segunda-feira, dezembro 29, 2008

O menino guerreiro está a passar por aqui

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão


A escolha de Pedro Santana Lopes para candidato à Câmara Municipal de Lisboa coloca um problema ao eleitorado: qual é o PSD que os portugueses preferem? O PSD populista e demagógico de Luís Filipe Menezes, que aposta em Santana Lopes para cargos importantes, ou o PSD sério e credível de Manuela Ferreira Leite, que aposta em Santana Lopes para cargos importantes? Falta-me subtileza política para os distinguir, mas talvez prefira o primeiro, que tem aquela franqueza dos rústicos.
O PSD sério e credível parece-me um pouco dissimulado, mas talvez esse seja um requisito indispensável a quem pretende ser sério e credível em política.
O mais interessante no menino guerreiro, para além do facto de, segundo diz a canção, ser uma pessoa que também deseja colo, palavras amenas, carinho e ternura, e precisar de um abraço da própria candura, o que parece ser difícil de executar, é a circunstância de Pedro Santana Lopes ser o anti-Pacheco Pereira. Pacheco e Santana são o rigoroso inverso um do outro. As direcções do partido que respeitam Santana Lopes, apostam nele; as que não o respeitam apostam mais ainda. Foi vice-presidente do PSD no tempo em que o presidente era um homem que o definia como, e cito, «um misto de Zandinga e Gabriel Alves». Agora é apontado como candidato a presidente da maior câmara do País, quando o partido é presidido por uma pessoa que afirma publicamente ter repugnância em votar nele. Quanto a Pacheco Pereira, é igualmente ignorado pelas direcções que critica e pelas que apoia. É, aliás, curioso que Pacheco Pereira seja um comentador tão respeitado no País e tão desconsiderado no PSD. O sítio de Portugal em que as opiniões de Pacheco Pereira são menos valorizadas é o partido de que ele é militante. Há-de haver uma razão quântica que explique o motivo pelo qual Pacheco Pereira consegue ser um analista perspicaz em todo o lado, menos na Rua de São Caetano à Lapa.
Com a escolha contrariada de Santana Lopes, Ferreira Leite parece uma editora de livros que, por si, só publicaria Dostoiévski, mas que se vê forçada a lançar as obras completas da Corín Tellado porque o populacho, lamentavelmente, gosta daquilo. Ela não lê, mas se as pessoas compram, vê-se forçada a dar ao público o que ele quer. Há ainda a teoria segundo a qual Ferreira Leite oferece o cargo a Santana para reduzir o espaço de manobra à oposição interna.
O problema é que, se Santana ganhar, será ele o vencedor; se Santana perder, a derrotada será Ferreira Leite. Toda a gente já percebeu que Santana nunca perde. Ou ganha, ou passa a andar por aí. Derrotas, não há notícia de ter sofrido.

sábado, dezembro 20, 2008

Milu, leave those teacher's alone

We dont need no education.
We dont need no thought control.
No dark sarcasm in the classroom.
Milu, leave those teacher's alone.
Hey, Milu, leave those teacher's alone!
All in all its just another brick in the wall.
All in all youre just another brick in the wall.

We dont need no education.
We dont need no thought control.
No dark sarcasm in the classroom.
Milu, leave those teacher's alone.
Hey, Milu, leave those teacher's alone!
All in all youre just another brick in the wall.
All in all youre just another brick in the wall.

Adaptado de The Wall, dos Pink Floyd
por Guilherme Rietsch Monteiro

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Percebemos finalmente onde é que os iraquianos tinham escondido as armas

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão



É curioso notar que a pequena História consegue ser, na maior parte das vezes, mais significativa e esclarecedora do espírito de uma época do que a grande História. Para mim é uma sorte, porque tenho um interesse muito grande pela primeira, e pouca paciência para a segunda. Posto isto, é um milagre que a RTP ainda não me tenha arranjado um programa no segundo canal.

O caso do jornalista iraquiano que atirou os sapatos a George W. Bush é um desses momentos que, por muito que seja excluído dos livros, nos faz compreender melhor o mundo em que vivemos. Em primeiro lugar, percebemos finalmente onde é que os iraquianos tinham escondido as armas. Andavam em cima delas, os dissimulados. É possível que, nas suas visitas ao Iraque, Hans Blix nunca tenha reparado que os nativos tinham os pés enfiados nos projécteis. Trata-se de um daqueles estratagemas genialmente simples que enganam toda a gente, mesmo exibindo descaradamente a prova do crime.

Em segundo lugar, nesta altura os alvos dos americanos estão definidos com uma clareza inultrapassável. A localização dos arsenais de guerra iraquianos foi, finalmente, revelada: há que atacar a Foreva da baixa de Bagdade, a Pablo Fuster de Karbala e a Hush Puppies de Tikrit.

Em terceiro lugar, tornou-se evidente para todos que Bush tem, de facto, estofo de estadista. Não é qualquer pessoa que se esquiva de um sapato arremessado àquela velocidade e volta a encarar o agressor com a nonchalance de quem pergunta: «Gosto do modelo, mas tem isto em 42?» Talvez seja importante não esquecer que, sendo texano, Bush está, provavelmente, habituado a que lhe atirem botas esporadas, consideravelmente maiores e mais perigosas do que os vulgaríssimos sapatos que o jornalista iraquiano optou por arremessar.

Em quarto lugar, ficou claro mais uma vez que um homem agredido reúne a simpatia de toda a gente. Mesmo sendo o presidente mais impopular de sempre, Bush recebeu votos de apoio de várias personalidades internacionais. Sarkozy qualificou o incidente de «inadmissível», Angela Merkel telefonou a Bush para lhe exprimir solidariedade e Imelda Marcos mandou um telegrama a dizer «Sortudo!».

