquista do espaço não pode nada contra os profissionais da camionagem. A Humanidade descobriu vacinas para quase todas as doenças, mas os camionistas conduzem veículos que são mesmo muito pesados. A Humanidade inventa máquinas, constrói pontes e escreve poesia, mas os camionistas atiram pedras e aquilo aleija. A Humanidade não tem hipótese nenhuma contra os camionistas.

Parece claro que o homem mais poderoso de Portugal não é José Sócrates, nem Belmiro de Azevedo, nem Manuel Luís Goucha (embora eu não seja daqueles que negligenciam o poder do programa Você na TV). O homem mais poderoso de Portugal é o Cajó, que conduz um Scania de 12 rodados. Se ele convencer os amigos a não trabalharem durante 15 dias, acaba a comida, a água e a gasolina. A nossa civilização está a uma semana de distância do estado de sítio. Se o Cajó acordar maldisposto, isto descamba.

O novo seleccionador



quarta-feira, junho 18, 2008

Quando as fotos mentem

Manuel António Pina
in, JN


Embora desaconselhada a pessoas sensíveis - principalmente às que, nas sondagens, põem o jornalismo no topo das profissões a que dão maior crédito - deveria ser obrigatória na formação para os media do Ensino Secundário (se é que isso existe) uma passagem pelo sítio www.zombietime.com/reuters_photo_fraud/.

Aí se fica a saber do crédito que merece certo jornalismo, no caso o jornalismo fotográfico da Reuters, uma das principais agências internacionais de informação. Talvez o leitor tenha visto em mais do que um jornal imagens chocantes do bombardeamento de Beirute pela Força Aérea israelita, há dois anos. Talvez fique ainda mais chocado descobrindo (eu só o descobri agora) que muitas dessas fotos terão sido digitalmente manipuladas ou pura e simplesmente forjadas pelos fotógrafos e editores da Reuters, de modo justamente a chocá-lo e aparentemente em consonância com os serviços de propaganda do Hezbollah. Sim, até as fotografias mentem. Basta haver um mentiroso atrás da câmara fotográfica. E uma mentira jornalística, no Líbano como por cá, pode ser mais letal que um bombardeamento.

Não te borrifes!


A União Europeia prepara-se para discutir a possibilidade de as chamadas de telemóvel serem pagas também por quem as recebe.
Dizem que isso já acontece nos EUA e que a médio prazo, com esta medida, as operadoras reduzirão o valor das chamadas.
Viu-se o que verdades absolutas como estas fizeram ao preço dos combustíveis.
As operadoras não vão abdicar da hipótese que lhes querem dar de facturar, facturar, facturar,...

A Entidade Reguladora do Sector Energético, propõe que as facturas incobráveis sejam pagas por tod@s! Pergunto-me então, porque hei-de continuar a pagar a minha factura! Deixo de pagar e depois alguém pagará a sua e a minha! Parece-me justo! Não vos parece? Mas há mais... A Deco, ao invés de recusar liminarmente tal proposta, propõe-se discuti-la, dizendo que poderá ser a forma de tornar as coisas mais transparentes, uma vez podemos estar já a pagar essas facturar de forma subliminar. Ou seja, a Deco, desconfia e aceitou até agora, que nos tenha sido cobrado valores indevidos, e aceita discutir uma proposta, em que esses valores nos continuam a ser cobrados (mas em que obviamente se reflectirá num aumento da factura), mas de uma forma transparente! Brilhante, não acham?!

Cientistas, descobriram através de experiências em ratos que o cheiro do café tem as mesmas propriedades que a sua ingestão. Como medidas práticas de tal descoberta, sugerem o borrifamento de aroma de café em locais como obras, evitando o adormecimento dos trabalhadores e reduzindo assim o número de acidentes de trabalho. Apresentando-nos uma medida, que parece ser em nosso benefício, o que nos estão a querer "vender" é a possiblidade de podermos trabalhar 24 horas por dia, sem precisar de dormir, pois borrifam-nos com café e voilá! Já nos estou a ver a todos, meio drogados, sempre que entrarmos num táxi, os camionistas que forarem piquetes de greve, não vão levar apenas uma pessoa à frente (com infelizmente aconteceu recentemente), mas todo o piquete, pois de tão excitados que estarão não conseguem tirar o pé do acelerador, os hospitais vão transformar-se em autênticos manicómios em que ninguém dorme e todos berram uns com os outros, and so on, and so on.

