sexta-feira, maio 30, 2008

Ricardo Araújo Pereira a Presidente em 2016!

Ricardo Araújo Pereira, in Visão


Agora que terminou o campeonato nacional de futebol, o povo português pode enfim concentrar-se naquilo que verdadeiramente importa: o campeonato europeu de futebol. O facto de a competição se disputar, desta vez, no estrangeiro, não nos isenta do dever de, num acto prenhe de patriotismo, voltarmos a engalanar as nossas janelas com as melhores bandeiras portuguesas que se fabricam em território chinês. Em 2004, o professor Marcelo incentivou os portugueses a desfraldarem bandeiras nacionais por essas vidraças afora, de modo a mostrar a toda a gente o orgulho que nós, enquanto povo, temos em fazer compras nas lojas dos trezentos. Desta vez, se me permitem, gostaria de me adiantar ao professor Marcelo numa proposta de elevado valor patriótico. Saliente-se que o faço por simples amor ao País, e não por querer ser Presidente em 2016. A minha sugestão é a seguinte: além da bandeira nacional, ornamentemos os nossos parapeitos com um busto da República e uma fotografia do Cavaco. Nada contra a bandeira, que é bonita e ondula ao vento como ninguém (melhor do que o busto, por exemplo), mas desbota depressa e tem tendência para esfiapar ao fim de uma semana ou duas.

Já o busto, que é de gesso, resiste melhor à intempérie. Além disso, como a República tem um seio de fora, entusiasma um pouco mais (com todo o respeito para com a esfera armilar, também ela muito sensual, à sua maneira). A fotografia do Presidente, além de completar este ramalhete patriótico, contribui para espantar os pombos, inibindo a passarada de debicar a bandeira e de se empoleirar no busto.

Confesso que ficarei muito triste se o povo português, que aderiu tão maciçamente à proposta do professor Marcelo, não fizer caso da minha só porque é um pouco mais onerosa e, em certa medida, parva. Mas a desilusão será mitigada pelo facto de o País já estar completamente empenhado no Euro, e com razão.

O Público de segunda-feira trazia uma interessante reportagem que juntava especialistas em futebol, como Humberto Coelho ou Bruno Prata, e completos leigos que pouco ou nada sabem sobre bola, como José Diogo Quintela ou Artur Jorge. Afinal de contas, já só faltam 23 dias para o jogo de abertura. Não temos muitos dias para iniciar a nossa preparação, enquanto adeptos. Em meados de Junho, teremos de estar com os níveis de patriotismo no ponto certo para apoiar os jogadores da selecção nacional e suportar com denodo a desilusão que eles vão proporcionar-nos desta vez. Todo o tempo é pouco.

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