Parece óbvio, por isso, o contributo precioso que este episódio oferece para a melhor compreensão do mundo actual. De acordo com as últimas notícias, juntou-se uma multidão à porta da cadeia em que o jornalista foi detido, exigindo a sua libertação. E, ao que parece, nem todos os manifestantes são soldados americanos que desejam ajudá-lo a melhorar a pontaria.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado

Ricardo Araújo Pereira
in, Visão


Ou estou fortemente enganado (o que sucede, aliás, com uma frequência notável), ou a história de Portugal é decalcada da história de Pedro e o Lobo, com uma pequena alteração: em vez de Pedro e o Lobo, é Pedro e a Crise.
De acordo com os especialistas – e para surpresa de todos os leigos, completamente inconscientes de que tal cenário fosse possível – Portugal está mergulhado numa profunda crise. Ao que parece, 2009 vai ser mesmo complicado.
O problema é que 2008 já foi bastante difícil. E, no final de 2006, o empresário Pedro Ferraz da Costa avisava no Diário de Notícias que 2007 não iria ser fácil. O que, evidentemente, se verificou, e nem era assim tão difícil de prever tendo em conta que, em 2006, analistas já detectavam que o País estava em crise. Em Setembro de 2005, Marques Mendes, então presidente do PSD, desafiou o primeiro-ministro para ir ao Parlamento debater a crise económica. Nada disto era surpreendente na medida em que, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, entre 2004 e 2005, o nível de endividamento das famílias portuguesas aumentou de 78% para 84,2% do PIB. O grande problema de 2004 era um prolongamento da grave crise de 2003, ano em que a economia portuguesa regrediu 0,8% e a ministra das Finanças não teve outro remédio senão voltar a pedir contenção. Pior que 2003, só talvez 2002, que nos deixou, como herança, o maior défice orçamental da Europa, provavelmente em consequência da crise de 2001, na sequência dos ataques terroristas aos Estados Unidos. No entanto, segundo o professor Abel M. Mateus, a economia portuguesa já se encontrava em crise antes do 11 de Setembro.
A verdade é que, tirando aqueles seis meses da década de 90 em que chegaram uns milhões valentes vindos da União Europeia, eu não me lembro de Portugal não estar em crise. Por isso, acredito que a crise do ano que vem seja violenta. Mas creio que, se uma crise quiser mesmo impressionar os portugueses, vai ter de trabalhar a sério. Um crescimento zero, para nós, é amendoins. Pequenas recessões comem os portugueses ao pequeno-almoço. 2009 só assusta esses maricas da Europa que têm andado a crescer acima dos 7 por cento. Quem nunca foi além dos 2%, não está preocupado.
É tempo de reconhecer o mérito e agradecer a governos atrás de governos que fizeram tudo o que era possível para não habituar mal os portugueses. A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado. Agora, somos o povo da Europa que está mais bem preparado para fazer face às dificuldades.

terça-feira, novembro 25, 2008

25 de Novembro de 1975


Há 33 anos tivemos uma derrota, mas nunca nada é para sempre!

Eu vim de longe
Letra e Música de: José Mário Branco

Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
Então entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou

Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha na outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos cantei
Foram feitos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão

Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei pra ti
E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou

Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi pra esta força que apontou

E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

Quando eu finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
Então eu entendi
É um lindo sonho para viver
Quando toda a gente assim quiser

Tenho esta viola numa mão
Tenho a minha vida noutra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel para o ajudar

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E agora eu olho à minha volta
Vejo tanta raiva andar a solta
Que já não hesito
Os hinos que repito
São a parte que eu posso prever
Do que a minha gente vai fazer

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei prá aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

quinta-feira, novembro 20, 2008

Uma nefasta consequência dos recibos verdes...


Por estar a trabalhar a Recibos Verdes e por achar que os casos que vou transcrever a seguir, é que deveriam ser divulgados pelo Governo em spots televisivos e outdoors, ao invés da treta das Novas Oportunidades, venho dar-vos conhecimento do seguinte:

Guilherme Rietsch Monteiro

---//---


Arquitecta há mais de dez anos (a recibos verdes claro) num atelier internacionalmente reconhecido, deparo-me agora com uma situação que nunca passei atravessar: um cancro de mama.

Sempre descontei para a segurança social (do meu bolso claro) e esta oferece-me agora uma "baixa" ridícula: posso ficar em casa até 12 meses, sem pagar a prestação à Segurança Social e sem direito a qualquer tipo de remuneração.

Deve-se ter em conta que um tratamento oncológico deste tipo demora cerca de um ano e meio... e a pseudo-baixa é de um ano!

No entanto, se trabalhasse por conta de outrem a mesma baixa poderia alongar-se até três anos. Deduzo então que o Estado parte do princípio que os profissionais liberais (forçados ou não) têm mais saúde e podem alegremente trabalhar entre quimioterapias e nos pós-operatórios.

Vivo neste momento da caridade. Da família e da entidade patronal, apesar das suas ameaças de despedimento. Para que não seja despedida tenho ido trabalhar quando na verdade só me apetece ficar em casa a descansar e a enjoar...

Para além do processo de cura ser doloroso, passo os dias a pensar que não escolhi ter um cancro mas alguém escolheu não me fazer a m**da de um contrato de trabalho e, mais uma vez, não posso contar com o Estado.

Acrescento ainda que tenho um bebé.

Vou iniciar uma acção jurídica contra a "entidade patronal" pois acredito que todo o dinheiro que me devem será o meu meio de subsistência nos próximos tempos.


http://fartosdestesrecibosverdes.blogspot.com/2008/11/testemunho-arquitecta-com-cancro.html

terça-feira, novembro 18, 2008

E se o Sócrates fosse o Pai Natal?!


