E vens tu com um sorriso
Como se fosses um amigo
Mascarado no teu brilho
A tua alma não a sinto
Queres ter o dedo no gatilho
E matar o teu próprio filho
Roubar o teu povo rico
Tu queres viver sozinho
Queres levar a emoção
Manipular a sensação
Censurar a paixão é opressão
Não vai ser assim
Isso não serve pra mim
Eu hei-de resistir em pé na luta até cair
E vens tu com o teu discurso
Mais um esforço é preciso
Metes a mão no meu salário
Viras o mundo ao contrário
Crias pobreza pra teu proveito
Queres um povo enfraquecido
Distraído, preocupado
Alienado ao teu estado
Tudo o que temos vai pró teu bolso
Comes a carne, deixas o osso
Estás metido até ao pescoço
És o culpado
Não vai ser assim
Isso não serve pra mim
Eu hei-de resistir em pé na luta até cair
Fazes a demagogia
Eu faço a revolução
Devolve-me a nação
Queres levar a emoção
Devolve-me a nação
Queres levar a sensação
Devolve-me a nação
Mascarar a visão
Devolve-me a nação
Censurar a paixão
Devolve-me a nação
Angra do Heroísmo, 22 de Junho de 2011
Para além das aventuras vocais nos Xutos & Pontapés, Kalú tinha-se já aventurado no projecto "Voz & Guitarra". Aqui, acompanhado por Nuno Rafael, a sua versão de "Charlatão", de autoria de Sérgio Godinho e José Mário Branco. A título de curiosidade informo que para cumprir os requisitos do projecto, apenas voz e guitarra, Kalú recorre ao uso de botões para fazer percussão.
Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão
No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga
No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas
P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Já não sei
Que mais posso fazer
O que devo dizer pra entender
Já tentei
Esperar o amanhecer
Ver o sol nascer
Pra me conhecer
Baixo as armas, tiro o escudo e o mundo
Às vezes eu preferia ser surdo ou mudo
Os dois ou nenhum
Apenas ter o meu espaço
E o vento, e o meu traço, desembaraço
Que posso dar pra te chegar?
(já não sei, eu não sei)
O que hei-de falar pra te alcançar?
(já não sei, eu não sei)
Um dia eu vou encontrar
Nem que seja a cantar por ti
E nesse dia saberei como cheguei aqui
Depois do fim vem um início
Eu vou recomeçar
O espelho sorri pra mim
Vai ser hoje
Eu vou longe
Acredito que sim
Parece tão fácil
É um assunto frágil
Como a flor que dá vida ao jardim
Quero falar, não me sai a palavra
Eu quero expulsar a sensação amarga
Que mata e corrói!
Que agarra e que dói, só destrói
Gostava de ser um herói
Que posso dar pra te chegar?
(já não sei, eu não sei)
O que hei-de falar pra te alcançar?
(já não sei, eu não sei)
Um dia eu vou encontrar
Nem que seja a cantar por ti
E nesse dia saberei como cheguei aqui
Depois do fim vem um início
Eu vou recomeçar
Letra: Vasco Ferreira
Música: Kalú
Kalú: Voz, bateria percussão e coros
Nuno Lucas: baixo
Marco Nunes: Guitarras
A minha participação sobre Comércio Justo no programa Bypass do Rádio Clube Português, conduzido por Ana Sereno a 21 de Fevereiro de 2008.
olha a lua partida ao meio
de tão baixinha que está
quase leva as copas das árvores
e o cabelo dos homens altos.
se eu fosse muito guloso
comia esta lua em forma de queijo.
olha a nuvem, a nuvem branca
quer tapar o nosso queijo
nuvem gorda e sem vergonha
invejosa da luz da lua.
tu já viu que esta noite não tem vento?
olha a lua partida ao meio
se eu pudesse sentava nela
e ficava espiando a terra
e me via olhando ela!
Ele passou por mim e sorriu,
e a chuva parou de cair,
o meu bairro feio tornou-se perfeito,
e o monte de entulho, um jardim.
O charco inquinado voltou a ser lago,
e o peixe ao contrário virou.
Do esgoto empestado saiu perfumado
um rio de nenúfares em flor.
Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!
No metro, enlatados, corpos apertados
suspiram ao ver-me entrar.
Sem pressas que há tempo,
dá gosto o momento,
e tudo mais pode esperar.
O puto do cão com seu acordeão,
põe toda a gente a dançar,
e baila o ladrão,
com o polícia p'la mão,
esvoaçam confetis no ar.
Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!
Há portas abertas e ruas cobertas
de enfeites de festas sem fim,
e por todo o lado, ouvido e dançado,
o fado é cantado a rir.
E aqueles que vejo, que abraço e que beijo,
falam já meio a sonhar,
se o mundo deu nisto e bastou um sorriso,
o que será se ele me falar.
Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!
Sou a mariposa bela e airosa,
que pinta o mundo de cor de rosa,
eu sou um delírio do amor.
Sei que a chuva é grossa, que entope a fossa,
que o amor é curto e deixa mossa,
mas quero voar, por favor!
Eu hoje acordei de todo
Estou que nem me posso ver
Sinto atear um fogo
Um ódio assim de morrer
Deixo a barba por cortar
E o cabelo em desalinho
Por favor não quero estar
Fechado em casa sozinho
Eu vou até onde os sonhos vão
Bem longe da razão
Eu vou até onde os sonhos vão
Bem perto da paixão
Dão-me ganas de partir
Fazer-me à estrada, eu sei lá
Mas não sei se quero ir
Ou se não quero é estar cá