Cala-te e come, tu não precisas de indagar a direcção.
Cala-te e come, tu não tens necessidade de reter tanta informação.
Cala-te e come, já não és novo, vê se prestas atenção.
Mas acalma-te e come que não tens ainda idade para morrer do coração.
Cala-te e come, passaste ao largo da tua revolução.
Cala-te e come, há muito que chegaste a essa conclusão - ou não.
Cala-te e come, e limpa-te ao guardanapo que é essa velha frustração.
Mas acalma-te e come, foste capaz de tomar a tua própria indecisão.
(Cala-te e come, come-te e cala, cala-te e come.)
Cala-te e come, senta-te, e entretanto liga a televisão.
Cala-te e come, corre os canais à procura de distracção.
Cala-te e come, que a angústia vem sempre que persegues acção.
Mas acalma-te e come, assim prostrado nem dás conta dessa estúpida aflição.
Cala-te e come: comer e calar é mais que uma obrigação.
Cala-te e come, esse menu é a derradeira refeição.
Cala-te e come, agradece, será que não te deram nenhuma educação?
Homem, acalma-te e come, não te canses, guarda para ti a tua inútil opinião.
(Cala-te e come, come-te e cala, cala-te e come.)
Cala-te e come, tu não precisas de indagar a direcção.
Cala-te e come, tu não tens necessidade de reter tanta informação.
Cala-te e come, tu não precisas de passar fome.
Cala-te e come, deita-te e dorme.
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