As crianças teriam que abrir as prendas com cuidado, para não rasgarem os papeis e terem de devolver tudo no fim.
Mas onde, ONDE, é que se devolve este engenheireco?!
Ai 2009 que nunca mais chegas...

Guilherme Rietsch Monteiro

"Magalhães" retirados após saída de Sócrates

Na passada quarta-feira, José Sócrates distribuiu mais de 250 Magalhães em Ponte de Lima. Todavia, no final do dia os alunos tiveram que os devolver porque era apenas uma "experiência" e falta cumprir as formalidades.

Dança do Desempregado


Gabriel O Pensador
in

Quebra Cabeça

Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você

E vai levando um pé na bunda vai
Vai pro olho da rua e não volta nunca mais
E vai saindo vai saindo sai
Com uma mão na frente e a outra atrás
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E bota a mão no outro bolso (Não tem nada)
E vai abrindo a geladeira (Não tem nada)
Vai procurar mais um emprego (Não tem nada)
E olha nos classificados (Não tem nada)
E vai batendo o desespero (Não tem nada)
E vai ficar desempregado

Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você

E vai descendo vai descendo vai
E vai descendo até o Paragüai
E vai voltando vai voltando vai
"Muamba de primeira olhaí quem vai?"
E vai vendendo vai vendendo vai
Sobrevivendo feito camelô
E vai correndo vai correndo vai
O rapa tá chegando olhaí sujô!...
E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E vai tirando a calcinha (Vai, vai!)
E vai virando a bundinha (Vai, vai!)
E vai ganhando uma graninha
E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!)
E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!)
É o leitinho das crianças (Vai, vai!)
E vai entrando nessa dança

Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você

E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E não tem nada pra comer (Não tem nada)
E não tem nada a perder
E bota a mão no trinta e oito e vai devagarinho
E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho
E vai roubar só uma vez pra comprar feijão
E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão
E bota a mão na cabeça!! (É a polícia)
E joga a arma no chão E bota as mãos nas algemas
E vai parar no camburão
E vai contando a sua história lá pro delegado
"E cala a boca vagabundo malandro safado"
E vai entrando e olhando o sol nascer quadrado
E vai dançando nessa dança do desempregado

Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você

segunda-feira, novembro 17, 2008

Afinal como se destrona um Rei?!

Notícia do JN de hoje:




Pauleta formalizou fim da carreira

O avançado Pauleta, melhor marcador da história da selecção portuguesa de futebol, com 47 golos, mais seis do que o "rei" Eusébio, anunciou oficialmente o final da sua carreira, numa entrevista publicada hoje no diário francês "Le Parisien".
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Porque é que uns continuam a ser Reis, depois de batidos?!

Zé Carlos nº 7

quinta-feira, novembro 13, 2008

Medo do ridículo

Ricardo Araújo Pereira, in Visão


O julgamento de Fátima Felgueiras veio provar que, em Portugal, os cidadãos devem ter confiança na Justiça. Sobretudo os cidadãos como Fátima Felgueiras. Em princípio, não há nada que os apanhe. Ainda assim, a sentença é um monumental enxovalho para a ré, e ridiculariza, de modo bastante cruel, a sua conduta. Como? No acórdão, o juiz demonstra a Fátima Felgueiras que estava errada: não valia a pena ter fugido para o Brasil. Foi dinheiro que a presidente da Câmara desbaratou. Ainda por cima, Fátima Felgueiras terá usado, na fuga, dinheiro que, de facto, lhe pertencia, para variar – o que é refrescante. Hoje, não restam dúvidas de que se tratou de uma medida insensata. Em vez de procurar um exílio de cerca de dois anos no Brasil, Fátima Felgueiras poderia ter continuado tranquilamente na sua terra, a presidir à autarquia que dirige. O máximo que lhe acontecia era uma pena suspensa. Não faz sentido andar a fugir por causa de crimes que não são punidos com pena efectiva. E é uma vergonha que políticos que ocupam cargos de alguma relevância desconheçam a lei a este ponto. O estudo das leis permite ao autarca consciente e responsável praticar apenas os crimes que não dão cadeia, e evita fugas tão trabalhosas como desnecessárias.
Na verdade, a pena suspensa é a versão judicial daqueles pais que dizem: «Carlos Miguel, da próxima vez que fizeres isso levas uma palmada», e depois continuam a repetir a mesma ameaça sempre que o Carlos Miguel pratica tropelia igual à primeira, ou pior. O Carlos Miguel, que não é parvo, sabe perfeitamente que aquela palmada está suspensa para sempre. E o mais provável é que, quando crescer, o Carlos Miguel faça carreira como autarca. Dos bons.
Para sermos rigorosos, a sentença que puniu Fátima Felgueiras está, toda ela, suspensa. É certo que são três anos e três meses de pena suspensa e perda do mandato de presidente. No entanto, esta última pena, sendo efectiva, acaba por estar também suspensa. Enquanto Fátima Felgueiras recorre e o tribunal aprecia o recurso, o presente mandato chega ao fim. Quando o tribunal decidir, o próximo mandato (que Fátima Felgueiras obterá, de certeza, e com maioria absoluta, nas próximas eleições) também terá terminado.
Parece claro que a razão pela qual não existe pena de morte em Portugal não tem a ver com pruridos morais, mas com problemas jurídicos. No nosso país, crimes graves podem ser punidos com pena suspensa. Seria uma questão de tempo até um tribunal português decretar uma sentença de condenação à morte por injecção letal suspensa. Nós não abolimos a pena de morte por amor à dignidade do ser humano. Foi por medo do ridículo.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Perdidos

