in, Abrupto
Há uns filmes de terror em que alguém está numa sala que vai começando a ser invadida por água. A água vai subindo e a pessoa vai lutando para manter a cabeça à tona. Até que o tecto da sala se aproxima inexoravelmente e fica apenas aquele movimento desesperado de encontrar a última película de ar que sobra. Umas vezes há salvação, aparece o herói, outras, se o filme de terror é a sério, a imagem seguinte é o corpo a boiar sem vida.
Os portugueses começam a perceber que estão num filme deste género. Qualquer noticiário lhes diz aquilo que verificaram no supermercado, na bomba de gasolina, no transporte, na conta do fim do mês, na prestação da casa: os preços estão a subir como a água do filme de terror. Com eles, as dívidas, porque a facilidade traiçoeira do crédito do consumo está presente na sala, como se acrescentássemos ao perigo do afundamento, o de um tubarão qualquer que dá voltas, ao lado. É overkill, mas é mesmo.
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