Com tanto disparate, não podes deixar não te borrifem, nem podes borrifar-te para isto tudo!
Revolta-te!

Como diz Salgueiro Maia no filme Capitães de Abril de Maria de Medeiros: "Há momentos em que o único caminho é desobedecer!"

Atreve-te! Desobedece!

Guilherme Rietsch Monteiro

segunda-feira, junho 16, 2008

A fome infame

Boaventura Sousa Santos
in, Visão

O escândalo, finalmente, estalou na opinião pública: a substituição da agricultura familiar, camponesa, orientada para a auto-
-suficiência alimentar e os mercados locais, pela grande agro-indústria, orientada para a monocultura de produtos de exportação (flores ou tomates), longe de resolver o problema alimentar do mundo, agravou-o. Cerca de um sexto da humanidade passa fome; segundo o Banco Mundial, 33 países estão à beira de uma crise alimentar grave; mesmo nos países mais desenvolvidos, os bancos alimentares estão a perder as suas reservas; e voltaram as revoltas da fome.
A opinião pública está a ser desinformada sobre esta matéria, para que se não dê conta do que se está a passar. Porque é explosivo: a fome do mundo é a nova grande fonte de lucros do grande capital financeiro e os lucros aumentam na mesma proporção que a fome. A fome no mundo não é um fenómeno novo. Ficaram famosas na Europa as revoltas da fome, desde a Idade Média até ao século XIX. O que é novo são as suas causas e o modo como as principais são ocultadas.

A opinião pública tem sido informada de que o surto da fome está ligado à escassez de produtos agrícolas (e que esta se deve às más colheitas provocadas pelas alterações climáticas); ao aumento de consumo de cereais na Índia e na China; ao aumento dos custos dos transportes devido à subida do petróleo; à crescente reserva de terra agrícola para produção dos agro-combustíveis. Todas estas causas têm contribuído para o problema, mas não são suficientes para explicar que o preço da tonelada do arroz tenha triplicado desde o início de 2007. Estes aumentos especulativos, tal como os do preço do petróleo, resultam de o capital financeiro (fundos de pensões, fundos hedge, de alto risco e rendimento) ter começado a investir fortemente nos mercados internacionais de produtos agrícolas, depois da crise do investimento no sector imobiliário.

Em articulação com as grandes empresas que controlam o mercado mundial de sementes e de cereais, o capital financeiro investe no mercado de futuros na expectativa de que os preços continuarão a subir, e, ao fazê-lo, reforça essa expectativa. Quanto mais altos forem os preços, mais fome haverá no mundo, maiores serão os lucros das empresas e os retornos dos investimentos financeiros. Nos últimos meses, os meses do aumento da fome, os lucros da maior empresa de sementes de cereais aumentaram 83 por cento. Ou seja, a fome de lucros da Cargill alimenta-se da fome de milhões de seres humanos.

O escândalo do enriquecimento de alguns à custa da fome e subnutrição de milhões já não pode ser disfarçado com as «generosas» ajudas alimentares. Tais ajudas são uma fraude que encobre outra maior: as políticas económicas neoliberais que há 30 anos têm vindo a forçar os países do Terceiro Mundo a deixar de produzir os produtos agrícolas necessários para alimentar as suas próprias populações e a concentrar-se em produtos de exportação, com os quais ganharão divisas que lhes permitirão importar produtos agrícolas... dos países mais desenvolvidos. Quem tenha dúvidas sobre esta fraude que compare a recente «generosidade» dos EUA na ajuda alimentar com o seu consistente voto na ONU contra o direito à alimentação, votado por todos os outros países.

A revolta contra a fome é mais um aviso contra as consequências da destruição do bem-estar dos povos para benefício exclusivo de um pequeno grupo de países. Para lhes responder eficazmente será preciso pôr termo à globalização neoliberal. O capitalismo global tem de voltar a sujeitar-se a regras que não as que ele próprio estabelece para seu benefício. Os cidadãos têm de começar a privilegiar os mercados locais, recusar nos supermercados os produtos que vêm de longe, exigir do Estado e dos municípios que criem incentivos à produção agrícola local, exigir da UE e das agências nacionais para a segurança alimentar que entendam que a agricultura e a alimentação industriais não são o remédio contra a insegurança alimentar. Bem pelo contrário.