Carrega na imagem, para ampliar

Banco Português de Negócios Esquisitos

Ricardo Araújo Pereira, in Visão

Qual é, hoje em dia, a profissão mais rentável? Jogador de futebol? Advogado? Namorada de jogador de futebol? Não. Creio que o ramo de actividade mais atraente para quem quer construir uma carreira de sucesso é ser proprietário de um banco falido. Enquanto o banco não vai à falência, retiram-se todos os benefícios que ser banqueiro oferece; quando vai à falência, não se suporta nenhuma das desvantagens o Estado toma conta de tudo. Quem deve 700 euros pode ter problemas: intimações, tribunais, penhoras. Quem deve 700 milhões, em princípio, está mais à vontade. Se contrair empréstimos, já sabe: aponte para cima. No que toca a devedores, aplica-se o mesmo princípio de mérito que rege o resto da sociedade: os maiores e mais talentosos têm mais dinheiro e prestígio.
Levando tudo isto em consideração, não se percebe por que razão não há programas de auxílio à criação de bancos falidos. É certo que, no momento em que vão à falência, os apoios não faltam. Mas, tendo em conta que se trata de uma actividade tão proveitosa, não deveria ser incentivada desde cedo?
Como toda a gente, teria todo o gosto em fundar um banco falido. Desgraçadamente, contudo, não tenho curso de economia ou gestão, e temo que a minha falta de preparação técnica me levasse a criar um banco bem sucedido e próspero, o que não interessa a ninguém. Só os mais conceituados e bem pagos gestores parecem ter a capacidade para conduzir um banco estrondosamente à bancarrota.
De acordo com a Agência Financeira, no dia 12 de Outubro de 2008, Teixeira dos Santos garantia desconhecer indícios de que algum banco português estivesse com problemas. Menos de três semanas depois, o mesmo Teixeira dos Santos anunciou a nacionalização do BPN. Há aqui uma perspicácia do ministro que talvez deva ser sublinhada. No entanto, se, por um lado, se louva a capacidade do BPN para, três semanas antes de implodir, conseguir camuflar o estado em que se encontra, a verdade é que, noutros aspectos, o banco não foi tão hábil. Normalmente, uma empresa pratica irregularidades para conseguir sobreviver, ou para aumentar os lucros. No BPN, as irregularidades resultaram, segundo o Diário de Notícias, em prejuízos de 360 milhões de euros e perdas acumuladas de 700 milhões de euros. Até para fazer falcatruas é preciso ter talento.

Lurdinhas



quarta-feira, novembro 05, 2008

Hoje eu estou feliz


Hoje eu estou feliz
Obama é Presidente!


Vejam aqui o tamanho da vitória. Até no eleitorado feminino ganhou com 56% dos votos!

Recordo aqui a canção do Gabriel - O Pensador, que me inspirou para o início do post.

Hoje Eu Estou Feliz (Matei o Presidente)

Todo mundo bateu palma quando o corpo caiu
Eu acabava de matar o Presidente do Brasil
Fácil um tiro só bem no olho do safado
Que morreu ali mesmo todo ensanguentado
Quê, saí voando com a polícia atrás de mim
E enquanto eu fugia eu pensava bem assim
"Pô, tinha que ter tirado uma foto
Para mostrar para os meus filhos. Que lindo, pô!"

Eu estava emocionado mas corri para valer
E consegui escapar, ah! Está pensando o quê
E quando eu chego em casa o que eu vejo na TV
Primeira dama chorando perguntando PORQUÊ?
Ah dona Rosane dá um tempo, não enche, não fode
Não é de hoje que seu choro não convence
Mas se você quer saber porque eu matei o Fernandinho
Presta atenção sua puta escuta direitinho
Ele ganhou as eleições e se esqueceu do povão
E uma coisa que eu não admito é traição
Prometeu, prometeu, prometeu e não cumpriu
Então eu fuzilei e vai para a puta que o pariu
É podre sobre podre essa novela é mala
É Alceni com bicicleta e guarda-chuva
LBA presidência chega dessa indecência
Eu apertei o gatilho e agora você é viúva
E não me arrependo nem um pouco do que fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz

Hoje eu estou feliz (Minha Gente)
Hoje eu estou feliz (Minha Gente)
Hoje eu estou feliz Matei o Presidente

Eu estou feliz demais então fui comemorar
A multidão me viu e começou a festejar
“É pensador é pensador
É Gabriel o Pensador
É pensador é pensador
É Gabriel o Pensador”

Me carregaram nas costas
A gritaria não parou
“Eu sou fugitivo não grita o meu nome por favor”
Ninguém me escutou e a polícia me pegou
Tentaram me prender mas o povo não deixou

"O povo unido jamais será vencido"

E uma festa desse tipo nunca tinha acontecido
Estava tudo demais alegria e tudo em paz
E ninguém vai bloquear nosso dinheiro nunca mais
Corintiano, Palmeirense, Flamenguista e Vascaíno
Todos juntos com a bandeira na mão cantando o hino
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico um brado retumbante"

E começou o funeral e o povo todo na moral
Invadiu o cemitério numa festa emocionante
Entrámos no cemitério cantando e dançando
E o presidente estava lá já deitado nos esperando
Todos viram no seu olho a bala do meu três oitão
E em coro elogiámos nosso atleta no caixão

Bonita camisa Fernandinho
Bonita camisa Fernandinho
Você nessa roupa de madeira está bonitinho

E como sempre lá também tinha um grupo mais exaltado
Então depois de pouco tempo o caixão foi violado
O defunto foi degolado e o corpo foi queimado
Mas depois não vi mais nada
Porque eu já estava cercado de mulheres
E aquilo me ocupou

“Ah! Deixa eu ver seu revólver Pensador?”