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Apenas acrescentaria que os cidadãos, em vez de cairem no "nacionalismo" e começarem a cultivar chá nos seus quintais, podem também privilegiar quem pratique outras regras de mercado, nomeadamente o Comércio Justo!

Guilherme Rietsch Monteiro

Em louvor de Amy Winehouse(e Vodkahouse e Whiskyhouse)

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão

Começou, na passada sexta-feira, o Rock in Rio, o popular festival de música que se caracteriza por não ser de rock nem decorrer no Rio. Sob o lema Por um Mundo Melhor, dezenas de artistas lutam, ao longo de dois fins-de-semana, para proporcionar um Mundo realmente melhor a todos os habitantes do resto do Planeta e meia dúzia de dias infernais a quem reside em Chelas. Uma coisa são tiroteios entre os vizinhos e a polícia, violência entre gangs na rua e tráfico de droga à descarada. Mas, porém, ao virar da esquina, o Rod Stewart a uivar à uma da manhã é um castigo que aquela gente não merece.
Nesta edição do festival, acompanhei, com especial interesse, o concerto de Amy Winehouse. Devo dizer que qualquer expectativa que eu pudesse ter foi superada. Além de lutar por um Mundo melhor, Winehouse lutou, e muito, para se manter de pé. São dois combates em vez de um. Nem sempre conseguiu, é certo, mas fez um esforço heróico. À primeira vista, dir-se-
-ia que Amy Winehouse entrou em palco sob a influência de mais que uma substância, sendo que o álcool talvez tomasse a dianteira. Tratando-se de um festival familiar, a actuação de Amy proporcionou divertimento para toda a família. «Eu acho que ela está bêbada. E tu, papá?» «Creio que não, filho. Repara como ela cambaleia. Isto é chinesa, e da boa.»

Acima de tudo, foi um concerto que sublinhou, uma vez mais, a diferença que existe entre um bêbado deprimente e um grande artista. Ambos balbuciam coisas sem sentido e cantam, mas o que está à frente de um baterista e dois guitarristas é o grande artista.

Não quero com isto sugerir que Amy Winehouse não contribuiu para que o Mundo fosse melhor. Por um lado, toda a gente que já se entregou aos prazeres do álcool percebeu que, ao segundo ou terceiro copo, o Mundo parece, de facto, começar a melhorar. Agora imaginem quão bom é o Mundo de Amy Winehouse. É possível que a artista estivesse convencida de que se encontrava, de facto, no Rio de Janeiro.
É possível até que estivesse convencida de que aquilo que estava a fazer era cantar. Por outro lado, deve destacar-
-se a mensagem que Amy passou aos jovens. Os jovens, aparentemente, precisam muito de receber mensagens, e a generalidade das pessoas espera que sejam os cantores e as estrelas da televisão a enviá-las. Pois bem, a mensagem de Winehouse era clara e edificante: não consumam álcool nem drogas, pois receio que não sobrem para mim.

Há quem diga que estes concertos podem fazer muito para resolver a pobreza no Mundo. Mas são artistas como Amy Winehouse que vão além da caridade
e têm, de facto, uma intervenção macroeconómica séria. A economia da Colômbia, por exemplo, está toda às costas da rapariga.

Estrume na Cabeça

Gabriel, o Pensador

Estrume na cabeça
É bom que fertiliza
Eu tenho até demais
Tem gente que precisa.

A merda aduba a mente
E nasce alguma idéia
Plantando outra semente
Pensando em diarréia.

Mudemos de Assunto

Sérgio Godinho

Andas aí a partir corações
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos

E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa

E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que a gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade

Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo

Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?

sexta-feira, junho 13, 2008

Acabou o Euro!


Pois é! Acabou o Euro 2008!
A vencedora da competição é a Irlanda!

Esta sexta-feira 13, foi tudo menos de azares. O F.C. Porto, vai dispostar (e conquistar!!!) a Liga dos Campeões 2008/09 e a Irlanda chumbou o Tratado de Lisboa!

Assim, os portugueses colocam bandeiras portuguesas na janela, orgulhosos por a Irlanda ter chumbado um Tratado que por azar até tem o nome da nossa capital. Estamos orgulhosos deles, assim como estariamos de nós próprios, se o mentiroso do Sócrates cumprisse as suas próprias promessas!

Terminou o Euro! Irlanda: Sim, Lisboa: Não!

terça-feira, junho 10, 2008

A Raça de Cavaco Silva


Cavaco Silva referiu-se ao dia de hoje como o dia da Raça!
Quem fala assim, de certeza que não é de boa raça!
Viva a raça do Deco e do Pepe!

Fascismo e Racismo, Nunca mais!
Racismo é burrice!

segunda-feira, junho 09, 2008

A gente vai continuar

Letra e Música: Jorge Palma

Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

As praxes

terça-feira, junho 03, 2008

Interrompemos este blog...


...Para mais um momento de reportagem sobre a nossa selecção.

5 mililitros de gasolina a seguir às refeições

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão

A gatunagem apanhou-me, amigo leitor. Assaltaram-me o carro. E eram profissionais, os bandidos: deixaram o auto-rádio onde estava, desdenharam a minha carteira, mal escondida no porta-luvas, e não tocaram no GPS.
Levaram-me só os sete litros e meio de gasóleo que tinha no depósito. Espertalhões. Isto da carestia dos combustíveis também tinha de ter os seus inconvenientes.
Felizmente, as vantagens são inúmeras: há menos engarrafamentos, menos acidentes na estrada e menos carjacking. Com a gasolina a este preço, nenhum bandido no seu juízo perfeito rouba um carro. É meter-se em despesas. Por cada três Multibancos que assalta, dois são para pagar a gasolina necessária para as deslocações. É evidente que não compensa.

Mesmo assim, não faz sentido dizer que a vida está difícil, porque a verdade é que a morte está ainda pior. O Governo tem tudo previsto. Se o primeiro-ministro nos faz a vida negra, façamos-lhe a justiça de reconhecer que também nos torna a morte quase impossível. O suicídio, hoje em dia, está praticamente fora de hipótese. A imolação pelo fogo, tão popular no Médio Oriente, é-nos vedada pelo preço da gasolina. A escassez de sobreiros faz do enforcamento uma impossibilidade técnica. Comprimidos, nem pensar: as farmacêuticas vão-nos ao bolso. Apostar no cancro do pulmão é arriscado, porque quase não se pode fumar em lado nenhum. E as intoxicações alimentares são cada vez mais custosas, que a ASAE não dorme. A única hipótese é morrer de tédio, na fila para abastecer o carro nas bombas que vendem gasolina dois ou três cêntimos mais barata.

O que eu lamento, sobretudo, é a sorte daquela gente que tem o hábito de meter um valor de gasolina, e não uma quantidade. O leitor sabe como é: em vez de meterem 10 litros de combustível, estão habituados a ir à bomba meter 10 euros. Coitados. De há dois ou três anos a esta parte, tiveram uma surpresa. Em 2005, metiam 10 litros, e hoje metem uma colher de sopa. Dantes, enchiam o depósito com a mangueira, e agora abastecem com a colherzinha dos medicamentos.

Actualmente, é possível começar a encher o depósito e o preço do combustível aumentar duas ou três vezes enquanto se abastece. Uma pessoa pensa que tem dinheiro para atestar e no fim verifica que afinal tem de vender o carro para pagar a conta da gasolina. É possível, aliás, que o barril de crude tenha batido sete novos recordes desde que o leitor começou a ler isto. O melhor é ir encher o depósito antes que as estações de serviço comecem a vender gasolina em frasquinhos de perfume. Não deve faltar muito.

segunda-feira, junho 02, 2008

Estado do Ensino

Vejam-me esta ficha:

http://escv.drealentejo.pt/documentos/aulas_tic/Ficha%20formativa_xls1.doc


Como é que é possível uma das opções de resposta ser: "Não sei"?!!!
Eu acho que assim, as outras três deveriam ser:
- Nem quero saber!
- Tenho raiva de quem sabe!
- Esta não é de certeza!

E voilá ficávamos apenas com a resposta correcta.

Contudo, estou convicto de quem nem assim, haveria 100% de nota 20. É que raciocinar dá muito trabalho, e nem com a papinha toda, se vai lá, quando não se quer mesmo ir. Quando a escola é uma brincadeira, não há volta a dar-lhe...