Então eu vi o pessoal numa pelada diferente
Jogando futebol com a cabeça do Presidente
E a festa continuou nesse clima sensacional
Foi no país inteiro um verdadeiro carnaval
Teve um turista que estranhou tanta alegria e confusão
Chegando no Brasil* me pediu informação
“O Brasil foi campeão? Está todo mundo contente”
“Não amigão, é que eu matei o Presidente.”


Hoje eu estou feliz (Minha gente)
Hoje eu estou feliz (Minha gente)
Hoje eu estou feliz! Matei o Presidente

terça-feira, novembro 04, 2008

R.E.M. celebram fim da era W. Bush

in, JN


A banda americana R.E.M. comemorou segunda-feira num espectáculo no Chile "o fim da era Bush e o começo de uma nova revolução nos Estados Unidos e em todo o mundo", relata a EFE.

"Este é o último espectáculo dos R.E.M. com George W. Bush como presidente dos Estados Unidos, amanhã vamos celebrar o início de uma nova era na história", gritou entusiasmado o vocalista do grupo, Michael Stipe.

Milhares de jovens começaram nesse momento a cantar o nome do candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, enquanto os ecrãs exibiam a foto de um sorridente Barack Obama.

Os R.E.M. estão em digressão para promover seu novo álbum "Accelerate".

quarta-feira, outubro 29, 2008

O eterno patinho feio




A maior parte, já se transformou em cisne, mas há um que insiste em ser patinho feio! Conseguem adivinhar quem?

Fora da Ordem


Enquanto Lula da Silva e José Sócrates defendem uma nova ordem no sistema económico global, em Salvador da Baía, recordo o que um Baiano disse há uns anos atrás:

Guilherme Rietsch Monteiro

Fora da Ordem
Caetano Veloso

Vapor barato
Um mero serviçal
Do narcotráfico
Foi encontrado na ruína
De uma escola em construção...

Aqui tudo parece
Que era ainda construção
E já é ruína
Tudo é menino, menina
No olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto
Ganindo prá lua
Nada continua...

E o cano da pistola
Que as crianças mordem
Reflete todas as cores
Da paisagem da cidade
Que é muito mais bonita
E muito mais intensa
Do que no cartão postal...

Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial...(4x)

Escuras coxas duras
Tuas duas de acrobata mulata
Tua batata da perna moderna
A trupe intrépida em que fluis...

Te encontro em Sampa
De onde mal se vê
Quem sobe ou desce a rampa
Alguma coisa em nossa transa
É quase luz forte demais
Parece pôr tudo à prova
Parece fogo, parece
Parece paz, parece paz...

Pletora de alegria
Um show de Jorge Benjor
Dentro de nós
É muito, é grande
É total...

Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial...(4x)

Meu canto esconde-se
Como um bando de Ianomâmis
Na floresta
Na minha testa caem
Vem colocar-se plumas
De um velho cocar...

Estou de pé em cima
Do monte de imundo
Lixo baiano
Cuspo chicletes do ódio
No esgoto exposto do Leblon
Mas retribuo a piscadela
Do garoto de frete
Do Trianon
Eu sei o que é bom...

Eu não espero pelo dia
Em que todos
Os homens concordem
Apenas sei de diversas
Harmonias bonitas
Possíveis sem juízo final...

Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial...(várias vezes)

terça-feira, outubro 28, 2008

É só mais um começo

Porque sim

Nuno Prata
in, Todos os dias fossem estes/outros

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa e senti
porque sinto o vento da mudança a dançar para mim:
é que este vem de ti. Vem de ti porque sim.

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa e sem ti
já me sinto incapaz de crer no que vejo crescer
da soma destes dias, e dias, e dias, e dias…

Dava-te tudo se tudo fosse pra teu bem,
dava-te a vida se a minha vida valesse um dia nosso.
Dava-te, juro, o melhor do melhor, do melhor de mim,
se o não tivesse perdido
ao perceber que a melhor parte de nós não nos obedece.

Mas mesmo assim…

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa, e então vi que me sinto
finalmente pronto a aceitar que até há coisas que são assim.
Só assim: porque sim.

Esta é para ti porque sim.
Por ser para ti o riso que ri dentro de mim.
Pobre ilusão…
Ainda assim vai resistindo dias, e dias, e dias, e dias…

Dava-te tudo se tudo fosse pra teu bem.
Dava-te a vida se a tua vida pedisse um dia nosso.
Dav-te, juro, o melhor do melhor, do melhor de mim,
se não tivesse perdido de vez a noção do que ainda posso
e do que já não posso.

Mas mesmo assim…

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa e senti
porque sinto o vento da mudança a dançar para mim:
é que este vem de ti. Vem de ti porque sim…

Ou esta é para mim? Porque não para mim?
Tu és só uma ideia — tu não és mesmo assim —
que em qualquer uma encaixo se pensar porque sim.
OK, não minto mais: esta é para mim.

Dava-te tudo se tudo fosse pra meu bem,
dava-te a vida se a minha vida pedisse algo de nosso.
Dava-te, juro, o melhor do melhor, do melhor de mim,
se o não tivesse deitado fora ao ver
que a melhor parte de nós de nada nos serve.

Ainda assim…

Hoje quem?

Nuno Prata
in, Todos os dias fossem estes/outros

Hoje quem acordou na minha cama,
hoje quem é que eu sou?
Já é manhã mas esta noite ainda não passou.

Que força tenho quando me tenho só a mim,
de quem mais eu preciso para respirar?
A minha cara faz-me sempre lembrar alguém…
E os meus olhos são de quem?

Eu queria ser como tu.
Eu queria crer como tu.

Eu queria ser como eu
mas dos meus sonhos acorda outro alguém.
Eu queria ser como quem?

Hoje quem acordou na minha carne
e que sonhos roubou
na madrugada de um dia que já passou?

Todo o tempo é tempo de acreditar.
Mas tanto tempo já passou
sem que a fé encontrasse em mim lugar…
(Estava sempre onde eu não queria estar.)

Eu queria ser como tu.
Eu queria crer como tu.

Eu queria ser como eu
mas dos meus sonhos acorda outro alguém.
Eu queria ser como quem?

Hoje quem acordou na minha cama,
hoje quem é que eu sou?
Já estou a pé e o dia ainda nem chegou

Guarda bem o teu tesouro

Nuno Prata
in, Todos os dias fossem estes/outros

Guarda bem o teu tesouro,
nem penses que o vais deixar.
Não queiras ser mais um tolo
que se afasta de quem quer gostar.

Guarda bem o teu consolo.
Guarda, dele bem vais precisar.
É que a vida leva-te a razão
e o mau tempo vem sem avisar.

Guarda bem o teu tesouro,
dá-lhe o melhor lugar do teu lar.
O que tens é muito mais do que ouro
e nem precisaste de roubar.

Guarda bem o teu tesouro,
se não sabes porque o vais trocar.
Não vejas na minha luta
os passos que te apetece dar,

eu sou sempre mau agoiro.
Guarda, então, o teu tesouro
Pois eu corri atrás de tudo
e com nada consegui ficar

Figuras Tristes

Nuno Prata
in, Todos os dias fossem estes/outros

Pára! Porque insistes
em ouvir quem não te quer falar?
Pára de fazer figuras tristes!
Pára!, deixa em paz quem nunca se vai ver no teu lugar.
Que mania tu tens de nos pôr todos a pensar
como se nos preocupássemos uns com os outros!

Eu sei, é difícil resistir se nos sentimos sós,
mas sozinhos entendemos bem o que buscar.
No meio de tanta confusão
é natural tentar forçar quem não nos percebe
a gostar de nós
e a dizer-nos que o esforço vale a pena.

Eu cá vou bem, não me dói demasiado.
Só dava o que tenho pra ver alguém do meu lado.

O que ontem foi
hoje tu já não consegues mudar.
Porque continuas a tentar?
Dá-te gozo imaginar aquilo que seria teu
se tivesses feito o que não fizeste,
e o que serias se não fosses o que realmente és?

Eu cá vou bem, não me dói demasiado.
Só dava o que tenho pra ver alguém do meu lado.

Se forem a Lisboa, a Lurdinhas demite-se!



Alegremente cantando e rindo vamos

Nuno Prata
in, Todos os dias fossem estes/outros

Vamos cantando e rindo, alegremente.
Constatamos: borramos o mindinho.
É insignificante o preço para que nos aprovem o caminho.

Vamos cantando e rindo. Alegremente
deixando que a merda nos chegue ao umbigo.
Não há perigo, não há perigo — estão aqui muitos comigo.

Vamos cantando e rindo, e eu acho isso lindo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso tão lindo.

Vamos cantando e rindo. Alegremente
deixando que a merda nos chegue aos ouvidos.
E é impressionante… Como é que eu ainda respiro?

Vamos cantando e rindo. Alegremente
enterrados na merda que nos impingem.
É o nosso destino. Não se contraria o destino…

Vamos cantando e rindo, e eu acho isso lindo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso tão lindo.

E ainda cantamos. E ainda cá estamos.
E ainda servimos por mais alguns anos.

E ainda cantamos. E ainda nos rimos.
E ainda ficamos por mais alguns anos.

Novas Manhãs

Música: Raul Marques
Letra: Edgar Z
in, Ligações Perigosas

Hoje eu acordei e olhei em volta
Na rua não vi marcas de uma manhã
Nem a rádio deu as dez

Não ouvi o som, que é do pós madrugada
Salto da cama ao ver a razão
Sei que há manhãs para nós.

Hoje eu vi o chão, é como esta cama
Amar não é mais que outra forma de amar
Tende a ser igual

Ver-te ao acordar sem achar que és o dia
Mesmo se a noite é plena de amor
Há novas manhãs para nós.

Para dar o que eu sou com sabor a paz
Que a manhã seja calma e nunca mordaz
Para dar o que é meu sem cobrar depois
É melhor acordar

E então dormir
Termos sonhos a dois
Quando for de manhã
Nada perde o seu brilho.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Eu para Presidente! :-)



E A ONU, DROGA-SE?

Fernanda Câncio, in DN


Perguntadas, a maioria das pessoas responderá que uma droga é uma substância proibida que faz mal à saúde. Algumas talvez acrescentem que altera a percepção. A primeira definição - proibida - é porém a mais imediata e assertiva. E, naturalmente, proibida igual a má. A mesma lógica, aplicada ao contrário, resulta naquilo que esta semana fez parangonas. A saber, o facto de um estudo da Cruz Vermelha portuguesa (CV) sobre o consumo de álcool entre os jovens ter concluído que estes não têm consciência de que o seu consumo faz mal e à pergunta "o álcool é uma droga?" responderem negativamente.