Normal ou super?

Rui Reininho
2008-05-31,in JN

Quando os carros andavam a Normal, os dos remediados cujos pais se deslocavam a pé ou de carroça no sentido de dar estudos e educação aos filhos, o gasóleo era para quem trabalhava e se tinha que fazer à estrada; os do normal tiravam o coberto ao carro, limpavam-lhe pó e iam ali até à praia ou à ribeira mais próxima ouvir o relato enquanto se fazia um croché e as crianças suspiravam pela sumol e pelos bolos de coco.


Nesse Mesozóico, também houve uma gravíssima crise de combustíveis por causa dos ayatollas que contestavam as modernices do xá da Pérsia. As viaturas tinham só um depósito com que se haver aos fins-de- semana, de matrículas par ou ímpar para circular e o Júlio Isidro aproveitou para inventar a Música na TV, como o Bernstein cá do burgo.

Mais avisados, os do Norte da Europa desataram a andar de bicicleta e a descobrir o charme de compartilhar odores e sabores a próximo nos transportes públicos.

Agora, a ritmo de Super, com a luz na reserva a ameaçar-nos a ida ao "shop" com os wufas ao máximo a fazer untz untz untz, vai ser mais politicamente incorrecto desbaratar gota do que usar peles de animais, mortos.

Faça-se luz e ponha-se os olhos no maior exemplo de patriotismo triunfal que é a nossa menina Vanessa: começa-se por umas braçadas, passa-se para a bicicleta e dá-se uma corrida até casa; pelo meio pode aproveitar-se para dar uns tiritos. Eu vou!

É que isso de nos vendermos aos espanhóis não é para todas...

Desmistificar as fezes

Manuel António Pina
2008-05-29, in JN

No caso, a "praxe" incluiu, além de humilhações sexuais, insultos e violências de toda a ordem, cobrir a caloira com fezes e, depois, esfregar-lhas no peito, costas, barriga e cabelo. A seguir, a jovem foi ainda forçada a mergulhar a cabeça numa bacia com excrementos de vaca. Selvajarias do género repetem-se impunemente todos os anos por esta altura, com a cumplicidade dos responsáveis de algumas universidades e escolas superiores. De facto, se hoje floresce nas universidades uma "geração rasca" cuja noção de festa e divertimento passa pela boçalidade à rédea solta e pelo coma alcoólico, é porque boa parte do Ensino Superior está entregue a uma geração não menos rasca. No tribunal de Santarém, em defesa do bando dos "praxistas", o então director da escola considerou "normal a praxe com bosta" e um professor terá chegado a declarar que "é preciso desmistificar as fezes". "Desmistificar as fezes" é um bom programa para a reforma de algum do Ensino Superior que temos.

Somar esquerda à Esquerda

A nova etapa começa já amanhã! Quando Alegre, Camilo Mortágua, companheir@s da Pintassilgo e o Bloco de Esquerda, se juntarem em Lisboa para celebrar Abril e Maio!
Sim, porque há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não e que não sai à rua de cravo na mão a horas certas e por isso celebra em Junho e no resto do ano, tanto Abril como Maio.
Tenho um orgulho enorme de ter sido um dos que pouco mais de uma centena, que deram o sim para a constituição do Bloco de Esquerda.
Tudo farei para continuar a somar Esquerda à Esquerda e a atirar pedras para o charco!

Caiu uma pedra no charco,
Caiu um penedo no rio,
Caiu mais um barco da boa esperança no mar,
P'ra gente se agarrar.

Deixamos de ver as nuvens
Que nos tapavam o céu
Pudemos sentir de perto
A meiguice do tempo
Onde a gente se escondeu

É que hoje
Nasceu mais um dia.
É que hoje
Nasceu mais alguém.
É que hoje
Nasceu um poeta na serra
Com a estrela da manhã.

Foi quando os lobos uivaram,
Foi quando o lince miou,
As ovelhas não tinham fome
E a alcateia repousou.

E entre os uivos e os miados
O poeta abriu o choro.
E entre os vales e o cabeço,
Cavalgando uma alcateia
O poema deslizou.

Luís Represas
in Cais das Colinas, Trovante