A única coisa espantosa neste estudo é ter espantado alguém. Há 10 anos, foi manchete do DN um inquérito europeu sobre consumo de substâncias estupefacientes e psicotrópicas por estudantes dos 13 aos 15, efectuado sobretudo com o objectivo de aferir do consumo daquelas a que se costuma dar o nome de "drogas", e que evidenciava um brutal consumo de substâncias legais (além do álcool, barbitúricos) face ao diminuto consumo das ilegais. Especialistas entrevistados falavam de um consumo "toxicómano" do álcool pelos miúdos - a ingestão acelerada, com o objectivo de atingir o estado etilizado. O paradoxo prolongava-se no irrisório investimento no combate ao consumo e à dependência do álcool, um milionésimo do gasto no "combate à droga" - assim permanecendo, 10 anos depois.

Aliás, ainda não se logrou sequer proibir o consumo de álcool a menores de 18 (que não passou à primeira nem à segunda, fixando-se nos 16, e com os efeitos práticos que o estudo da CV dá a ver), nem interditar anúncios a álcool na TV. Em contrapartida, a proposta, em 99, de transformar o consumo de drogas - as tais substâncias proibidas - de crime em contra-ordenação foi o fim do mundo. A medida acabaria por ser aprovada (vigora desde 2001) mas a discussão sobre as reais diferenças e semelhanças entre o que é comummente considerado "droga" e substâncias legais e aculturadas como o álcool e o tabaco nunca arrancou. A maioria dos pais ficará em choque se descobrir que o seu rebento adolescente deu uma passa num charro de haxixe mas até acha graça a vê-lo chegar entornado de uma noitada com amigos - especialmente se for rapaz. Pouco importa que o álcool (para não falar do tabaco) tenha uma mortalidade e uma morbilidade associadas infinitamente superiores às do haxixe: se há substâncias proibidas e o álcool não é proibido, não pode ser assim tão mau, certo? A lógica é inatacável e a irresponsabilidade deve ser assacada a quem há décadas aprovou uma listagem de substâncias proibidas e inventou o conceito circular e estulto de droga como algo que faz mal porque é proibido, invertendo a ordem da prova e diabolizando umas substâncias em benefício de outras. Mais precisamente, as Nações Unidas (para quem não sabe, a proibição de consumo, produção e venda das substâncias conhecidas como drogas foi decidida em três convenções da ONU, entre 1961 e 1981). Caso para perguntar que droga marada andaram a tomar, e como é que ainda ninguém ficou sóbrio.|

Eject



quarta-feira, outubro 22, 2008

segunda-feira, outubro 20, 2008

Vamos Brincar À Caridadezinha

José Barata Moura

Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha

A senhora de não sei quem
Que é de todos e de mais alguém
Passa a tarde descansada
Mastigando a torrada
Com muita pena do pobre,
Coitada

Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha

Neste mundo de instituição
Cataloga-se até o coração
Paga botas e merenda
Rouba muito mas dá prenda
E ao peito terá
Uma comenda

Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha

O pobre no seu penar
Habitua-se a rastejar
E no campo ou na cidade
Faz da sua infelicidade
Algo para os desportistas
Da caridade

Não vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e a falsa intençãozinha
Não vamos brincar à caridadezinha.

Erradicar a Pobreza



Quem me dera ser só da cintura para cima


sexta-feira, outubro 17, 2008

LEVANTA-TE E ACTUA!






Dia 17 de Outubro é o Dia Mundial para a erradicação da pobreza e, à semelhança do ano passado, espera-se que volte a ser um grande momento de mobilização a nível nacional e internacional.

Em 2007, mais de 43 milhões de pessoas levantaram-se para exigir aos líderes mundiais que cumpram as suas promessas para acabar com a pobreza e desigualdade. Portugal contribuiu com mais de 65 mil vozes nesta iniciativa. Este ano precisamos da tua ajuda para bater um novo recorde e a enviar uma mensagem ainda mais forte para os nossos governantes.

Estamos a meio caminho de 2015, ano que marcará o final do período para alcançar os Objectivos do Milénio. É urgente “Levantarmo-nos e Actuarmos”, para que os governos honrem os seus compromissos. Tal só acontecerá se tomarmos uma posição clara.
Esta data representa uma excelente oportunidade para mobilizar a sociedade civil a actuar contra a dura realidade da pobreza extrema. A cada dia que passa, 50 mil pessoas morrem de pobreza extrema e a desigualdade entre os ricos e pobres não pára de aumentar. Aproximadamente metade da população mundial vive em situação de pobreza!

Lançamos o convite para que em Portugal todos e todas, individualmente ou em grupo, se levantem, literal e simbolicamente, entre os dias 17, 18 e 19 de Outubro, como forma de protesto.

Divulga esta acção pelo teu grupo de amigos, família, escola, empresa, local de culto, grupo cultural ou desportivo... Não fiques sentad@... ACTUA!

quinta-feira, outubro 16, 2008

O mundo ao contrário



Sem comentários



O Juízo Universal

Manuel António Pina, in JN


Afinal o fim do mundo não começou no buraco negro que o Grande Colisor de Hadrões ia gerar algures na Suíça, começou no buraco negro gerado na Wall Street pela colisão das expectativas dos especuladores financeiros com a realidade, que está a engolir bancos e países, boas intenções e intenções nem por isso, teorias económicas e terceiras vias políticas.

Já se sabia desde "Il Giudizio Universal", de Sica, que as pessoas reagem de diferentes modos ao Dilúvio: há quem compre a alma, quem compre galochas, quem venda guarda-chuvas e quem aproveite os últimos minutos em orgias apocalípticas nos andares altos. Os executivos da AIG são deste tipo. Mal receberam 85 mil milhões dos contribuintes para manter a empresa (a quem milhares de americanos confiaram os seus fundos de pensões) à tona, juntaram-se num fim-de-semana num "resort" de luxo da Califórnia onde investiram 440 mil dólares em jantaradas e spa. Segundo a ABC News, boa parte do investimento foi aplicado em manicures e pedicures. Provavelmente para embonecar a "mão invisível" que se diz que auto-regula o mercado. E, já agora, o pé.

Experiência



quarta-feira, outubro 15, 2008

...e o tarado sou eu!

Jorge Prendas, in Vozes da Rádio.


Já aqui mantive um aceso debate sobre o escutismo. Na altura a Media Markt publicitava as suas máquinas de lavar roupa colocando um escuteiro em defecação no tambor da dita máquina. O corpo nacional de escutas indignou-se e eu lá tive que comentar a indignação e a defecação. A indignação não terminou (ao contrário da defecação) e passou depois para os comentários do esgalhanço. Fiquei a saber, pela escrita de leitores, que o escutismo é uma escola de vida.
Pois bem, o meu querido amigo João Silva, às voltas com o doutoramento em Newcastle, enviou-me a prova dessa tal escola de vida. Aliás, o João tem-me mandado material suficiente para escrever 20 esgalhanços por dia. É genial o que se passa no mundo e não damos conta. Obrigado João.
Ora, para quem não domina totalmente a lingua do príncipe com orelhas de burro, o que aqui se mostra são dois jovens, que nem púberes são, na cruzada pelo rastreio do cancro da mama. No alto dos seus doze anos, estes dois meninos que mais parecem da polícia montada do Canadá, são especialistas na apalpação mamária e andam envolvidos numa campanha, explicando e incentivando mulheres ao rastreio.
Devo dizer que a acção em si é mui nobre, útil e merece todo o meu apoio e respeito. Infelizmente já não irei a tempo para entrar num exército destes, espalhando de forma táctil todo o meu saber e a minha dedicação. Fica agora, com quarenta anos, o meu lamento pelo facto dos meus pais não me terem proporcionado esta experiência de vida, feita de vales e montes. Até porque, e segundo a minha santa mãe, ainda eu nos meus dois anos e já a visão de qualquer decote provocava em mim um frenesim enorme e um entusiasmo incontrolável. De tal maneira que repetia excitadíssimo: bolas, bolas, bolas...




terça-feira, outubro 14, 2008

Próximo...

António Lobo Antunes, in Visão


Espera-se para tudo, somos feitos não de carne, de paciência, se calhar já nascemos com um papelinho na mão. Retire aqui o seu bilhete e aguarde a sua vez. Aguardo a minha vez. Desde que me conheço que aguardo a minha vez.

Costuletas há salsicheiro

Jorge Prendas in Vozes da Rádio

Tenho um fascínio especial pelos erros de escrita com que habitualmente choco. Os mais bonitos são, sem dúvida, os das ementas.
Esta semana, na mesma casa de pasto, ali para Matosinhos, consegui ler costuletas há salsicheiro, batatas cuzidas e panados rechiados. Infelizmente não consegui tirar a fotografia desejada, porque a ementa não fica a jeito da máquina... ou melhor, ao tirar a foto poderia arriscar-me a ficar para sempre impossibilitado de ver coisas tão lindas como estas.
Mas voltando às ementas e à restauração em geral, nunca me esquecerei da placa de Lavavos num restaurante que frequentei várias vezes na beira alta. Ou a lousa gigantesca que vi há umas semanas atrás no exterior de um restaurante: Rozões. Tive que ler várias vezes e com sotaque, para perceber que o prato do dia era Rojões à Moda do Minho. Desta, tenho foto... não posso é colocá-la hoje aqui porque... não vos interessa... arrumações em curso aqui pelo escritório...
As sobremesas são no entanto o toque de Midas dos desvios ortográficos. A culpa é dos nomes estrageirados de algumas das nossas iguarias. Quem já não viu uma Babaruase? ou uma maravilha, que uma vez comemos nos arredores de Lisboa, de nome Pavarote? Depois, há tantos grafismos para a mousse que já nem a Academia de Letras deve saber qual a forma mais correcta de escrever o nome deste doce. Por escrever doce... doçe também é um clássico já como qualquer palavra em que o cê preceda um e ou um i. Até na televisão do serviço público se pode ler legendas como Françês.
Os exemplos são inesgotáveis. Tenho tirado algumas boas fotos, que fazem já uma bela colecção. A que deixo hoje aqui diz-me muito. Foi tirada em Serralves, naquela maratona do último fim-de-semana de Junho, e nem o ar culturalmente saudável da Fundação escondeu a Percursão. Este erro, que também já vi em capas de discos (onde as percursões são tocadas por percursionistas), foi um dos mais horríveis que já vi... não nesta situação em Serralves, mas na Universidade de Aveiro, onde pela primeira vez me confrontei com a anormalidade. No departamento de Música e na porta da sala de percussão lá estava em letras gordas e vacais: Sala de Percursão! E não houve durante muito tempo, besta que chegasse ali e arrancasse o erro...




As 2 faces



O Festim



Zé Carlos nº 2



Humor Negro



sexta-feira, outubro 10, 2008

Perguntas ao PS


O PS (para quem possa pensar que significa Partido Socialista, esclareço que o S é de Socrástico), prepara-se para chumbar hoje na Assembleia da República, os projectos do PEV e do Bloco de Esquerda, sobre casamentos homossexuais, afirmando estar de acordo, mas achando não ser a altura certa.

Inspirado na rábula CarJaquim dos Gato Fedorento, eis as minhas perguntas ao PS:

É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
Ufff!
Urgh!
Humm!
Ahhh!
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
Ufff!
Urgh!
Humm!
Ahhh!
E agora?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
Ufff!
Urgh!
Humm!
Ahhh!
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É a altura?
É A ALTURA, FODA-SE?!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Guilherme Rietsch Monteiro